terça-feira, julho 31, 2007

Tempos de chumbo

O Novo Press - instituição por quem tenho o maior apreço e cuja leitura não dispenso - resolveu (numa perspectiva louvável) dar umas pinceladas na história da "Aginter Press". Quanto a mim, foi induzida em erro (grave) recorrendo a fontes muito pouco informadas e bastante manipuladas.

Acho que nos cabe a nós (os velhinhos) repor um pouco a verdade.

Mas voltemos (por uns instantes aos anos 60/70 do século passado). Um pouco por todo o mundo assistia-se a um combate aceso entre os nacionalistas e os comunistas.

Os soviéticos nunca (mas mesmo nunca) deixaram de ter em vista o facto de as únicas pessoas que lhes poderiam fazer frente (com armas e vontades iguais) eram os nacionalistas. Os patetas alegres ou tristes da democracia não os incomodavam por aí além. Quem não se recorda da expressão "better red than dead" que poluía os ambientes europeus dos anos 60 (e exarcebado com a guerra do Vietnam). Mas este assunto não cabe (em espaço) neste postal.

Todos aqueles que passaram por organizações militantes revolucionárias de direita ou de esquerda sabem de experiência própria que muitas vezes(mas mesmo muitas) eram utilizados (ou melhor dizendo manipulados) por serviços ditos secretos de diversas potências mundiais. Aliás essa organizações existiam para fazer (de outro modo) coisas que legalmente os governos não poderiam fazer. A história dessas situações é longa e conhecida. A inocência e voluntarismo desses militantes era muitas vezes aproveitada pelos serviços para alcançarem os fins que pretendiam (e gastando muito pouco dinheiro). A rede gládio é um exemplo. A utilização de um Lobo Cinzento para "fazer" o Papa João Paulo II é outro. Mas também poderíamos falar de Portugal (talvez um dia...).

Adiante. Em Portugal existia uma organização - a Voz do Ocidente - que difundia radiofonicamente através da Emissora Nacional a propaganda externa do Governo de Portugal. Por ela passaram grandes (enormes) vultos do pensamento europeu. Lembro-me, sem qualquer tipo de seriação, de Jacques Ploncard d'Assac, Henri Massis, Umberto Mazzoti e tantos e tantos outros. Com ela colaborava também o muito nosso Luís Fernandes.

Com a guerra do Ultramar no seu auge (e face à propaganda massiva da esquerda europeia)surge nos gabinetes do Quelhas a ideia de criar uma agência de informação que difundisse as notícias junto das centenas de publicações nacionalistas europeias. É em Setembro de 1966 que é criada a Aginter Press. (agência noticiosa). A sua sede era em Lisboa na zona da Lapa, na casa do Comandante Valentin, oficial petainista que buscou rfúgio em Portugal e que cedeu gratuitamente as instalações.

Pois boas contas faz o preto ... Logo muita gente viu as possibilidades dessa agência (que creditava nacional e internacionalmente jornalistas - disfarce muito usado em operações "discretas") e resolveu aproveitá-la (também) para outros fins.

Havia também um homem providencial em Portugal. Antigo quadro da OAS francesa, especilista em guerra de guerrilhas e clandestinidade e que formou nessas suas competências alguns militantes NR portugueses (essa especialização foi vital - uns anos depois - na luta contra a implantação de um estado comunista em Portugal). Além de mais (e não nos esqueçamos) havia uma solidariedade bem significativa e não bem organizada da comunidade nacionalista à escala internacional. Essa solidariedade estendia-se pela Europa, América Latina e mesmo Ásia. Também para ser uma organizador colectivo (no sentido das palavras de Lenine) a Aginter Press serviu. Existia na altura a WACL (Liga Mundial anti-comunista) que também tinha esse papel mas cheirava muito a americano...

Existia em Portugal a chamada "PIDE/DGS" cujas funções para além das mais conhecidas desempenhava funções de espionagem e contra espionagem (e operações encobertas, é claro) viu as potencialidades da AGINTER para todas essas actividades. Também a usou e de que maneira. Algumas das mais bem sucedidas infiltrações da nossa espionagem nos nossos inimigos africanos foram gizados na Aginter Press.

É isto (grosso modo) o que se pode dizer da Aginter. Nunca foi uma organização de mercenários ou coisa parecida. Muito da melhor gente que havia na Europa e América Latina por lá passou.

Os arquivos da Aginter foram dos primeiros a cair com o 25. Houve diversas tentativas de os neutralizar, mas desde os primeiros dias do golpe que a referida casa estava vigiada à espera de quem lá fosse. Só que os vigilantes eram (mesmo) muito pouco sabidos.

E não confundamos uma organização deste teor com as pretensas organizações de Skorzeny, Odessas e outras a que a propaganda do sistema recorria sempre que precisava.

Sobre o assunto e tanto quanto me recordo pode procurar-se nas hemerotecas um artigo publicado no Expresso (algures por Maio/junho de 1974) que relatava a vida desta agência e publicava alguns documentos apreendidos (por exemplo a ficha do Luís Fernandes) e falava também da importância da Dra Maria da Paz Barros Santos (outra grande combatente nacionalista muito, mas mesmo muito pouco conhecida)

domingo, julho 29, 2007

A minha passagem pelo MPP - 2

Chegamos pois à reunião dos Olivais contava pelo Dr. António da Cruz Rodrigues.

Fui a essa reunião acompanhado por uma jovem militante nacionalista Maria J. Só os dois e não com outra pessoa conforme relata ACR. Esse terceiro elemento e que tantos dores de cabeça deu a tanta e tanta gente apareceu depois (por sua iniciativa?). Conhecia-nos bem aos dois "jovens" e conhecia alguns dos membros presentes do Vector por já ter estado nos diversos cursos de Fátima.

Avisei lealmente ACR que colocava a mão no fogo por Maria J.(sic). Se ele não percebeu o resto não tenho culpa.

E quem era a nossa menina? Era uma militante da por mim chamada "terceira grande vaga" de recrutamentos dos movimentos nacionalistas desde os anos 60. Foi recrutada pelo Luís Fernandes para o seu Movimento Vanguardista. Participou nos cursos organizados em Sintra, Troia, etc.

Aluna de Belas Artes a sua forma de vestir e comportar era muito própria dos das Belas Artes e pouco normal na Lisboa (na época) muito conservadora. Filha e sobrinha de grandes vultos culturais da nossa gente, militava com empenho e alma.

Namorava com um militante da "primeira vaga" o E.(com quem veio a casar-se) que se encontrava em Moçambique. Maria J. tinha-me em grande estima e na ausência de Luís Fernandes (a acabar a comissão em Moçambique) acabou por se encostar politicamente a mim. E se eu ia para o MPP ela também ia. Ponto final. Aliás Maria J. também tinha colaborado comigo e outros camaradas no projecto "Unidade" que desenvolvemos em Moçambique em 1972/73 (e que tão essencial foi no 7 de Setembro, conforme revelarei na altura apropriada.

Neste postal só falarei de Maria J. (aliás ACR nunca a critica na história que conta no seu blogue). Dedicou-se a 100% ao MPP, e até ao famoso cartaz deu tudo o que tinha pela causa. Aliás o dinheiro necessário à execução do referido cartaz surgiu resultante de um donativo do Banco Espírito Santo. Para esse dinheiro sair legalmente do Banco foi feita uma livrança (num valor de largas centenas de contos). Essa livrança foi emitida em nome da Maria J.

Disso não fala ACR. E porquê? Porque depois da nacionalização os novos banqueiros vieram exigir as massitas à desgraçada da Maria J, visto a livrança ser em seu nome. De nada valeu ela ter contado a história. Foi tudo para Tribunal. E ACR não mexeu uma palha (ao que sei).

É, pois esta injustiça face à Maria J. que eu quero corrigir na história "oficial" do MPP.

