sexta-feira, agosto 31, 2007

Quermesse e missa cantada...

Pois bem: quer messe e missa cantada e eu não tenho medo.

Disse isto Amândio César referindo-se a um mimoso "militar" que qual donzela afrontada por um piropo menos próprio, reagia assim a uma conferência realizada no Porto, na Casa do Infante, logo após a derrota militar da Indía Portuguesa.

Vou transcrever, na íntegra, as palavras de Carlos Eduardo de Soveral, que presidiu à cerimónia:

..."O Amândio era assim. O que culminantemente demonstrou ... em sessão atinente a Goa, por mim presidida, e onde não poderia ter sido mais frontal e verberante (era o orador da tarde) o libelo que produziu contra os militares, pela queda da Índia. E de militares cheia estava a nave quatrocentista. Nos dias imediatamente subsequentes, esbatida ou preterida, abafada, a lembrança das minhas palavras - que tampouco tinham sido macias - pela imponente, atribilária memória das suas, a reação que despertou na má consciência castrense foi ao ponto de não poucos admitirem ou alvitrarem que lhe fosse posto um pleito por injúria e difamação das Forças Armadas.
... (Amândio) ficando, continuando, nunca deixando de ser um franco-atirador, na berrante inadequação com os seus raros dons e pessoal valia"

Uns anos mais tarde comentando a revolta (principalmente de um mimoso militar - como lhe chamaria no pós 25 do 4 o nosso RE) ele comentava: se ele viesse ter comigo com um pingalim na mão para me dar umas bengaladas eu entendia, mas com um processo ... Que falta de tomates...

Como dizia o nosso muito querido Soveral: O Amândio era assim!

Servir o bezerro de ouro!



Li hoje as notícias referentes ao litígio entre a organização das corridas de avião no Grande Porto e as autoridades portuguesas de segurança sobre o pagamento do plano de emergência do referido acontecimento.

Tal facto fez-me meditar nalgumas situações que importam pensar sobre o "mundo civilizacional" que nos tem sido imposto e aceite (e bem aceite) por esta sociedade hedonista e individualista em que nos transformaram.

Refiro-me ao facto de a Cruz Vermelha Portuguesa e a Cáritas se terem recusado a participar na segurança da prova por não terem recebido o pilim que estavam à espera de receber dos "pategos americanos".

Ora vamos a ver. A Cáritas é uma organização católica que (segundo dizem) está ao serviço da comunidade. No seu portal em linha definem-se assim:

A Cáritas é “uma instância oficial da Igreja para a promoção da sua acção social” (Conferência Episcopal Portuguesa, 1997, Instrução Pastoral). ...

Em conjunto, regem-se pela doutrina social da Igreja e orientam a sua acção de acordo com os imperativos da solidariedade, dando resposta às situações mais graves de pobreza, exclusão social e situações de emergência em resultado de catástrofes naturais ou calamidade pública.

A Cáritas tem como objectivos a assistência em situações de emergência...

Bom tudo isto dito, seria de esperar que a Cáritas decidisse manter os treze "voluntários" encarregues de procurar e encaminhar crianças que eventualmente se perdessem dos pais durante a grande afluência de pessoal esperada para o Grande Porto. Bem isto pensei eu (que ainda sou muito optimista). Mas não. Como os americanos não deram os carcanhóis, nada feito. Ou seja treta e mais treta.

Agora a Cruz Vermelha Portuguesa. Não lhes deram os 17.000 euritos (três mil e quatrocentos contos) e não há nada para ninguém. E é uma instituição de utilidade pública... Aliás há diferenças marcantes entre a CVP e a Cruz Vermelha Espanhola, por exemplo.

