terça-feira, junho 03, 2008

Quem se mete com ... leva …

Disse um dia o actual “chairman” de uma das principais empresas capitalistas da nossa praça.

Lembrei-me desta grande máxima quando mão Amiga me fez chegar umas linhas escritas por uma mestra (agora mestres são aos montes) de uma “universidade” deste “país”, e relatadas (em teoria) por uma velha senhora que dá pelo nome de Cecília Supico Pinto.

Trata-se do Livro “Cecília Supico Pinto, O Rosto do Movimento Nacional Feminino”. A Dona Cecília, foi a 2º esposa de um dos principais conselheiros de Salazar, Clotário Luís Supico Pinto, e grande amiga de Francisco Costa Gomes e por afinidade ligada a Pinto Balsemão (ou seja todo um tratado...).

No livrito em causa conta-se um episódio (que nem a mestra - escrevinhadora nem a narradora se dão sequer ao trabalho de situar no tempo ou nos personagens envolvidas) e em que ambas adjectivam um dos maiores vultos da Cultura Portuguesa – Carlos Eduardo do Soveral – como um “pateta”.

Eu sei o que me vão dizer, a fulana já tem 87 anos, deve estar “gagá”, já não sabe o que diz, etc.

Pois eu acho que não é nada disso: acho que se trata de uma atitude bem pensada e bastante comum no tipo de pessoa e de “classe” que enforma a tal da dona Cecília.

E é por isso mesmo – considerando contudo que ela tem 87 anos – que eu vou começar a escrever umas coisas que cá sei sobre a situação. Não vou ser meigo, prometo, mas vou ter um pouco de tento na língua para não descer ao nível sopeiral às vezes tão comum nas “famílias burguesas bem” nobilitadas (no século XIX) após a vitória do campo liberal.

Em próximos episódios vou-vos falar do MNF, dos almoços no restaurante Lord, das lutas estudantis dos anos 60, da Acção Académica, das amizades, das sabujices com Salazar e com Marcelo Caetano, etc, etc, etc...

Continua ...

4 comentários:

O Réprobo disse...

Meu Caro José Carlos,
sobre a pessoa, atendendo a sexo e idade, não irei além de lembrar a carta de alguns soldados pedindo que ela não fosse mais vê-los, porque lhes fazia mais mal do que bem.
Chamar pateta a Carlos Eduardo Soveral, um Espírito que planava não só a alturas impossíveis de atingir por vistas que não lhe conseguissem conhecer a obra, com muito acima do que alcançam pobres admiradores como eu, define a dama melhor do que qualquer outra (des)qualificação.
Abraço

nonas disse...

Caro Réprobo,
O facto de Carlos Eduardo Soveral ter sido insultado pela "titi" Cilinha acaba por o enobrecer, ainda mais.
Diz-me quem te insulta e dir-te-ei quem és...
Assustados e preocupados teríamos ficado se a "tiazinha" o tivesse elogiado. Aí, até o próprio Soveral não ia gostar...

O Réprobo disse...

Também não está mal visto, Amigo Nonas.
Abraço

Flávio Gonçalves disse...

A nossa burguesia é, na sua esmagadora maioria, muito inferior em qualidades quando comparada com a "criadagem" que a serve.