É verdade também que eu pouco (muito pouco) militei no MPP - tinha coisas mais importantes a fazer. É verdade também que Maria J. vendo a minha "apatia" se "agarrou" politicamente ao outro personagem de que ACR nos fala.

Quando surgiu o cartaz aí a Maria J. afinou e afinou mesmo. Que horror. Que disparate, etc. Todo o seu empenho caiu como um castelo de cartas. O "outro" bem a entusiasmou, mas nada. Por isso não é de espantar que quando da reunião de Agosto em que ACR força a demissão dele, Maria J. tenha aproveitado para sair (não por solidariedade como CR julga, mas por descrença no movimento).

Quanto à nossa menina estamos falados. Em postal posterior falarei do "outro", o "mau da fita" - quem deu cabo da cabeça a muita, muita gente.

sábado, julho 28, 2007

Os Mestres Cantores ou os mestres pintores?



O impensável aconteceu. Sob os fortes aplausos da nomenclatura (Durão Barroso e Angela Merkel) e os apupos ensurdecedores do público presente e que pagou os seus bilhetes, realizou-se na Baviera a 96ª edição do Festival Wagneriano de Bayreuth.
Katharina Wagner descendente (degenerada?) do Compositor "encenou"???? os Mestres Cantores de Nuremberga, a obra mais "nacionalista" de Wagner. As palavras de Hans Sachs no final da ópera "a arte preserva a nação no momento do perigo" foram repetidas vezes sem conta nos anos de 1943/44 em Bayreuth até os Aliados terem decidido acabar com Bayreuth, bombardeando de propósito o Teatro ( e depois venham-me falar da superioridade moral e cultural deles, que eu rio-me à gargalhada).

Bem da "encenação" feita pela bisneta de Richard consta de uma tentativa de reescrever a ópera. Desde a destruição em palco das estátuas de grandes vultos da Cultura Alemã (Bach, Dürer, Goethe, Schiller e do próprio Richard Wagner) até enormes mãos com o terceiro dedo erguido e o 2º e 4º recolhidos há de tudo. Os "mestres cantores" passaram a "mestres pintores". Os figurinos "modernos" com eles e elas meios "abichanados" em calções de licra e com gestos adamados,e, um "deboche" de pintura e nudez do segundo acto fizeram parte da nova "versão". Ou seja no templo de Wagner - Bayreuth - reinou o diabo.

Pobre de mim que critiquei Pinamonti pelos assassinatos de Wagner em S. Carlos. Pelo que se passou em Bayreuth só me apetece dizer, volta Pinamonti, estás perdoado!

É claro que "o deles" Durão Barroso aplaudiu. Outra coisa não seria de esperar!

Os democráticos ... e o Jud Süss


A Cinemateca de Lisboa tinha programado para o mês de Junho a exibição deste filme. Normal. A Cinemateca tem apresentado todo o tipo de filmes que fizeram história. Desde o Couraçado Pontenkin, ao Triunfo da Vontade, tudo tem lá sido exibido. Sem dramas nem contestação.

Sim mas agora os alemães (Ministério dos Negócios "dos" Estrangeiros)proibiram a exibição do filme em Portugal por ser anti-semita.

Ou seja e dito de uma forma mais comezinha. Uma Cinemateca quis exibir um filme e não conseguiu. A Alemanha não quis e proibiu.
Ou seja Liberdade 0 - democracia 1.
Ganhou quem comprou o árbitro!

Nota: o filme foi substituído nessa sessão pelo filme italiano "7 Dias de Glória", do Instituto Lucce, sobre a visita de Hitler a Mussolini. Ou seja uma boa estalada de luva branca!

Apostilha

Desde ontem que tenho sido bombardeado com perguntas. Quem era o Delfim? Que raio de tão secreto te encarregou o Rodrigo Emílio de fazer? ...

Bom é melhor responder senão o mail fica cheio.

O Delfim era um "camisa velha", de seu nome Delfim Fuentes Mendes. Antigo Jovem Portugal continuou sempre fiel na linha da frente onde sempre, mas sempre esteve. Depois deste episódio que contei e logo que soube que o MAP avançava não teve qualquer dúvida e aí passou a militar.
Com o 28 de Setembro teve de ir para o exílio (Madrid) onde comeu o pão que o diabo amassou. Soube-o a dormir nas escadas do Metro de Madrid (local mais quente em Madrid em dias de rigoroso inverno) repartindo com outros camaradas que aí se acolhiam para dormir os parcos alimentos conseguidos. Tudo num comunitarismo total.
Não tendo meios de subsistência teve de ir para o Brasil onde sei refez a sua vida.
A partir dos anos 80 deixei de saber fosse o que fosse a seu respeito.

Aliás sobre exílios (e os mais jovens nem sequer imaginam o que seja) recomendo a todos a leitura do "Rameau Vert" de Saint-Paulien. Nesse livro se fala do desespero dos exilados e das guerrinhas inter pares. Claro que falamos dos exilados franceses sobreviventes da Charlemagne em Espanha. Leiam e depois perceberão melhor.

Bom, ponto 1 arrumado.

Ponto 2: Não há nada de secreto. Apenas me encarregou de tratar uns assuntos com uns militares (que não os do mfa) e procurar uns apoios para uma futura e possível rede clandestina.

Nada de especial. Aliás eu de mim, neste blogue, quero falar muito pouco. O que fiz ou deixei de fazer francamente não tem interesse nenhum. O mais importante para mim é cumprir um dever de memória em relação à actuação do Rodrigo Emílio. Já o disse e repito. O papel de RE como revolucionário e militante é muito esquecido (até por ele que nunca o referia - achava que tinha apenas feito o que de si se esperava). Mas os mais jovens tem a obrigação de saber que ele foi muito (mas mesmo muito) mais que um Polemista, um Poeta, um Pensador. É só por isso que eu conto certas coisas.

Por exemplo: quantos de vocês sabiam que Rodrigo Emílio foi um dos fundadores do ELP e membro dos seus primeiros corpos dirigentes?

Que contes muitos... Bos



e nos encantes ainda mais.

Nota: o resto do bolo (que era grande) comemo-lo nós, os teus admiradores.

Ficas com este cantinho e já gozas. Mas também para um "hospitalizado" não está mal

sexta-feira, julho 27, 2007

Os tachos dos puros berloquistas



A imaginação ao poder? Não !!!!

O tacho ao poder !!!!

Depois da escandaleira dos 11 assessores do Zé berloquista na Câmara Municipal de Lisboa (sem nenhum pelouro atribuído!) veio hoje a público que o grupo par(a)lamentar dos "caviar chique" e tétés similares tem 26 assessores na AR, mais dois que o PC e mais 4 que o CDS.

Pior, pior são os do partido melancia (verdes por fora e vermelhos por dentro). Com 2 deputados (eleitos pela CDU) o PEV tem 12 assessores!

Enfim "PORTUGAL NO SEU MELHOR"

O pipi das botas altas,

ou o
Herói de Massamá, na fabulosa visão de Amândio César

O HERÓI DE MASSAMÁ

para o Rodrigo Emílio,
que ficou longe, na Ibéria



Desembainhou o pingalim
o palhaço que na arena, em que escudar-se,
agitava um escudo de plástico
que aureolava uma órbita vazia...

Há tanto tempo, já, que o não fazia!
Um novo golpe, fácil e fantástico,
mal lhe dera tempo pra fardar-se,
e apertar o cinturão e o talim! ...

Saiu à praça, negro de medroso:
raiava um novo dia,
a uma nova luz,
a nova esperança:
ser o herói desta aleluia
sem passar pelo martírio da cruz
onde a turbamulta com o seu ódio
alcança ...

