2009 é o ano em que tudo se vai jogar. O futuro de muitas gerações vai ser jogado no tabuleiro deste ano. As consequências sociais, morais e políticas da « crise » irão ser devastadoras para as Nações pouco coesas, pouco solidárias, pouco (ou nada) transpersonalistas !
No campo nacionalista é a altura de meditar no que se deve e pode fazer.
Um grupo de pessoas decidiu jogar a partida inserido na luta democrática. Por mim nada tenho a objectar. Cada um deve seguir o caminho que ache mais eficaz. Mas todos sabemos que o combate é difícil, porque é acima de tudo desleal.
Os elementos do PNR – e é deles que eu falo – acreditam no povo português. Acreditam que em condições normais, equitativas e justas seria possível um esclarecimento do povo sobre o caos que se avizinha e quais os modos de nele não cair.
Mas contando com todos os boicotes, a falta de dinheiro e de empenhamento de muitos que os observam com interesse (ou distanciamento) sabemos que nada de bom se augura. E nada de bom se perspectiva. Poderá haver um crescimento eleitoral de 1 ou 2 pontos percentuais. Sem significado. E no futuro ainda será pior. O crescimento demográfico dos portugueses de origem e o dos povos (ditos do sul) é altamente deficitário para os de origem. Ou seja percentualmente os votantes do « sul » terão maior peso eleitoral, ainda por cima contando com o já evidente desinteresse dos portugueses.
Isto já se passou na Bélgica. Holanda, França e Alemanha. Vai-se cá passar, é claro.
Ou seja se calhar é altura de meditar sobre as alternativas que se colocam.
Se Duprat deu evidência à FN em França com o combate contra a imigração (bom e inteligente combate na altura, mas ingloriamente perdido face às necessidades do capital, como é sabido) hoje, com a sua fina inteligência já teria alterado a sua estratégia.
Se calhar o combate passa por uma refundação do movimento nacionalista em Portugal.
Sem abandonar a via eleitoral (mas sem grandes esperanças) devemo-nos concentrar em toda uma série de iniciativas destinadas a preservar a identidade nacional, cultural e popular do « velho português », que tem – como qualquer outro – também direito à sua identidade.
Os caminhos e formas desse combate passam também – e a meu ver - por diversas acções, das quais destaco :
- Federar as forças hoje dispersas a fim de se assistir a um renascimento de uma unidade poderosa que aglutine todas as comunidades constituídas ;
- Privilegiar o longo termo, em vez do curto prazo. As « eleições » serão apenas uma face do processo. Cada um no seu lugar. Cada um deverá servir onde e quando as suas capacidades e/ou localização o permitirem. Cada um terá a sua responsabilidade no concerto de acções e actuações em que está investido. Não esquecendo, contudo, que Portugal é também cada um de nós. E que temos uma quota parte de responsabilidades nas vitórias e nas derrotas. E já agora uma coordenaçãozinha seria bem vinda …;
- Esquecer a questão de lideranças – cancro mortal de todos os movimentos. É na acção que se reconhecem os chefes. Mas o combate necessita também – e sobretudo – de bons soldados, bons sargentos e bons capitães. Generais já há de mais !;
- Estudar, formar, formar-se. Habituarmo-nos à batalha cultural e à batalha das ideias. Só assim se conquista a rua.;
- Dar lugar aos jovens. Os velhos podem (devem) ajudar. Sem contudo serem « consciências negativas « (já assisti a isto…, assim não vamos a lado nenhum…, etc.) A experiência dos mais velhos (que no seu tempo souberam raciocinar nas – muitas - derrotas e nas – poucas - vitórias) pode ser positiva. Mas deixem-nos tentar. Deixem os mais jovens errar. Deixem-nos ousar. Não critiquem por criticar. Tenham a paciência e a sabedoria de bons avós. Amparem, ajudem, dêem conselhos. Estejam lá quando tudo parece ruir. Ajudem os mais jovens a levantarem-se de novo. Sem reprimendas. Mostrem (sugiram) o caminho. Mas não o percorram em vez deles ! ;
