sexta-feira, junho 06, 2008

A “patetice” segundo a patética Clotária




Em princípios dos anos 60 (talvez 1962) realiza-se em Lisboa uma conferência de José Maria Péman, no Teatro Tivoli em Lisboa, organizado pela Comissão Distrital de Lisboa da União Nacional.

César Moreira Baptista, já no SNI, tenta à viva força que seja Marcelo Caetano a apresentar o conferencista.

Recorde-se que corria à boca cheia nos meios literários internacionais que nesse ano o Prémio Nobel da Literatura seria outorgado a Péman. Oportunidade de ouro para mais uma prova de “lançamento do Marcelo”, desporto de “elite” mais praticado por toda a marcelagem... (esta é uma blague de Amândio César).

A Clotária Cecília diz no tal livro que “tínhamos convidado o Dr. (sic) Marcelo Caetano para fazer a apresentação...” “mas por causa daquelas trapalhadas na Universidade, em 1962 ... disseram-nos à própria hora que ele não podia vir”
“Então, sem saber como, vejo subir ao palco o pateta do Carlos Soveral ... Fiquei furiosa, ninguém lhe tinha encomendado o recado e sabia que o Marcelo ia ficar a imaginar coisas. Logo que aquilo acabou fui directa a casa de MC para lhe explicar pessoalmente o que se tinha passado, sabia que ele era desconfiado e eu nunca gostei de mal entendidos” (Cascais, entrevista da mestra a Cecília em 5 de Março de 2004)

Agora vamos ao que ela não conta (ou então a mestra ignora):

Factos:

Foi Péman que de longa data conhecia e apreciava Carlos Eduardo do Soveral que sugeriu ser apresentado por ele, tanto mais que na altura era membro do Governo, Subsecretario de Estado da Educação. Péman sabia da fortíssima cultura literária e filosófica do Mestre. Sabia também de que uma das suas características era o de ser capaz de, improvisando, proporcionar uma “charla” altamente estimulante do ponto de vista intelectual. Nada mais natural do que esse convite, que nada teve de politico ou de luta de poder. Olha só, logo o Dr. Soveral...

Mais factos:

Piada do facto revelada por Franco Nogueira: para alem da imediata visita a Marcelo (logo que “aquilo” acabou...) também houve o cuidado de escrever ao Doutor Salazar a dar imensas explicações exactamente sobre esta questão e com uma frase introdutória a denotar medo - mais ou menos isto: "Senhor Presidente do Conselho, ao contrário do que o Dr. Carlos Soveral lhe terá contado..." - e ridícula, na medida em que um simples Subsecretário de Estado nunca, mas nunca, naquela época, chegava à fala com Salazar!

Ou seja sobre a dama estamos esclarecidos.

Por hoje nada mais digo.

Mas vou voltar ao tema, estejam certos

2 comentários:

O Réprobo disse...

Caríssimo José Carlos,
Péman era dado por Cela como o único "intelectual" da Direita Espanhola, não por nela não abundarem os Pensadores, Poetas ou outros Artistas, mas porque, à semelhança dos intervenientes do outro lado, tinha uma opinião pensada sobre tudo que não hesitava em publicitar. Nesse sentido, o pedido dele era um atestado de competência, como se fosse preciso.

Moreira Baptista, que me dizem um hmem bom, era de tão canina fidelidade ao dono que chegava a algumas vilezas para lhe agradar. As démarches de que nos dá conta indiciam bem o quanto o ambicioso-mor desejaria prerorar lá...

Ainda a "memorialista": o Grande António, dizem, fartava-se de rir das histórias dela, à base de linguagem atrevida, por, naquele meio, destoarem um tanto da fala compostinha da maioria das senhoras. Ir além disso, é pretender puxar para ela um papel, ou importância que nunca teve. Mas há assim uns vultos menores do Estado Novo, que se exageram na proximidade do Chefe, para se darem o relevo de que, só por si, careceriam. Lembra-Se das «Memórias» de Costa Brochado? Quem as leia fica pensando que no regime só havia duas fuguras de tomo - ele e, vá lá, um bocadinho, Salazar.
Abraço

nonas disse...

Caro Réprobo,
O César Moreira Baptista a única atitude positiva que teve para com a nossa gente foi comprar mensalmente 500 exemplares da revista Tempo Presente. Como o Marcello começou a ser criticado e, muito principalmente, devido a uma crítica sobre a situação da Mocidade Portuguesa acabou-se o financiamento da revista porque o Marcello não gostou que a gente radical ou de extrema-direita criticasse. César Moreira Baptista, um sopeiro de Marcello, vendo a o desagrado do "seu" chefe, acaba com o financiamento e por consequência com a revista.
Aproveite, para reler o Múrias sobre o Marcello e o Moreira Baptista e tira as suas conclusões.
Um abraço,