Relembro apenas um facto. A maioria dos exilados portugueses em Espanha possuía muito parcos haveres. Houve situações de gravíssimas necessidades que se prendiam (inclusive) com a alimentação diária. Da saúde era melhor não falar. No entanto o Hospital da Cruz Vermelha Espanhola atendeu (gratuitamente) todos os portugueses que lá se deslocavam. E chegaram a prestar também assitência medicamentosa gratuita aos portugueses verdadeiramente mais necessitados. A filha menos velha do Rodrigo Emílio nasceu na maternidade da Cruz Roja Española. (um dia eu conto-vos a aventura do registo de nascimento da miúda no Consulado. Mais uma vez RE com o seu mau feitio e no seu melhor)

Cá em Portugal seria impensável que isso acontecesse.

Ou seja e como reflexão principal. Hoje o verdadeiro "voluntariado" desapareceu. É-se voluntário se houver massarocas. Caso contrário vão ao Totta!!!

No entanto nem sempre foi assim.

Há bem pouco tempo ser-se voluntário fazia parte da ética individual e societária. Havia um transpersonalismo latente em toda a sociedade e em que o espírito gregário e de inter - ajuda prevalecia sobre os interesses individuais. A pandemia do individualismo ainda não tinha feito tantas vítimas como hoje. "Eu coço-te as costas e tu coças as minhas" era um ditado popular bem enraizado nos portugueses. Os símios e outros animais "irracionais"(?) ainda o fazem. No entanto a sociedade, ou melhor dizendo, a súcia...dade criada pela gente que para aí manda acabou com isto. O que importa sou eu, a seguir eu e depois ainda eu...

O mesmo se passa por exemplo nas chamadas (impropriamente) corporações de Bombeiros Voluntários(?). Hoje são todas "voluntárias recebendo, é claro...". Nos idos de 60 eu fui bombeiro voluntário. Fazia parte da cidadania ajudar os outros. Nada recebia e até pagava do meu bolso as idas e voltas ao quartel, acessórios da farda, etc. Lembro-me um dia de, ao apagar um fogo num restolho, ter de ir a um café e pagar um quarto de leite para limpar os efeitos do fumo.

Ou seja estas organizações voluntárias e ONG, etc, hoje não passam de meros empregos em que em nome da solidariedade, etc., as pessoas organizam as suas vidinhas.

Mais claro não se pode ser: é a vitória total do personalismo sobre o transpersonalismo. Muita gente tem culpa. A começar pela Igreja. E isto apesar deste Papa ter vindo bem recentemente falar dos deveres do indivíduo face à comunidade em que vive. Mas esta boa doutrina papal ainda não chegou às Cáritas cá do burgo...

Os três pecados capitais da Europa

Individualismo; hedonismo; envelhecimento demográfico.

Resultado: corrupção da coesão étnica dos grupos humanos.

Acontece na Europa. Não acontece na Ásia e na África.

Ou seja: a Europa já era ...

Carlos Eduardo do Soveral

Nestes 6 meses de vida tive um episódio que me deixou muito triste. Apaguei um postal que tinha escrito sobre o enorme português que foi Carlos Eduardo de Soveral. Defini-o, tanto quanto me lembro com "o corpo de um atleta e a alma de um sábio". Contudo uma sua familiar contestou três afirmações minhas. De uma (sobre a sua actividade nos correios da África do Sul) errei e penitencio-me (a idade não perdoa e provoca-nos lapsos de memória bem aborrecidos), das outras duas (e como não assisti) limitei-me a relatar factos contados por outros (que reputo de verdadeiros).

Lamento que assim tenha sido. Peço desculpa á Família.

Voltarei a falar de Soveral. Falarei dele a propósito de mais coisas que quero relatar sobre Amândio César. Porque eu (pela minha idade e pelo que vivi) tenho o dever de memória para muitos e enormes portugueses com quem eu me cruzei e me ajudaram tanto na minha formação. Quanto mais não seja é esta a principal razão para eu continuar neste mundo da blogosfera.

Já faz 6 meses!

Sem eu me ter dado conta fez ontem 6 meses que entrei nesta coisa da blogosfera.

Quem havia de dizer. Eu que estava tão calminho no meu cantinho resolvi meter-me nesta aventura, de que, aliás, estou a gostar.

6 meses é muito pouco (face aos "camisas viejas" da blogosfera). Sou um neófito nesta minha nova faceta.