- Entrosemo-nos no tecido social português. Nas associações, nas comissões, nas múltiplas formas de cooperação dos portugueses. Mostrem-se interessados. Assumam as rédeas de todas os corpos intermédios em que se insiram. Mostrem-se competentes. Terão muito mais visibilidade assim do que com 500 discursos ou dez aparições na TV.;
- Não se confinem ao convívio com os camaradas. É bom, é saudável estabelecer laços profundos de amizade com camaradas. Mas não convivam apenas com eles. Caso contrário não haverá sangue novo. Estar-se-á fechado numa redoma. Criem-se centros/locais de actividade que serão sempre locais de recrutamento. Expandam-se, caso contrário seremos sempre os mesmos, com tendência para diminuirmos;
- Acima de tudo demostrem que amam Portugal. Que estão dispostos a sacrificar-se por ele. E que não estão à espera das benesses que o poder prodigaliza. Assim serão responsáveis. Assim os vossos vizinhos vos conhecerão;
- Defendam as identidades locais, regionais e nacionais. Com unhas e dentes. Contra toda as formas de destruição das mesmas. Ousar ir contra o « politicamente correcto ». Contra o estabelecido. Contra a verdade oficial. Nem calculam a quantidade de pessoas que estão contra esta normalização aberrante que nos querem impor, mas que não tem ninguém que os ajude na orientação da luta;
- Não copiem o estrangeiro, nem épocas passadas. Assumam a Tradição e a Modernidade. Cada época tem as suas facetas específicas. E muitas delas são irrepetíveis, pelo menos nas suas formas exteriores;
- Procuremos – todos - encontrar as ideias mais mobilizadoras dos portugueses. Para isso é necessário ouvir. Ouvir muito. Perceber. Meditar;
- Criemos técnicos nas diversas áreas que permitam o recurso a ideias nossas e pessoal nosso nas diversas áreas de governação. Não fiquemos pelas generalidades. Vamos ao fundo das questões. Generalistas já há demais;
- Não deixemos que diferentes opiniões sobre as tácticas e as estratégias – «a minha é melhor que a tua », ou ainda, « isto assim não vamos lá » – destruam a unidade. É na luta diária que se conhecem os chefes. É com os erros e com as vitórias que se escrutinam caminhos… Que a verdade vem ao de cima;
- Tenhamos a humildade de reconhecer as nossas faltas, as nossas incapacidades. Se necessário cedamos o passo aos mais capazes. Nunca nos agarremos a lugares. Servir é o Lema. E servir serve-se sempre seja qual for o lugar que nos esteja destinado. Nem que seja a varrer as escadas…
No que me diz respeito – e dada a minha idade - continuarei no lugar que me for fixado pelo acaso. Mantendo – na medida do possível - o espírito de combate que foi a justificação da minha vida.
Tenham a certeza que até ao meu último suspiro serei um dos vossos. Mas a cada idade o seu combate. Ajudarei a que uma nova geração surja de entre as brumas do desespero. Não uma geração de profetas/salvadores, mas uma geração real. Leal. Combatente. Persistente. Que pelo menos ame tanto Portugal como eu o sempre amei.
O amanhã pertence-nos. Pertence-vos ! Mostremos à juventude o sinal de que os filhos da Pátria há tanto tempo desejam ver. “Desocultemos” o espírito que determina essa vontade inconsciente do retorno às formas que constituíram o mito fundador e a razão de sermos portugueses, essa ideiação e imaginação do eu-português.
Ao trabalho. E já agora aproveitem e pelo caminho divirtam-se ! Senão não serão jovens, mas sim velhos rezingas, impossíveis de aturar !
Apostilha : Este postal tem a ver com a « polémica » que se estabeleceu na blogosfera sobre o apoio – o « apport », como dizem os franceses – que cada um de nós pode dar às nossas ideias.
Não é um texto definitivo, nem sequer doutoral. Nunca tive essa presunção, nem nunca desejei colocar-me em imerecidos bicos de pés. Nunca passei de um mero soldado, quanto muito um sargentão, inserido no meio Nacional. Tenho uns bons anos em cima. Já meditei muito nos sucessos e nos fracassos. Não quero ser o « avô cantigas » (nunca tive pachorra para isso). Quero (desejo) acção, com convicção, mas acção persistente e, se possível, inteligente.
E lembrem-se desta verdade absoluta : É uma maratona que estamos a disputar, não são os 100 metros !