Saiu à rua e sonhou de novo:
herói de monóculo, os dedos no talim,
botões luzentes, bota alta envernizada,
uma boa escolta, bem motorizada,
e nas mãos, histórico, o pingalim!

O ar entrou de rompante no seu peito
mal dando tempo a ajeitar o cinturão:
- Sou general, sou um centurião,
esta Torre e Espada veio a tempo e a preceito!

Com o canhão da manga limpou o nevoeiro
que embaciava a venera veneranda:
- Eu sou o redentor, o carisma verdadeiro,
hei-de, outra vez, arengar às turbas, da varanda
daquele Palácio de onde me correram
apaisando como cão rafeiro...

Bota alta e espora niquelada
camuflado ou com boné de pala,
à paisana, o castão prateado da bengala,
ninguém meu garbo, minha arrogância iguala!

Olhou as horas: estava em atraso o espectáculo
que lhe tinham preparado uma outra vez:
ignorava como era ou quem o fez,
apenas lhe importava o tabernáculo...

A ampulheta do tempo esfumava-se em areia
e sem jeitos a vitória prometida:
se cavalo já comera toda a aveia
e aguardava o selim e mais a brida.

E ele ali, a esperança enraivecida
enquanto o tempo sôfrego corria ...
E ele ali: a cidade vivia mais um dia.
Lá ao longe o Tejo para o mar fugia...

E nada. Nada de vitória
enquanto nervoso, apartava o boldrié:
três vezes colocou o dourado boné
aguardando a decisão inglória.

Mais uma hora e outra; ... e era o fim.
Seu falhado sonho de aventura era fantástico:
sobrava, apenas, um monóculo de plástico
e um mole e embainhado pingalim!

S. Paulo 11 III 1975
Amândio César
(do livro País em Fuga, ed A RUA, 1977)

Um videirinho...



Jesús Polanco, principal capitalista "vermelho" de Espanha morreu.

Como relata a anedota espanhola "O País (jornal El País) chora e a Pátria rejubila"

Também era dono da TVI.

O principl aliado do Zapatero lá pelas terras de Espanha. O grande manipulador, segundo rezam as crónicas.

Mas nem sempre foi assim. 1972. Aqui junto da nata da nata do franquismo (com quem então se relaccionava antes de se converter): Jesús Murillo Rubiera, director o Instituto de Estudos Políticos da Falange, a irmã de Manuel Fraga Iribarne, casada com Carlos Robles Piquer, que também aparece na foto e Ministro da Educação de Franco.

As nossas tropas, topas?



Ou "isto agora não é tropa, é quanto muito uma troupe" (RE)

Ou ainda

9 elementos da Força Aérea Portuguesa para colocar uma lâmpada.

Juro que não é a anedota dos alentejanos!

A minha passagem pelo MPP - 1

No postal anterior coloquei o "famoso cartaz" que o Dr. António Cruz Rodrigues tanto gabou na sua história do MPP.

E prometi que contaria hoje algumas coisas sobre o assunto. É isso que pretendo fazer.

Comecemos pelo princípio.

Os nacionalistas acompanhavam com grande atenção as movimentações dos militares pré - 25. Informação não faltava. Muito sabíamos e estudávamos todas as hipóteses que se colocavam em cima da mesa. Logo o 25 não foi para nós qualquer surpresa. A deriva marxista também não. Estávamos perfeitamente conscientes do que se iria passar e quais as consequências daqueles disparates que se estavam a passar.

Nos primeiros dias de Maio 74 após aquela conversa no Principe Real (com Rodrigo Emílio) que já relatei em postal anterior, foi decidido que eu assumiria umas determinadas funções e competências dentro da causa nacional. Para isso era essencial que eu mantivesse o chamada "baixo perfil". Não poderia desaparecer de todo (o que era muito pouco credível) mas deveria estar ligado a algumas organização "inócua" (no sentido revolucionário do termo) que me fizesse parecer um descrente, um medroso, etc. Ou seja um indivíduo sem ponta de perigo para os mfa.

A ajuda para a decisão surgiu da parte da "primeira infiltração" do sector mais radical dos tropozoários nas nossas fileiras. Dois, três dias depois do 25.

A referida "Mata Hari da treta" era uma espécie de Carolina Salgado da época. A mesma profissão inicial e tudo. Tinha tido um relacionamento muito sério (para ela) com um camarada muito valoroso e valioso. Foi sua companheira durante uns anos. Por isso a conheci bem. Mas Lisboa é um "penico". Tudo se sabe. Por volta dos anos 72/73 o referido camarada colocou ponto final na relação. Foi um fim de festa muito conflituoso. O perigo é que ela sabia muito, sabia de mais, quanto a mim. Lá a aturei umas vezes com queixas muito fortes do seu ex. Passados uns tempos (já em janeiro/fevereiro de 74) e numa visita a uma messe militar quem é que eu vejo: a "nossa amiga" bem enrolada com um oficial da marinha (dos do piorio). Ela não me viu. Soube na altura que os dois estavam numa relação bem activa. Muitos dos danos a nós causados (nomeadamente a queda da Aginter Press) no pós 25 a ela se devem (não tenho a menor dúvida).

Num dos primeiros dias em que estávamos a reorganizar-nos aparece a boa da pequena. Muitos beijinhos. Disponibilidade total para colaborar connosco contra os comunas, etc. Lembro-me bem. Estava junto de mim o Delfim (que também sabia da história). Logo vi ali uma oportunidade de ouro. Disse-lhe logo que eu não queria fazer nada, que aderia à nova situação, só combate ideológico e combate esse muito democrático, que já tinha perdido as veleidades da juventude, etc. Tudo isto era também confirmado pelo Delfim. Ela bem insistiu, disse saber onde estavam armas, e nós uma vez mais "horrorizados" com isso dissemos que não queríamos ter nada a ver com isso. Que o melhor era deitar tudo isso ao rio, etc... Caiu que nem uma patinha. (E não só... fomos tão convincentes que dois outros camaradas que nos escutaram lançaram logo a notícia que quer eu quer o Delfim tinhamos rachado...). Peguntei-lhe então se sabia de alguém que tivesse um projecto mais "de diálogo", mais "democrático", menos "conflituoso" que os federalistas que começavam a dar os primeiros passos. Logo ali me disse que o Dr. Cruz Rodrigues estava a movimentar-se, e que ele era o tipo de pessoa que se encaixava nos meus desígnios. Agradeci-lhe profusamente e nunca mais a vi. Ficou a espiar os da spinolagem. Deve ter pensado que eu não constituía qualquer perigo, que era mais um cobarde convertido, como tantos foram.

Daí o meu aparecimento na reunião dos Olivais que ACR descreve. (segue...)

quinta-feira, julho 26, 2007

Para a história do prec no prato



Cartaz do Movimento Popular Português (do Dr. Cruz Rodrigues) afixado em vários pontos do País antes do 28 de Setembro de 1974.

Falo deste Movimento porque quero relatar factos deste período e responder a uma "história" do MPP publicada pelo Dr. ACR no seu blogue.

Como é óbvio eu nunca, mas mesmo nunca, poderia sequer colar ou segurar num tal cartaz.

Mas a história é complexa e tem de ser muito bem contada. E eu vou contar o que posso e devo.

quarta-feira, julho 25, 2007

Relembrando Alfredo Pimenta


"Chamaram por mim? Pois bem, aqui estou e como sempre de cara descoberta!"

Esta frase define um Homem.

É a posição que distingue um meteco dum Cidadão.

Que todos nós a possamos cumprir!

