quarta-feira, janeiro 02, 2008

RODRIGO EMILIO E O NATAL

A agência de difusão de notícias da Igreja Católica distribuiu no dia 22 de Dezembro um artigo de José Carlos Seabra Pereira (professor de Literatura Portuguesa e de Teoria da Literatura na Faculdade de Letras de Coimbra e na Faculdade de Letras da Universidade Católica) sobre o Natal na Poesia Portuguesa.

Bom artigo, óptimo artigo, melhor diria, bem documentado, e termina com um dos melhores poemas de Natal de Rodrigo Emílio.

... "4. Não menos oportuno será exemplificar, com a lembrança de uma grande voz poética prematuramente desaparecida, como a literatura portuguesa continuou nos nossos dias a viver o Natal de Cristo.

O dramatismo lírico e a veemência verbal de Rodrigo Emílio ganham sempre altura quando animados pela piedade católica, que se afervora no cadinho das íntimas aflições e das agonias de homem português; e assim se manifesta tanto em «Pequeno altar de poemas, para depor aos pés da Virgem de Fátima», quanto nos poemas de Natal engastados nos livros Mote para motim e Coração mal couraçado e depois retomados na sequência «Consoadas da memória à mesa da solidão», do livro A Segunda Cegueira,. Com Rodrigo Emílio se exemplifica, aliás, como na segunda metade do séc. XX os dados existenciais da memória afectiva (e do cenário tradicional da celebração pública e familiar do Natal) se entrelaçam com a evocação da Sagrada Escritura e com a contemplação do enlace do ministério da Encarnação e do mistério da Paixão e Morte de Cristo na economia da Redenção (como se vê no poema «Música de neve, o silêncio branco»). Por isso também exemplifica que na poesia portuguesa contemporânea o lirismo de Natal continua a passar pela tensão espiritual da «Vigília» edificante:

«Meu Deus, aqui estou. E no mais não repares,

Por ser esta noite a Noite que é!

Em versos Te rezo. E no mais não repares,

Por ser esta noite a Noite mais calma!

-Conduz-me aos mais altos lugares

Da minha fé!

-Conduz-me aos mais altos lugares

Da minha alma!»



É bom saber que o nosso muito Rodrigo continua a ser lembrado e celebrado por todos aqueles que gostam de Poesia. A ler absolutamente.

Bem hajam!

Link: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=54478

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