Já tive períodos de desânimo quando o nível a que me propus (não muito alto, aliás) começou a degradar-se e de forma bem visível. Reagi e melhorei um pouquinho.

A surpresa maior desta aventura é a do número de visitas que este espaço está a ter. E principalmente o "correio electrónico" que recebo das comunidades portuguesas de França, Bélgica, Holanda, Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela. Nunca pensei.

Bom para já vou continuar. O próximo passo é atingir um aninho. Para poder soprar as velas. Depois logo se vê.

Obrigado a todos que tem tido pachorra para me ler.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Grande postal do Nova Frente

Aqui pode ler um óptimo postal do Nova Frente. Recomendo-o vivamente.

Quero apenas dar uma achegas.

O Diário de Lisboa Juvenil, sob a orientação e responsabilidade de Mário Castrim (sim, ele próprio) tinha a partir dos anos 60 uma página destinada a jovens poetas e em que muitos e bons jovens publicaram as suas primeiras letras. Rodrigo Emílio foi um deles. Lembro-me que Castrim bem louvou o nosso Rodrigo pelo poema enviado. Era um trabalho de grande mérito o de Castrim. (aqui revelo um segredo: até eu - um dia - enviei para lá um poema que ele publicou. Foi o primeiro e último, visto eu ter de imediato reconhecido que não tinha qualquer qualidade para versejar. No entanto o Castrim gostou, nanja eu...)

Sobre a permanente disponibilidade do Rodrigo Emílio para reconhecer talentos e defender amizades, reconheço que o grande causador disso foi Amândio César que sempre nos demonstrou que o talento e a qualidade nada tinha a ver com as orientações ideológicas de cada um. Se o autor é bom, é bom. Ponto final. Era a sua máxima. Recordo, por exemplo, que um dia Amândio me mandou ler dois dos seus escritores favoritos - Brasillach e Curzio Malaparte. Um de direita, outro de esquerda. Fiquei fascinado. E ele disse-me que o importante era reconhecer o talento, o resto era acessório.

Outra achega importante. O caso Ary dos Santos. Ary era mais velho que o Rodrigo uma meia dúzia de anos. No entanto coincidiram poeticamente muitas e muitas vezes. David Mourão Ferreira considerava-os os "poetas da geração" (como ele tinha razão). Rodrigo tinha por Ary uma grande consideração (e vice versa). O nosso Rodrigo chegou-me a dizer que Ary era (em potência) um grande poeta "fascista". Apenas o disparate e a humilhação causada pela homofobia de um chefe de brigada da Judiciária (responsável pela brigada de costumes da PJ) e conhecido legionário o tinha levado para o campo comunista. No entanto a época não permitia brincadeiras e os homosexuais eram perseguidos e humilhados de forma acintosa e desnecessária. Foi o que se passou com Ary, que no fim da sua adolescência teve de sair de casa dos pais após umas peripécias lá na Judiciária.

A falta que faz o acento agudo...

A desgraça de Portugal é ao fim e ao cabo a falta de um acento agudo.

Somos um "país" de validos (sem acento) em vez de uma Pátria de válidos (com acento).

quarta-feira, agosto 29, 2007

Ainda a propósito de Leocádio

Como já bastas vezes referi as memórias são como as cerejas. Puxa-se por uma...

Quero hoje falar-vos de Leocádio. Homem pobre, honrado, de uma fidelidade total aos seus princípios. Legionário desde 1934 participou na Cruzada desde os primeiros dias.

Com a reforma não se esqueceu dos seus princípios participando sempre em todas as acções mais musculadas dos camaradas espanhóis. Conheci-o (nos meados dos anos 60) em Aluche, nos arredores de Madrid, apresentado por um camarada português José Tugnon Correia, antigo combatente (na força aérea) em Espanha e na Finlândia (lutando contra os bolchevistas). Era exactamente como o Leocádio. Sempre pronto e sempre fiel.

