“Quando a Directora da Menina e Moça me pediu algumas palavras para este número comemorativo do XX aniversário, senti que não podia deixar de responder a esse convite. Não que essa resposta me fosse ditada por uma mera cortesia para com as responsáveis da M. P. F., que respeito e admiro. Não que a ela me movesse o gosto, sempre renovado, de ver as próprias ideias ou sentimentos reduzidos à forma objectiva de caracteres tipográficos. Um único motivo me torna presente nas colunas desta revista. Esse motivo é a gratidão muito viva por tudo o que através da M. P. F., eu pude aprender, consciencializar e tornar bem concreto na vida quotidiana.
A Menina e Moça foi para mim, durante o tempo decisivo da minha adolescência, o complemento do clima de entusiasmo e de generosidade, de gosto pelos grandes ideais e de pronto espírito de serviço que as aulas de formação, as colónias de férias e, acima de tudo, o curso de graduadas da M. P. F. (que frequentei entre o 4.º e 5.º anos do liceu) me habituaram a desejar e a querer viver. Mais tarde, durante a experiência, extremamente rica, de alguns anos em que pude colaborar nas aulas de formação moral e nacionalista, o mesmo espírito me foi trazido pela Menina e Moça, onde sempre gostei de reencontrar o ideal, sem mistura, da mocidade, e a disponibilidade, sem reserva, da época da vida em que o coração todo inteiro se dá.
Sobretudo, veio-nos através da M. P. F. (eu não sei mais distinguir entre o que me veio através da Menina e Moça e o que veio através das outras actividades da Organização) a repulsa pela mediocridade consentida e o gosto das coisas duras, que me têm tornado a vida uma difícil mas apaixonante aventura. E, como pano de fundo de toda a formação que na M. P. F. recebi, veio-me a certeza, ao mesmo tempo empírica e mal documentada, da existência de uma vocação própria da Mulher no mundo, base natural em que mais tarde havia de assentar a minha vocação ao serviço da Igreja Universal.
É por isso que eu gostaria de dizer a todas as meninas e moças da geração de hoje que não fechem os ouvidos ao apelo de altura e de sonho que a M. P. F. nelas quer despertar. Que não encolham os ombros, numa pretensão de experiência céptica das pessoas e das coisas, quando a M. P. F. as convida à generosidade e a ocuparem o seu lugar no mundo. Que não se alheiem com desprezo daquelas que procuram ajudá-las a viver a etapa maravilhosa da adolescência. Que não tenham medo de ser diferentes no meio da massa indiferenciada que a civilização do nosso tempo tem produzido.”
Maria de Lourdes Pintassilgo
(Graduada da Mocidade Portuguesa Feminina)
1959
In: “Mocidade Portuguesa Feminina”, Irene Flunser Pimentel,
Esfera dos Livros, 2007, pág. 204.
A Menina e Moça foi para mim, durante o tempo decisivo da minha adolescência, o complemento do clima de entusiasmo e de generosidade, de gosto pelos grandes ideais e de pronto espírito de serviço que as aulas de formação, as colónias de férias e, acima de tudo, o curso de graduadas da M. P. F. (que frequentei entre o 4.º e 5.º anos do liceu) me habituaram a desejar e a querer viver. Mais tarde, durante a experiência, extremamente rica, de alguns anos em que pude colaborar nas aulas de formação moral e nacionalista, o mesmo espírito me foi trazido pela Menina e Moça, onde sempre gostei de reencontrar o ideal, sem mistura, da mocidade, e a disponibilidade, sem reserva, da época da vida em que o coração todo inteiro se dá.
Sobretudo, veio-nos através da M. P. F. (eu não sei mais distinguir entre o que me veio através da Menina e Moça e o que veio através das outras actividades da Organização) a repulsa pela mediocridade consentida e o gosto das coisas duras, que me têm tornado a vida uma difícil mas apaixonante aventura. E, como pano de fundo de toda a formação que na M. P. F. recebi, veio-me a certeza, ao mesmo tempo empírica e mal documentada, da existência de uma vocação própria da Mulher no mundo, base natural em que mais tarde havia de assentar a minha vocação ao serviço da Igreja Universal.
É por isso que eu gostaria de dizer a todas as meninas e moças da geração de hoje que não fechem os ouvidos ao apelo de altura e de sonho que a M. P. F. nelas quer despertar. Que não encolham os ombros, numa pretensão de experiência céptica das pessoas e das coisas, quando a M. P. F. as convida à generosidade e a ocuparem o seu lugar no mundo. Que não se alheiem com desprezo daquelas que procuram ajudá-las a viver a etapa maravilhosa da adolescência. Que não tenham medo de ser diferentes no meio da massa indiferenciada que a civilização do nosso tempo tem produzido.”
Maria de Lourdes Pintassilgo
(Graduada da Mocidade Portuguesa Feminina)
1959
In: “Mocidade Portuguesa Feminina”, Irene Flunser Pimentel,
Esfera dos Livros, 2007, pág. 204.