Jantar de cabeças - ou a revolta de Jean Anouilh



"Em França jantam-se cabeças" frase amarga de Jean Anouilh na sua peça "Pauvre Bitos".
Ano 1956.
O grande dramaturgo descrevia nessa peça a hipocrisia das "moralidades" políticas post libertação, bem como a arte de destruir os seus inimigos ou meros adversários em jantares elegantes.
Subjacente, mas bem visível estava uma crítica à "Epuration" francesa.
Lá está toda a semelhança entre o terror da revolução francesa e o terror da libertação de 44 a 55.
Bitos, um procurador da república janta com os amigos. É um jantar de cabeças, de cabeças dos grandes revolucionários. Bitos será Robespierre.
É a oportunidade de Anouilh dizer tudo o que pensa dos "depuradores do final da 2ª GM".
O homem que tentou impedir o assassinato de Brasillach vinga-se aqui de De Gaulle e dos seus fans...

Um Rei fraco não pode ser um bom Rei



Charlotte Corday dixit.
E provou ser uma mulher de armas.
Sozinha conseguiu vingar os seus mortos, tirando a vida ao déspota Marat. Ano 1793. Dia 13 de Julho. Em pleno terror republicano em Paris.
"Para libertar a França de um Monstro".
Pouco tempo antes de subir à guilhotina (dia 17 de Julho - aquilo na época era muito rápido) escreveu a uma Amiga uma carta que terminava de uma forma assaz clara numa mensagem que nos pode servir - hoje em dia - a todos nós:

"Quando não se pode viver no presente, temos de nos refugiar no passado e buscar no Ideal da Vida tudo o que falta à sua realidade".

Chenier morreu por ela. O seu crime ter-lhe dedicado uma Ode poética. Os bons democratas são assim.

Lá vamos, cantando e rindo ...

Pergunta de algibeira:

Será que o Dr. José Miguel Júdice também fez "casting" na NBP para apoiar o Costa? E a Zézinha? E a mana que é a mulher do Presidente da CIP? E etc...

terça-feira, julho 24, 2007

Relembrando Joaquim Paço d' Arcos


25 de Abril de 1974

Duzentos capitães! Não os das caravelas
Não os heróis das descobertas e conquistas
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
à terra inteira (Ó esfera armilar. Que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos de sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora...
Duzentos capitães destes de agora, (Pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é dever de soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos e mestiços (Milagre português da nossa raça)
Ao extremínio feroz da populaça.
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de e scravos
Enterrado num caixão d'apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d' ignomínia...
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!

10 de Junho de 1975 (antigamente Dia da Raça)
Joaquim Paço d' Arcos

Quando a cabeça não tem juízo ...

... o contribuinte é que paga!

Não sou miserabilista.

Mas entendo que quer na vida pessoal quer na profissional tem de se dar o exemplo. Deve-se ser rigoroso. Em tudo, mas principalmente nos dinheiros.

Quando olho para a página de anúncios do Público e vejo o Ministério da Economia a publicar duas e três páginas completas de anúncios e todos eles são a quatro cores levo as mãos à cabeça. Sim porque a única coisa que leva ao aumento exponencial de custos dos anúncios é o escudo da república ser a cores.

Ontem ficámos a saber que o Ministério da Educação contratou 10 figurantes (sem idade legal para trabalhar) a 6 contos o bico a uma agência de trabalho infantil para perante o Licenciado em Engenharia Sousa e a Ministra fazerem uma apresentação do tal choque tecnógico aplicado às criancinhas.

Podem argumentar que estas verbas são "peanuts". Não vale a pena discuti-las.

Mas eu afirmo exactamente o contrário! Temos de dar o exemplo aos contribuintes que todo o dinheiro por eles pago é bem aplicado. Seja um cêntimo seja um milhão. Caso contrário todos pensarão (como pensam) que estamos somente a ser roubados para "eles" se governarem.

Outra pergunta: qual a moral dos inspectores de trabalho que vão ver se as crianças estão a coser sapatos no vale do Ave e depois topam 10 criancinhas a trabalhar (recrutadas pelo Governo, não se esqueçam...) na propaganda do Lic. Sousa.

Quem semeia ventos ...




... colhe tempestades.

Longo vai o desconcerto e descontentamento nas apropriadamente chamadas (por Rodrigo Emílio) forças alarmadas.

Habituados às benesses que lhes provinham da chamada "condição militar", bem como ao privilégio de uso e porte de armas a sério, os "nossos mimosos tropozoários" estão furibundos porque lhes estão a mexer nas carteiras. Marcelo Caetano pagou, e com língua de palmo, essa ousadia. Estes não vão pagar nada porque Soares meteu-nos na CEE para acabar com o perigo dos disparates militares (Soares dixit).

A Marinha, bem infiltrada desde os tempos da O.R.A. (Organização Revolucionária da Armada, do PC) e do Grande Oriente, e não tendo "missões de paz no estrangeiro" que enchem os bolsos da malta que voluntariamente se disponibiliza para o efeito, está a sofrer uma contestação cada vez maior.

Outro dia houve um problema bastante grave numa Corveta, navio de guerra já com algum poder de fogo. Os jornais nada disseram. Os do sistema também não. É um silêncio absurdo numa sociedade da informação. Porque será?

Outra pergunta oportuna.

Será que os militares não se aperceberam que a treta da condição militar já acabou e que hoje eles não são absolutamente nada?

Sim porque a "condição militar" foi (por eles) mandada às malvas e tudo continua igual (sem uma catarse e sem consequências).

Deviam ter pensado então nas consequências. Não o fizeram, aguentem e habituem-se!

segunda-feira, julho 23, 2007

Homenagem a Jean Mabire



A música é de Saga

Sempre Evola - Dedicado a um Amigo!


Na verdade, os Homens Novos deverão responder aos critérios apresentados por Évola:

- Anti-burgueses, porque desdenharão a vida cómoda;
- Anti-burgueses. porque terão uma concepção superior da vida, heróica e aristocrática;
- Anti-burgueses, porque não seguirão os que prometem vantagens materiais, mas sim aqueles que exigem tudo deles mesmos;
- Anti-burgueses, porque não terão a preocupação da sua segurança, mas sim porque amam a união essencial entre a vida e o risco!

Estamos "tratados", mal pagos... e com IVA ...



Parece que já está feito o Tratado da UE. Às escondidas, como convém.

Roma, Napoleão, Hitler e Estaline, entre vários, tentaram fazer a Europa unida (mas sem IVA...) Não conseguiram.

Estes querem o IVA e o tacho.

E não vale a pena pedir referendo em Portugal. Porquê? Vão votar 30% dos eleitores. O que eles querem é a "massaroca" que lhes garantem continuará a chegar (qual maná diário) lá de Bruxelas. Resultado, o pessoal votante (os dos interesses" ganham de certeza. Gastar energias com este combate é mesmo tempo perdido. Temos é que nos preparar para daqui a poucos anos quando o "maná" acabar e nós passarmos a pagar mais do que recebemos. Aí que vai ser o "diabo"...

"Eles" acabam por se descuidar...



Já dizia o Rodrigo. Um dia eles descuidam-se e confessam...

E não é que lendo o Público de 4 de Julho de 2007, página 43, se pode apreciar a seguinte confissão:

"A doutrina portuguesa de contra-subversão, formulada e executada com êxito nos anos 60 e 70 do século passado, ..., pode ser o enquadramento teórico dos procedimentos a adoptar".

Tudo isto referindo-se à guerra do Iraque.

Autor da peça: José Loureiro dos Santos. Ex- MFA, dos do 25 do 4.

Ou seja "eles" que diziam que a guerra estava perdida, patati, patatá ..., agora vem falar em êxito na Guerra do Ultramar...
Enfim...

sexta-feira, julho 20, 2007

Eu choro os meus mortos, porque os vivos os não mereceram


Foi aqui, em Bissau, no Forte Pim, que a partir de Outubro de 1974 os soldados portugueses de origem africana começaram a ser fuzilados (aos milhares) pelo bando de Luís Cabral e sus muchachos. Morreram porque foram leais à sua Pátria. Honra e Glória eternas.