Na altura que cheguei ao exílio em Espanha procurei-o. Logo me atendeu e passou a dar todo o seu empenho para ajudar os portugueses. Como vivia junto dos quartéis de Campamento e se dava com os sargentos de muitas unidades logo nos propiciou os contactos necessários. Também nos trouxe ao contacto com o jovem Carlos Garcia, ex-paraquedista que - também ele - nos foi muito útil.

Aliás eram impressionantes - em Espanha - os poderes paralelos. Se do Governo de Franco não havia apoio explícito(antes pelo contrário), havendo apenas tolerância, dos sectores informais houve apoios que não poderemos esquecer. E sem que a própria polícia espanhola se inteirasse de nada. Só assim se explica, por exemplo, que esses poderes paralelos tivessem organizado (muito mais tarde e já em democracia), nas barbas do poder político e policial, o plano de eliminação do assassino de Carrero Blanco, que um dia vos contarei.

Pois o nosso Leo (para os amigos) era um homem das arábias. Nunca esquecerei que um dia, em Lisboa, em 1977, ouvi no noticiário as notícias do assassinato de um General do Exército.

Poucas horas depois eram abatidos 5 advogados do Partido Comunista espanhol na Calle Atocha. Parecia e dava a ideia de uma retaliação. Não foi assim, mas que parecia, parecia.

Logo pensei: os únicos capazes de fazerem isto, de uma forma tão rápida, é o pessoal do grupo do Leocádio e do Carlos. E para mim guardei esses pensamentos.

Uns dias depois ei-los presos e responsabilizados pelo atentado. Leocádio, foi condenado por ter propiciado o armamento para o atentado. Morreu pouco depois de sair da cadeia, com um cancro. Não o esqueceremos.

Hoy humo, mañana dinamita...



A propósito da minha confissão anti-bombista do postal anterior tenho de confessar um pecadilho. Sim, na melhor roupa cai a nódoa. Um dia Leocádio Jimenez Caravaca, antigo legionário que (como sargento) fez toda a Guerra de Espanha, camarada notável de uma disponibilidade extraordinária para os portugueses a quem muito ajudou fornecendo-nos muito hardware, pediu-me para o ajudar numa actividade que tinha programado para o dia seguinte. Sem saber o que era disse logo que sim.

E do que se tratava. Estava em cena num Teatro de Madrid uma peça bastante esquerdista, cujo nome ou enredo já esqueci. O que é que ele pretendia. Dar cabo daquilo. Bem pensei eu, entramos lá com um grupo resoluto e limpamos aquilo. Mas não. Ele tinha "inventado" uma coisa melhor. Com uns maços de tabaco, umas ampolas de vidro, umas coisas de plástico, e mais umas matérias inflamáveis e fumegantes faziam-se uns dispositivos muito giros. A nossa missão. Comprar o bilhete, sentarmo-nos e no intervalo sair para fumar. Nessa altura deitar para o chão os tais maços de tabaco e pisá-los para partir o vidro. Cerca de 30 segundos depois aquilo começava a deitar um fumo dos diabos. Lá fomos doze tipos e em 12 locais distintos começou a fumarada. Foi a debandada geral da pobre esquerdalhada. Os bombeiros de serviço ao Teatro apagaram imediatamente a luz. Nessa altura ouviu-se a voz do nosso Leocádio: hoy humo, mañana dinamita.

Assim acabou de vez a exibição da tal peça.

Ou seja eu (à minha maneira) também já fui um bombista (de fumo...)!!!

Há coisas fantásticas, não há?

Isto não é só dizer mal.

Às vezes o governo faz coisas boas e cabe-nos a nós louvar tudo o que tenha a ver com a preservação da Identidade Nacional.

Soube hoje pelos jornais que em Sacavém, no forte Monte Cintra, foi criado um arquivo arquitectónico relativo a 200 anos de obras de preservação do património dos edifícios e monumentos nacionais.

Trata-se do espólio da extinta Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, do INH, do IGAPE, bem como do arquivo de grandes arquitectos portugueses, nomeadamente de Pardal Monteiro.

