sábado, fevereiro 10, 2007
Waldgänger - A Floresta onde sopra o vento do espírito
Desde anteontem que tenho pensado muito em Jean Mabire. Recordo, sobretudo, todas as descobertas que ele me proporcionou sobre os valores profundos e perenes da civilização europeia.
Apeteceu-me reler Heidegger. Para o Filósofo a relação com a terra natal é o fundamento de toda a verdade. Reli os seus escritos pensados na sua "Die Hutte" (a cabana) em Todnauberg, em plena Floresta Negra.
Penso em Holderlin e em Ernst Junger. E penso em tudo o que de místico está associado à Schwarzwald, onde os irmãos Grim se inspiraram para os seus contos da infância e do lar. Foi lá que se perderam Hansel e Gretel.
A doutrina das florestas é de velha cepa. É uma lição em que o Homem se reencontra a si mesmo. Encontramo-la em Ernst Junger no seu "Tratado do Rebelde ou o recurso à floresta". A palavra alemã Waldganger é aqui traduzido por rebelde. Junger foi pedir este conceito emprestado a um velho costume da antiga Islândia. O proscrito escandinavo da alta Idade Média tinha direito ao recurso à floresta. Aí se podia esconder e viver livremente. Tinha contudo como contrapartida a possibilidade de ser morto por quem quer que o encontrasse.
Jünger faz do rebelde uma figura ideal: tornamo-nos Waldgängers por nossa escolha, descobrindo voluntariamente o espírito livre dos homens livres. O recurso à floresta não é, pois, uma fuga. É um renascimento, um regresso verdadeiro às origens.
Para Ernst Jünger quando "todo um povo prepara o seu recurso à Floresta, torna-se numa potência indestrutível".
Penetremos, pois, com uma exaltante determinação no interior da Floresta.
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