Os Comandantes da milícia, Bacai Camará, Quebá Camará e Sitafá Camará.
Estes soldados agraciados com o prémio "Governador da Guiné" pelos serviços prestados, foram mortos em Bissorã (em Outubro de 1974) pelas tropas do PAIGC.

Mais tarde o senhor Luís Cabral veio viver para Portugal (e teve direito a subsídio e tudo...)

Isto de "sacar" já é antigo



Ou como ficar rico à conta dos papalvos...

Toda a esquerda festiva e a direita catita se declaram filhos das luzes, dos enciclopedistas.

Todos foram beber à Ilustração da "Enciclopédia" publicada por Diderot e d'Alembert.

Um pouco de história. Os grandes liberais e grandes defensores dos direitos do homem não tiveram pejo (ou vergonha) de "meter uma cunha" a Malesherbes, director da Censura da época, de modo a impedir a publicação de qualquer crítica à sua obra.

Também não tiveram problemas em solicitar a colaboração gratuita de uma série de redactores dos verbetes da Enciclopédia, ficando com todos os lucros da obra (e que não foram poucos...).

E isto para não falar dos pobres dos tipógrafos que na altura bem explorados eram.

Ou seja, olha para o que eu digo e não para o que eu faço... !

Se os Indios...



Ao rever esta "Caravana de Lágrimas" imagem que narra (melhor que mil palavras) a marcha forçada (e esforçada) das tribos índias para o deserto do Oklahoma, (hoje chamar-se-ia "limpeza étnica" - com direito a tribunal da onu e prisão perpétua...) veio-me subitamente à cabeça este pensamento:

"E se os Índios tivessem tido uma Lei de Nacionalidade e uma Lei de Emigração, como seria a História"?

Só que naquela altura quem quer que apresentasse semelhante proposta era imediatamente ostracizado.

E ainda dizem que a história não se repete!

De volta aos meus afectos


"As nossas sociedades estão esmagadas debaixo do peso das riquezas materiais, mas morrem de fome de pobreza espiritual."

Louis- Ferdinand Céline
L'Ecole des cadavres, Editions Denoel, Paris, 1938, p132.

quinta-feira, julho 19, 2007

terça-feira, julho 17, 2007

Estranhas associações de ideias ...

Sou melómano, acho que todos já o sabem.

Passo todos os dias por dois blogues que vos recomendo vivamente. O Suggia e o Crítico Musical.

Hoje encontrei esta pérola. Deleitem-se, como eu o fiz.

Há coisas estranhas. Lembrei-me de vos recomendar este blogue não sei bem porquê. Eu juro que estava só a apanhar ervas daninhas no jardim da casa quando me veio o Saramago à cabeça. Porque seria?

Quem havia de dizer. Eu já fui "hooligan"...

ou, o que o Amândio César me fez passar...

Mas eu conto.

Quem olhar para esta carcaça decrépita e adiposa em que me transformei nunca imaginaria que eu já fui um "hooligan desportivo". Mas a verdade é que fui. Confesso. Mas acho que por bons motivos.

Um dia (anos 63 a 65)estava eu no café Aviz numa alegre cavaqueira de tertúlia quando vejo entrar o Amândio César ofegante a pedir ajuda. Saímos todos (eramos uns 6 ou 7) e vimos o que se estava a passar.

No Monumento aos Heróis da Independência, nos Restauradores, um grupo de dezenas de adeptos de um clube holandês (que naquela noite jogava contra o Benfica) tinha ocupado a referida estátua, preparando-se para hastear a bandeira do clube ou da Holanda (já não me lembro bem) no cimo do Monumento Pátrio. O Amândio decidiu logo (e muito bem) que aquilo era demais.

Para quem não conheceu o Amândio posso dizer que o mesmo era como um "panzer". Macrocéfalo, peitudo e arraçado, com uma mãos imensas. A sua voz era como um "órgão de estaline". Tronitroante e avassaladora. Com uma coragem física enorme.

Decidiu-se logo pelo assalto, seguido de perto por 3 ou 4 jovens e 2 ou 3 menos jovens. Foi épico. Tivemos a sorte de muitos portuguesas que por ali passavam se terem aliado a nós. É óbvio que a bandeira foi logo arrancada,(não calculam as vertigens causadas pela descida desde lá de cima da estátua, porque para cima não custou nada) e o Monumento desocupado.

Claro acabámos todos no "Torel", que neste caso foi a esquadra da PSP do D. Maria. O que nos valeu foi o chefe da esquadra ser também ele um patriota que ao perceber as razões deste nosso assalto não só nos deu razão, como verberou acidamente os holandeses presentes.(que no fim nos apresentaram desculpas...)

Mas tudo acabou em bem. Se fosse hoje estávamos feitos. E penso que o chefe da esquadra era capaz de nos falar demoradamente da União Europeia, da liberdade, da... ou seja da treta do costume. E desconfio que desta vez íamos todos mesmo parar à PJ para sermos todos julgados como arruaceiros ou como "fascistas".

Ou seja como as coisas mudam... desde o tempo da repressão para o tempo da liberdade...

segunda-feira, julho 16, 2007

Boa malha, bom trabalho!

Cumprimento aqui - e publicamente - quem fez um trabalho (que garanto muito me surpreendeu) de qualidade. Não são os mais 700 votos que contam. Foi a experiência ganha. Foi demonstrar que há substrato. Foi mostrar que há gente nova capaz de passar mensagens. Se concordei com tudo? Não, mas também quem está de fora (como eu) não tem direito a criticar.

Começo a acreditar que se pode verdadeiramente ir mais longe.

Parabéns, e que as gambas saibam bem ao HNO.

Afinal, eu fico...


Depois de muito pensar, tomei a decisão. Fico na blogosfera.

O mês de Junho foi um mês mau. O nível baixou. Mas o trabalho... desculpa tudo.

Mas o que me fez resolver (de vez) este dilema foi sem dúvida ter lido os últimos três textos escritos pelo Rodrigo Emílio e a mim endereçados. (o último quase dos dias do fim).

Muito posso contar, muito posso esclarecer, muito posso lembrar. Tenho esse dever!

Vou já começar esta semana pelo muito meu e nosso Amândio César.

Estamos a poucos dias do vigésimo aniversário da sua morte. A ausência (quase) total da personalidade e obra de Amândio César do mundo nacionalista é para mim um pesadelo.

Quero que o conheçam. Quero que o sintam como aquilo que ele foi. Um Português até ao fim do seu fim.

Terei muito que falar dele. Como tenho de falar de Goulart, como tenho de falar de Caetano Beirão, como tenho de falar de tantos e tantos que tudo e muito deram à Pátria Portuguesa e ao sonho de um Portugal Maior.

quinta-feira, julho 12, 2007

Em busca da verdade perdida...


Tudo tem a ver com a verdade real e não com a "verdade" que passa para o público leitor.
Maquiavel, como os meus estimados leitores bem sabem, escreveu um livro que intitulou "O Príncipe". Nele defende que a razão de estado está acima da moral. Mas nunca a frase "os fins justificam os meios".
No entanto Pascal, no século XVIII, atribui esta frase a Maquiavel e, a partir dessa data, passou a ser a verdade oficial.
Farto de tanto disparate o padre Peter Roh, em 1852, ofereceu uma recompensa de 1.000 florins a quem encontrasse a referida frase no livro. Até agora ninguém a reclamou...

Todo este intróito tem a ver com uma carta ontem publicada no correio dos leitores do Público. Nessa carta um senhor (que se auto intitula professor universitário)cita o Mein Kampf a torto e a direito (por tudo e por nada)sobre as maléficas intenções anti culturais e humanistas de Hitler no campo da Educação. É um fartar vilanagem.