São 8 quilómetros de prateleiras, com mais de 1 milhão de desenhos e 340.000 fotografias.

Para quando a sua digitalização e acesso em linha?

Conheci (nos idos de 74 e 75) parte do arquivo da DGEMN. A razão foi simples. Um dos seus técnicos, Engenheiro de grande qualidade e probidade (sem qualquer formação ou orientação política) e familiar de outro grande Engenheiro (como ele) e que foi vítima de uma saneamento selvagem para que um seu subordinado (todo de esquerda) conseguisse a almejada promoção. Bom resumindo: o nosso Engenheiro ficou furibundo.

E cedeu-nos uma quantidade não desprezível de plantas e fotos de uma série de edifícios públicos com interesse prático para uma luta que se adivinhava longa. Os locais eram por ele escolhidos (e com critérios bem válidos, reconheço) e permitiram-nos informações muito precisas e valiosas. Chegou ao ponto de indicar nalgumas plantas de estruturas os locais mais frágeis (do ponto de vista de resistência de estrutura) para a eventual colocação de bombas.

Eu que nunca fui bombista (fragilidade minha, mas reconheço uma visceral incompetência nessa área) fiquei na mesma, mas poderia ser útil para alguém.

Quero apenas dizer que a minha total falta de apetência por essa actividade teve a ver com o facto de um familiar meu directo (logo após a implantação da República) se ter feito explodir quando construía um artefacto bombista. E essas coisas ficam na memória familiar.

terça-feira, agosto 28, 2007

Ilha de Moçambique

(Alberto de Lacerda)

Desfeitos um por um os nós sombrios,
Anulada a distancia entre o desejo
E o sonho coincidente como um beijo,
Exalei mapas que exalaram rios.

Terra secreta, continentes frios,
Ardei à luz dum sol que é rumorejo
Para lá do que eu sou, do que eu invejo
Aos elementos, aos altos navios!

Trouxe de longe o palácio sepulto,
A cobra semimorta, a bandarilha,
E esqueci poços, prossegui oculto.

Desdém que envolve por completo a quilha,
Sou bem o rei saudoso do seu vulto,
Vulto que existe infante numa ilha.

Ai vamos longe, vamos ...

Lá morreu Alberto de Lacerda. Nado na Ilha de Moçambique (local mágico, onde se respira Portugalidade por todos os lados), veio para o Continente onde pelos inícios dos anos 50 colaborou no lançamento da Revista Távola Redonda superiormente orientada por David Mourão Ferreira e António Manuel Couto Viana. Nela trabalhou pelo menos nos primeiros 5 números.

Nunca fui um especial admirador da poesia de Lacerda. Recordo apenas um belo Poema à Ilha de Moçambique. É pouco, manifestamente pouco. Mas culpa minha, se calhar.

De toda a vida de Lacerda quero aqui recordar apenas a tacanhez dos burocratas de serviço deste país...

Um dia (e já depois do 25 do 4) um belo dirigente do Instituto de Alta Cultura descobre que o Poeta (que leccionava numa Universidade Americana, com um acordo com Portugal) não dispunha das habilitações literárias necessárias (e burocráticas) para tal encargo. Resultado: despede-se o tipo (que nem doutor é...). Claro que os americanos (reconhecendo-lhe o valor) o contrataram logo de seguida mandando o IAC dar uma volta.

Esta situação (e poder) dos burocratas fez-me imediatamente recordar D. Leonor Prado (uma das maiores violinistas mundiais do seéculo XX e aluna predilecta de Sasha Heifez). Não teve a carreira internacional que poderia ter tido mas ainda hoje (felizmente está viva) o seu nome é recordado com admiração no mundo da música.

Pois não é que os nossos burocratas do Ministério da Educação descobriram que ela não tinha a Licenciatura em Violino e por isso a quiseram impedir de transmitir os seus conhecimentos às novas gerações. Pois é, não era doutora da mula russa.

Ou seja tudo isto para dizer que com burocratas assim vamos longe, ai vamos, vamos...

segunda-feira, agosto 27, 2007

A não perder. O muito nosso Dragoscópio

DRAGOSCÓPIO: Salários, salafrários e dignitários

Ainda mais Wissemann

Tive agora mesmo a informação de que o Nassenstein faleceu em 13 de Fevereiro de 1981, na Alemanha.

Contudo ele foi detido pela PVDE (nome da PIDE na época) em 1944 e deportado para Peniche. Tudo isto por pressões dos ingleses.

Depois como decorreu o resto da história vamos investigar, que para isso é que nós aqui estamos.

Ainda a propósito do MAN

Tive agora conhecimento (através de um comentário a um meu postal de ontem) que o Luís Henriques também desejou envolver o meu nome no MAN, de forma, estou certo, a desviar as atenções dos mais jovens, comprometendo os "velhinhos" e estes que se lixassem.

No entanto, não precisei de ameaças para juntamente com outras pessoas da minha geração dar uma mãzinha jurídica ao MAN (não pelo Luís Henriques - a quem (repito) nada me ligava - mas sim pelo Rodrigo Emílio. Lá se estudou a situação e (deixando o assunto jurídico em muito boas mãos) lá elaboramos mais uns planos para o caso de a coisa correr mal.

Estou certo que os planos resultariam (pelo menos) num forte embaraço para o Estado Português. A campanha internacional preparada (com pesos muito pesados na Imprensa, área cultural e na política) excedeu todas as nossas expectativas. Pode-se assim aferir o prestígio internacional do Rodrigo Emílio.

Houve também uma situação que eu não vou resistir a revelar. Natália Correia sendo informada sobre o teor da lei celerada que previa 2 anos de cadeia para os "simples" simpatizantes do MAN e sabendo o Rodrigo implicado pela polícia logo se disponibilizou para se apresentar na prisão a fim de ser julgada e condenada a 2 anos de cadeia por também ela ser "simpatizante do MAN" (tivemos que lhe arranjar um jornal do MAN para ela saber do que se tratava...).

Estamos certos que ela o faria o que (dado o seu passado e atitudes desempoeiradas) deveria dar uma bronca de todo o tamanho.

Bem, houve mais uns disparates pelo caminho (de alguns velhinhos mais excitáveis), mas nada que não se conseguisse meter na linha...

Na realidade e quando o Rodrigo Emílio chegou a Lisboa para o início do julgamento conseguimos expor-lhe tudo o que se estava a passar e quais as medidas que tinham sido tomadas. E ele bem nos disse: tudo isto é muito bonito mas eu vou dizer-lhes tudo o que me apetecer e não me venham com tretas jurídicas... E a verdade é que disse!

Bem e eu lá assisti a toda aquela palhaçada (devo ser masoquista...). De bom bom tivemos as palavras do Rodrigo. De riso (à gargalhada) tivemos as alegações finais do Ministério Público. Calculem que eu estando com uns jornalistas ao lado ia dizendo antecipadamente tudo (ou quase) que o referido senhor de seguida dizia. Premonição? Não. Apenas plágio das alegações feitas pelo Ministério público italiano em casos semelhantes e que me tinham sido enviadas de Itália.

Enfim houve uns casos mais que deram gozo como a de um jornalista que não acreditava que um mero simpatizante fosse condenado (no Portugal democrático, como dizia) a 2 anos de cadeia. Com tanto azar dele o Procurador declarou isso mesmo logo após as minhas palavras. O homem ficou passado, e só dizia: isto não pode ser verdade...
Desafiei-o de imediato a publicar o que ele passou a ter conhecimento, e o desgraçado só me respondia: não posso, senão sou despedido... Edificante, como vêem.

Karl Wissemann - XII

Há alguns dias tive uma notícia que me deixou entusiamado. Parecia que alguém tinha em seu poder as palavras que Alfredo Pimenta pronunciou no funeral de Wissemann.

A pessoa procurou mas não encontrou. Sabe-se, contudo, que essas palavras estão escritas e não são apenas um improviso.

Esperemos, pois, um dia poder encontrá-las e publicá-las.