Ao contrário de muita gente, eu li A Minha Luta (atenção anti bandidos, também li Marx e Gramsci, não tirem conclusões apressadas...)Conheço minimamente o que lá está escrito e nada do que o referido professor universitário lá coloca está na realidade no livro. Só se for nalguma tradução feita por alguém do berloque caviar...

Isto leva-me ainda a mais uma reflexão. Se estes senhores são os responsáveis pela instrução dos futuros quadros "deste país", onde é que vamos parar. Mas acho que este assunto merece um postal à parte.

quarta-feira, julho 11, 2007

111 anos depois... a saga antiga voltou ...


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, 1896.

A modernidade face à Tradição

ou o confito ocidente - oriente

No passado Sábado publiquei um postal em que me referia a Guénon e à crise da Tradição numa sociedade moderna. No final do texto Guénon concitava-nos a "meditar neste assunto com um pouco de profundidade e todos os que ainda são capazes de reflectir devem ser convidados para o efeito".

Apesar das minhas enormíssimas limitações quero também reflectir um pouco sobre este assunto.

Parto de uma permissa (para mim) absoluta:

O que faz a força de qualquer civilização e que lhe dá a legitimidade e a justificação é o da sua relação com o Espírito de onde emana a Espiritualidade.

O Ocidente cristão já não existe. O actualmente chamado Ocidente é moderno ou pós - moderno. É a civilização do frigorífico e do bidé (como lhe costumo chamar), ou seja dos prazeres do corpo e da carne.

Por outro lado o Oriente Maometano encontra-se partilhado entre a "modernidade ocidental" (imposta e não sentida na generalidade) e a sua própria Tradição. E aqui tradição engloba o modo de vida, a prática quotidiana e as manifestações de cultura, bem como as sociológicas. Aqui assiste-se efectivamente a uma espécie de tensão entre o mundo moderno e o mundo tradicional. Esta é uma verdade nos países muçulmanos (mesmo os laicos, como a Turquia e sobretudo no estado muçulmano da Europa, onde é bem visível)

O 11 de Setembro veio acicatar ainda mais as desconfianças mútuas e o modo absolutamente cavernícola como os EUA e os seus mais fiéis parceiros europeus lidaram com o assunto foi fatal. Ou seja vamos transformá-los todos em Ocidentais (democracia, direitos do homem e a parafernália do costume), quer eles queiram quer não. Nem que seja à bomba.

Esta etapa suplementar de enfrentamento entre o Ocidente e o Oriente típica dos interesses económicos e geo estratégicos (e petrolíferos, claro) foi levada a cabo por um grupo de indivíduos que de tal modo imbuídos das ideias que pensam serem únicas (e sem sustentabilidade na Tradição ou na História, revelando um total analfabetismo cultural) que nem sequer pensaram ou equacionaram as consequências dos seus actos. O saber milenar, fruto de muito trabalho de muitas gerações é perfeitamente substituível por umas ideias avulso aprendidas (à pressa) nas universidades de Harvard ou Independente.

Porque o facto mais importante (que nem sequer foi equacionado pelos decisores ocidentais) é que hoje existe um enorme Islão Europeu. Os avisos de Guénon, Massignon, Henty Corbin ou de Nadjm oud-Dine Bammate (sem nos esquecermos dos pensadores nacional socialistas e do próprio diálogo proposto por Hitler ao mundo muçulmano) cairam em saco roto. As ocasiões falhadas de um diálogo oriente - ocidente levaram a uma desconfiança mútua bem difícil de ultrapassar.

Mas hoje, fruto das políticas dos países europeus do "sistema" temos um Islão europeu poderoso, e com a perfeita noção da sua força. A erradicação desse Islão só conseguiria ser feito pela força das armas numa Europa dos mercadores sem qualquer vocação (ou melhor dizendo sem qualquer vontade) bélica.

Como resolver este problema. A Europa Ocidental não tem condições (nem capacidade de vontade ou militar) para participar num Choque de Civilizações.

A única oportunidade para a Europa é ( e até o actual sistema cair de podre - já faltou mais) procurar (como Guénon) um encontro de espiritualidades no sentido, por exemplo, de Toledo (Thule - do, como lhe chamava Rodrigo Emílio) do final da Idade Média europeia.

Porque não nos esqueçamos que só a colaboração de Homens de Valor e Tradição poderá impedir o declínio completo desta Europa que já foi rainha e hoje não passa de uma rameira que arredonda os seus fins de mês deitando-se com quem lhe apareça à frente com meia dúzia de tostões na mão.

O caminho dos Valores e da Tradição é pois o único que (neste momento e situação) nos resta. Tudo o mais é pensar em formar um quadrado de irredutíveis prontos ao sacrifício final.

Ou seja (e em linguagem mais simples): estamos feitos!

terça-feira, julho 10, 2007

Ao que o Nonas me obriga...


O Nonas na sua permanente bondade resolveu concitar-me a revelar aquilo que sou como leitor. Ou seja um verdadeiro tocador de harpa... toco em muitas cordas.

Para já o livro que acabei ontem (ou hoje já de madrugada) de ler e cuja imagem está à vossa disposição.

28 de Setembro de 1962, autoestrada do oeste em direcção a Paris. Um potente automóvel (um Aston Martin) despista-se. Roger Nimier e Sunsiaré de Larcône - pseudónimo de Suzy Durupt - têm morte imediata. Sunsiaré acabava de publicar 'La messagère' (Gallimard), o seu primeiro e único romance.
Uma bela história de uma bela, manipuladora e inteligente Mulher, companheira (não oficial) de Nimier.

No Domingo refastelei-me um pouco e li "Anches et Embouchures" de Willy, com ilustrações de Le Riverent. Edições Berard, Paris, 1905. Um maravilhoso livro sobre música. Trata-se de uma obra que retrata a relação da música com o erotismo (chamemos-lhe vitoriano). Um fartote de boa disposição e escrito num registo bem sério no campo da música. E com ilustrações bem ousadas (para a época, claro).

"Pour l' art, Eclipse et renouveau", de Kostas Mavrakis. Li e reli ainda esta semana. E vou voltar a ler. Essencial para a compreensão do processo criativo e alguma "arte"? contemporânea. Vou ter absolutamente de reler os textos de Dali sobre o assunto.

Reli a edição fac-simile de Exílio, da Contexto Editora. Enquanto esperava ser atendido numa instituição pública. Ao menos isso.

Manifestos e Conferências de Almada Negreiros. Tinha-o. Ofereci a um amigo depois de o ler, mas voltei a comprar. Livro essencial para revisitar assiduamente.

E penso ter respondido ao Nonas. A propósito esta noite, e se tiver insónias, vou ler um livro de Robert Heilein (cujo centenário agora decorre). Marques Bessa é que me apresentou este mestre e nunca mais deixei de lá voltar

domingo, julho 08, 2007

Mudei de imagem

Mudei de imagem, como já repararam.

Li com muita atenção tudo o que tem sido nestes dias publicado sobre o papel e destino da blogosfera nacional.

Obriga-nos a pensar. Reli também o que tenho vindo a escrever ao longo destes 6 meses que levo destas andanças e verifico que estou a "perder qualidades". Os primeiros postais eram muito mais substanciais. O humor melhor. A variedade também.

Que fazer desta página? Dever de memória? Um página de doutrina? Um local de memórias pessoais? Uma crítica do quotidiano? Uma página cultural? Um tutti-frutti generalista?

Francamente não sou capaz de ter - neste momento - uma opinião fundada e fundamentada.

A mudança de visual é o primeiro passo. De seguida terei de saber o que quero (e acima de tudo se sou capaz de merecer) continuar a escrever. Porque assim não sendo mais vale não estragar e regressar ao meu "apagado e vil cantinho".

Vou pensar

A propósito dos demagógicos concertos

Arte


sábado, julho 07, 2007

Sobre a nova tendência primavera - verão do antisemitismo

Ou ainda:

"Num judeu não se toca, a não ser que o judeu seja judoca", no genial poema de Rodrigo Emílio.

Ou ainda

a utilização do tabú supremo: o "antisemitismo".

Dei outro dia a reflectir na razão que leva os judeus um pouco por todo o lado a inventarem antisemitas onde os não há. Quem quer que diga qualquer coisa contra o estado de Israel e a sua política é imediatamente apelidado de antisemita (crime na maior parte do mundo, com direito a cadeia durante muitos e muitos anos. E "eles" cá ainda falam do Charrua!!!!).

Arrisquei-me outro dia a apanhar com o anátema. Nesse dia tocou-me ouvir uma jovem cantora israelita "assassinando" uma bela ária de Puccini. Fiquei estarrecido e logo comentei para o lado: "a gaja é muito desafinada". Só isto. Nada mais do que isto. Reconheço que gaja seja uma palavra forte, mas francamente...

Logo alguém comentou em voz bem audível (e afinada...). Estes antisemitas são todos iguais. (sic)

Nada mais disse por a situação não o permitir. Mas sou obrigado a pensar que houve (reconheço-o) uma reviravolta genial (para Israel) na definição de antisemitismo:

Essa definição passa pois a ser a seguinte:

Antisemita não é aquele que não gosta de Judeus. Hoje é aquele de quem os judeus não gostam!

A verdade é que hoje o mundo inteiro não gira exclusivamente à volta dos judeus e do antisemitismo, por muito que isso custe a todos os filhos de israel.

Sai uma bica para a mesa do canto




Vai um cafezinho?
Em 2004, os portugueses desperdiçaram 1.574.203.400 horas de trabalho, o que é equivalente a 5,8% do PIB. Com esse número impressionante quedaram-se em penúltimo lugar de um "ranking" de 11 países ou blocos económicos (UE - na altura - dos 15, OCDE). Portugal atingiu apenas 52% da produtividade dos EUA, ficando atrás de si apenas a Hungria com 51%. Muito mais bem classificada fica a Alemanha, com 97% (4º lugar), e a França até supera os Estados Unidos com 116% da produtividade norte-americana. Mas em França também se tomam cafezinhos? É caso para dizer que lá se tomam num "bistro", que é uma palavra de origem russa e que significa "rápido".

Nikolai Fumin






















Dois trabalhos deste jovem pintor russo (nascido em 1970).

Regressando (sempre) aos Mestres - II



A beleza de uma raça, de uma família, a sua graça, a sua perfeição em todos os seus gestos e manifestações é adquirida com dificuldade; ela é, como o génio, o resultado final de um trabalho acumulado ao longo de gerações

Friedrich Nietzsche. O crepúsculo dos ídolos. 1888

Regressando (sempre) aos Mestres - I


A superioridade material do Ociente moderno é inquestionável; mas se ninguém a questiona, também ninguém a inveja. É necessário ir mais longe: com esse desenvolvimento material excessivo o Ocidente arrisca-se a perecer mais cedo ou mais tarde caso não faça marcha atrás a tempo, e se não encarar seriamente o seu "regresso às origens", seguindo a expressão de algumas escolas do esoterismo islâmico.

Em diversos meios fala-se hoje muito da "Defesa do Ocidente", mas, infelizmente, não se consegue compreender que é contra si próprio que o Ocidente tem de se defender, que é das suas tendências actuais que vem os principais e mais perigosos de todos os perigos que o ameaçam.

Seria bom meditar neste assunto com um pouco de profundidade e todos os que ainda são capazes de reflectir devem ser convidados para o efeito.

René Guénon. A Metafísica Oriental

Karl Wissemann – IX

Pois acabou, para já, esta série de postais que anunciei em 20 de Junho e foram saindo ao longo destas dias. Comecei a 22, e dia 26 (ambos de Junho). Em Julho poderão consultar os postais dia 1,5,6 e os de hoje. À medida que os fui escrevendo de mais coisas me fui lembrando e ainda esta semana (falando com o único camarada ainda vivo que também participava das tertúlias do Avis) outros dados consegui juntar a este "dossier".

Penso que se tiver saúde e tempo (e ainda cá estiver) após a minha reforma não deixarei de tentar consultar os arquivos que podem ainda fazer mais luz neste caso. Mas, como não quero qualquer exclusivo, e, alguém pode desejar adiantar-se a mim, não quero deixar de chamar a atenção para os presumíveis e futuros investigadores para uma série de arquivos que podem lançar muita luz sobre todo este caso.

Em primeiro lugar o arquivo PIDE. O processo individual de Wissemann. A legislação não me permitiu consultá-lo. Só com autorização da família. E tanto quanto sei não há descendência directa.

No arquivo PIDE pode e devem ser consultados os ficheiros e processos de entrada de estrangeiros em Portugal. Estavam na posse dos SEF que os microfilmaram e remeteram recentemente de volta para o arquivo PIDE. Também os referentes à colaboração com os Serviços Ingleses, bem como os referentes à expulsão dos alemães de Portugal em 1945,46 e 47.

Nos arquivos ingleses (não sei onde, mas vou-me informar) devem estar os relatórios sobre a captura de alemães em Portugal.

Nos arquivos portugueses:

Aquivo Salazar.

Cartas de Pimenta para Salazar. Já as li todas e há 4 que dizem respeito a Wissemann. As cartas e os cartões de resposta de Salazar estão na posse da Família Pimenta que os emprestou ao Prof. Braga da Cruz para a edição de um livro sobre o carteio Pimenta - Salazar, e que segundo Teresa Pimenta seria lançado no mercado ainda em 2006. Estamos em Julho de 2007 e nem vê-lo.

Deve ainda consultar-se as cartas para Salazar de Cabral Moncada, João Ameal e de Caetano Beirão (pai).

Arquivo João Ameal (está na Biblioteca Nacional). Trata-se de um dos melhores arquivos existentes. Muito bem organizado. Encontram-se lá preciosidades. Tem de haver algo sobre Wissemann, quanto mais não seja cartas de Pimenta, O'Neill, Fernando Campos, Amândio César e também de Salazar. Trata-se de um arquivo que os nossos historiadores pouco prezam.

Arquivo Amândio César, está nos Arcos de Valdevez. A ver absolutamente.

Arquivo Pimenta - Guimarães. Ver cartas sobre Wissemann das mesmas pessoas acima indicadas bem como de Caetano Beirão.

Arquivo Legião: verificar as pastas referentes ao acompanhamento que a LP fazia aos "ingleses" e aos "alemães" durante e após a guerra. Tem de haver alguma coisa, apesar do arquivo especificamente Wissemann não existir.

Já agora consultar os arquivos alemães sobre Wissemann.

E já agora consultem as empresas alemãs expecializadas em genealogia (existem on-line) para mais elementos de carácter pessoal do personagem.

E boa sorte na investigação.

sexta-feira, julho 06, 2007

Karl Wissemann – VIII

Estamos quase a chegar ao fim desta primeira abordagem a este "soldado desconhecido" a que eu dediquei algum do meu tempo (ao longo da vida) para lhe poder dar o relevo que ele sem dúvida tudo fez para merecer.

Hoje vou-vos falar um pouco mais sobre a traição que o levou à morte.

Como já anteriormente tinha contado dois personagens aparecem como potenciais delatores. S. e P..

S. era Capitão do Exército. P. era um Inspector Escolar do Ministério da Educação Nacional. Quando eu nasci para estas coisas já S. tinha falecido. A P. conheci e com ele convivi (pouco, muito pouco, é certo).

Eram ambos dos serviços de segurança da Legião Portuguesa. P. colaborava também no Jornal "A Nação".

Um dia, numa ocasião ( finais dos anos 60) que tive de falar com o Dr. Góis Mota, Secretário Geral da Legião e um dos seus mais destacados militantes (com ele vivo o 25 do 4 nunca teria vingado), pedi-lhe de chofre se podia consultar os arquivos da LP sobre o caso Wissemann. E fiquei surpreendido com a resposta. Disse-me ele: "também eu já desejei ver esses documentos e pedi-os. E eu estou habituado a ser obedecido!). Pois a verdade, segundo ele, é que nada existiria nos arquivos dos serviços de segurança da LP sobre o assunto.

Em finais de 1976, princípios de 1977, após o meu regresso do exílio, encontrei, por acaso, em Campo de Ourique, P. que passeava, já bastante alquebrado pela idade e pela prisão que sofreu.

Falei-lhe e (para meu espanto) recordou-se logo de mim. Fomos para um café da Ferreira Borges onde tivemos oportunidade de falar sobre os mais diversos assuntos. Não deixei de aproveitar a ocasião e começámos a conversar sobre Wissemann.

Segundo a sua versão Wissemann teria sido traído não por ele ou por S. mas sim por algum subalterno da Legião. Razões aduzidas. Foi nos serviços de segurança da LP que os passaportes de Karl e do outro militar alemão foram falsificados. Foi através dele que os documentos chegaram aos alemães. (como, não se lembrava).

A ideia que tinha era que os passaportes não eram polacos como dizia O'Neill, mas sim nórdicos (suecos?, talvez). A única pista que tinha deixado junto dos seus subalternos eram as fotografias sem qualquer identificação. Mas, sem dúvida os seus subordinados teriam ficado com os nomes em que foram forjados os passaportes.

Na altura (e durante muito tempo) as pensões, hotéis e similares tinham de enviar um boletim de dormida de estrangeiros para a PIDE. Se a polícia sabia os nomes dos passaportes falsos e viu os boletins da pensão somou 1+1. Isto era a sua opinião. Aliás a PIDE (e a própria LP) estava bastante infiltrada pelos serviços ingleses.

Foi isso que levou à perda de Wissemann.

Sobre os documentos ou processos sobre o caso no Arquivo LP reconheceu que a terem existido teriam sido destruídos.

E veementemente negou qualquer participação pessoal na traição, apesar de conhecer a lenda negra que o ligava (juntamente com S.) a essa traição.

Segundo ele, a única forma de saber o que se passou, dado todos os intervenientes já estarem mortos, seria a consulta ao processo KW da PIDE. Se lá estivesse o boletim de dormida da pensão não haveria dúvidas.

Também deveriam ser consultados os documentos ingleses sobre a época e o relatório que de certeza foi feito pelos agentes ingleses em Portugal.

E mais, que me recorde, não disse. Despedimo-nos afectuosamente. Agradeceu-me a minha frontalidade e o interesse que manifestava no assunto e pediu-me para ajudar a que este Homem nunca fosse esquecido.

Nunca mais o vi. Pouco tempo depois falecia.

quinta-feira, julho 05, 2007

Karl Wissemann – VII

Voltemos ao livro. E à sua tradução. Como calculam Wissemann não dominava o português para escrever na nossa língua os artigos que deram origem ao livro.

Lembro-me de ter perguntado a O’ Neill quem tinha sido o autor da tradução. Na altura o director da “Nação” referiu não se lembrar concretamente mas que lhe parecia ter sido obra de duas Senhoras do Porto, Maria O. e Maria Augusta M.

Aceitei de imediato como verdadeira a informação, fruto dos meus verdes anos.

No entanto e passados uns anos e meditando um pouco mais no assunto pareceu-me uma informação pouco consistente. E porquê?

Estávamos nos anos 46, em que ainda se sentiam algumas das dificuldades logísticas dos anos do racionamento provocado pela guerra.

Lisboa – Porto – Lisboa era uma viagem de longo, longuíssimo curso. O próprio comboio levava quase uma eternidade a percorrer os 300 quilómetros que separavam as duas cidades.

O carteamento tinha óbvias dificuldades dada o “controlo” policial e que poderia comprometer bastante as pessoas.

Pareceu-me pois que a tradução teria origem em Lisboa. Nos anos 70 tive oportunidade de falar com Maria Augusta sobre o assunto. O que me informou é que na realidade traduziu (sempre graciosamente) muitas obras de alemão para português durante o período da guerra. A solo e com parceria com Maria O. Daquela tradução especificamente não se lembrava, mas admitia ter sido por si feita, dado que, pelo menos uma vez, teve uma tradução cheia de termos jurídicos e que segundo ela “não lhe tinha saído muito bem”. No entanto diz ter recebido pelo correio e por diversos portadores material para traduzir que logo que pronto e dactilografado era enviado pelos mesmos meios.

Maria O já tinha morrido. Não pude pois esclarecer este ponto. Como achega importante na Biblioteca de Maria Augusta não existia este livro.

Como recordatório importante devo esclarecer que Maria O. era uma cidadã alemã, casada com um português, um vulto cultural do Porto e uma das melhores difusoras da Cultura Alemã e também Portuguesa a partir dos anos trinta. Traduziu “D. Miguel e a sua Época” o que lhe criou muitíssimos amargos de boca. Depois é melhor nem falar... Tive pena do livro sobre a comunidade alemã em Portugal (recentemente saído) não lhe tivesse dado a atenção que ela merecia.

Maria Augusta M. Foi uma das alunas predilectas na Universidade de Coimbra de Paulo Quintela. Também com ele trabalhou no Teatro Universitário Coimbrão. Mulher de grande cultura e com conhecimentos muito profundos da língua e cultura alemã, faleceu nos anos 80.

Uma informação final, a revisão dos termos (técnico – jurídicos) deste trabalho deveu-se, segundo Amândio César, ao Professor Cabral Moncada.

domingo, julho 01, 2007

Uma misógina, para amenizar...




Aqui é o monumento da Praça da Mulher, em França.

No entanto em francês Place tem dois significados: Praça ou Lugar.

Ao menos fazem-nos rir.

Karl Wissemann - VI

Se desejar ler o livro de Wissemann sobre Nuremberga pode procurá-lo aqui. Tem um magnífico prefácio do camarada portuense Nuno Ataíde, bem como o postfácio de Pimenta.

Karl Wissemann - V

No último postal que publiquei ficámos no dia da morte de Wissemann:

Dia 14 de Janeiro de 1947, à noite.

Dia 15 Alfredo Pimenta escreve a Salazar informando-o da que se tinha passado e solicitando a sua influência para que Wissemann fosse enterrado em Portugal.

Poucos dias depois, dia 19 foi Wissemann enterrado no Cemitério dos Alemães em Lisboa.

Hoje a sua campa já lá não se encontra. Recordo, contudo, de várias vezes ao longo da minha vida lá ter ido colocar flores e verificar o estado da sua última morada.

Wissemann apenas tinha como família directa viva uma irmã, que no final de toda este episódio apelou a Pimenta (através da filha do escritor integralista Fernando Campos) para que este solicitasse a Salazar a sua influência para que todos os objectos e documentos pessoais e de trabalho de Wissemann (apreendidos pela PIDE, não nos esqueçamos) lhe fossem entregues. Carta de Pimenta para Salazar existe. Está no Arquivo AOS. A carta de resposta (se é que a houve) está na posse de Braga da Cruz (que um dia, se calhar...,) há-de publicar as cartas de Salazar para Pimenta. (não sei se todas ou só algumas... e não sou só eu a ter esta suspeita. Enfim se Braga da Cruz Pai cá estivesse...). A descendência Pimenta tem muito cuidado com a imagem que dele quer fazer passar. E este caso Wissemann é o diabo!!!

Só como adenda: do arquivo Salazar desapareceu uma das 3 páginas (a do meio e a que conta a história) da carta de Pimenta a Salazar sobre este caso. Foi só azar?