Wissemann - XI












Este assunto Wissemann está longe de estar encerrado. Relendo o livro recentemente editado em Portugal sobre "Os Alemães em Portugal", editado pela "Antília" lá descobri o nosso Nassenstein que foi a única testemunha alemã do sacrifício de Wissemann.

Passo a transcrever:

Diz-se que em 1942 a contra-espionagem em Portugal estava a cargo do SS-Sturmbannführer (major) Cecil Nassenstein. Nassenstein, desde 1936 tido como homem de confiança (V-Mann), foi destacado no estrangeiro em 1940 pelo Departamento VI (SD-Estrangeiro) do gabinete principal de segurança do Reich das SS. Dados os seus excelentes conhecimentos de inglês, foi-lhe confiada a tarefa de vigiar as actividades dos serviços secretos americanos e ingleses. No que respeita aos primeiros, desempenhou a tarefa com êxito, mas, relativamente aos segundos, não chegou a decifrar os códigos do MI6. Desempenhou missões altamente secretas pelo menos até 1944, altura em que uma agente sérvia informou que Nassenstein se encontrava em Portugal com o nome de código Cecil Rhode, o que teria levado à sua descoberta.

Karl Wissemann - X

Ainda voltando a Wissemann.

Uma das críticas maiores dos leitores desta série foi a de que o texto da imagem do Jornal Agora em que José O' Neill contava a história de Wissemann era de difícil leitura.

Mercê da magnífica disponibilidade de quem vocês calculam (só ele tem a capacidade para isto) eis o texto completo:

OS MEUS AMIGOS ALEMÃES

Neste meu trabalho, que escrevo por simples passatempo, têm surgido frequentes pretextos de aludir ao Alemães. A frequência de uma citação, pode fazer acreditar que, durante a guerra, ou antes dela, mantive quaisquer contactos com eles, lhes prestei algum serviço, ou fui pessoa da sua simpatia. Aqui garanto, publicamente, que não conheci um único alemão, nem antes nem durante a guerra, que nunca frequentei a Legação nem quaisquer serviços oficiais, que nunca visitei a Alemanha, a convite ou à minha custa (agora vou lá todos os anos), que nunca escrevi uma linha a seu favor durante a campanha ou antes dela (depois que a guerra terminou escrevi centenas de páginas). Antes, e durante a guerra, houve de facto muitos jornalistas portugueses (mais tarde germanófobos encarniçados), que receberam frequentes convites dos serviços de propaganda nazi, que os aceitaram, que encheram as páginas dos seus jornais com artigos de louvor, e que depois cobraram em dinheiro alemão o preço do reclame que fizeram. Eu, não. De resto, nem sequer era jornalista, que só o fui, e amador, quando já os Alemães estavam esmagados, presos ou enforcados, e os que viviam emigrados, tomaram eles que ninguém soubesse a que raça pertenciam. A minha simpatia germanista foi sempre desinteressada, como provei, defendendo a grande nação antibolchevista numa altura em que até os burros lhe davam coices! Ao contrário de muitos outros, dos tais que assinaram recibos de dinheiros recebidos dos serviços alemães, e que, sabendo esses recibos apreendidos, pelos Aliados, nos arquivos da Legação germânica, haviam passado a insultar, de castigo, a Germânia prostrada, para desfazer a má impressão que deveria ter causado ao vencedor a existência de tais recibos. Ao inverso destes salta-pocinhas da pena, só comecei a defender por escrito os Alemães um ano depois da guerrra terminada! E, ainda nessa data não conhecia um único alemão! Mas repugnava-me ouvir chamar ao povo «fronteiro da Europa», uma nação de 80 milhões de gangsters!
Os meus escritos que me valeram que os Espanhóis asseverassem que D. Quixote vivia em Lisboa, e os dois meus companheiros, sobretudo os de Alfredo Pimenta, Carlos Afonso de Carvalho, Manuel Anselmo, Joaquim Lança, Alberto Jerónimo, César Augusto, Francisco José de Brito, Parente de Figueiredo, Matos Gomes, Gonçalves d`Andrade, Manuel Saldida, António Matosco e outros, os desenhos impressionantes do espantoso realismo de Luís Andrade, e de Cunha e Costa, acabaram por sensibilizar de tal maneira alguns alemães, que viviam escondidos na sombra, cheios de pavor pela montaria de que eram alvo, que, um dia, conheci dois deles, os quais, apesar da sua gratidão para comigo, e de sentirem quando eu era amigo deles, nem em mim se confiaram inteiramente?
Na minha secretária da redacção encontrei um dia, uma carta. Não trazia selo, o que indicava que fora levada por mão própria, mas ninguém sabia quem fora o portador. Abria-a e lia-a. Estava escrita à máquina e não continha assinatura. Alguém me perguntava se me interessaria publicar uma série de artigos sobre os Julgamentos de Nuremberga. Em caso afirmativo, os artigos ser-me-iam entregues pela mesma via. Simplesmente, o anónimo correspondente não sabia como poderia eu dar-lhe uma resposta. Pensei no caso e lembrei-me de uma solução: publicar um anúncio no jornal, prometendo aos leitores, para breve, uma série de artigos sobre o Crime de Nuremberga, da autoria do nosso colaborador João das Regras. Como os artigos versavam temas de Direito, e o autor era para mim até então desconhecido, o nome de eminente jurisconsulto de D. João I ficaria bem. Pensei também na hipótese dos artigos não terem categoria intelectual suficiente: neste caso, o papel de João das Regras teria de desempenhá-lo o Dr. Alfredo Pimenta.
Com a publicação do anúncio, o meu anónimo correspondente compreendeu que me interessava a colaboração oferecida e mandou-me o primeiro artigo. Foi uma sensação! Depois veio outro e outro, até ao último. E eu sempre na ignorância do nome do autor! Entretanto, de todos os lados me pediam que esclarecesse sobre quem seria o autor, dos sensacionais artigos que uns atribuíam ao Prof. Cabral Moncada, outros, ao Dr. Alfredo Pimenta e a outros ainda.
Até que um dia o escritor Fernando de Campos, que, por vezes, também colaborava no jornal, veio convidar-me para tomar chá em sua casa. Estranhei o convite, porque o falecido escritor integralista não era muito das minhas relações, nem eu tinha por hábito tomar chá das 5 horas, para mais em casa alheia, embora acolhedora. Mas o distinto homem de letras tanto insistiu que fui. E em sua casa encontrei os primeiros dois alemães que conheci na minha vida. Uma deles era o meu correspondente anónimo, a quem eu pusera o pseudónimo de João das Regras!
Chamava-se o meu amigo João das Regras, Karl Wissmann, fora Adido de Imprensa em Vichy e em Lisboa, e não sei se ocupara outras posições de destaque na política do seu país. Só sei que era um homem magnífico, extraordinariamente culto, um verdadeiro chefe, com quem a sua pátria podia contar para se erguer, quando o vencedor se cansasse de cevar o seu ódio na carcassa do vencido. E precisamente porque era culto, valoroso, inteligente e jovem, era procurado com afinco pelo inimigo, que não sofria que ficasse vivo, depois da guerra, um alemão da sua têmpera! O companheiro de João das Regras era oficial do Exército, herói de muitas lutas, chamado Nasenstein, se bem me recordo, mas que se apagava na presença da forte personalidade do primeiro, seu irmão de infortúnio. Ambos viviam em Lisboa, onde os apanhara o final da guerra, escondidos de todos e da polícia, com nomes supostos e falsa nacionalidade, só saindo de casa à noite, porque até da própria sombra suspeitavam. E tinham razão para isso!
Pois estes dois meus amigos alemães, que apenas confiavam na família de Fernando de Campos, nem a mim divulgaram onde se acolhiam. Se o tivessem feito, talvez ainda fossem vivos! Encontrava-os todas as sextas-feiras, em casa daquela distinta família, e ainda hoje recordo os momentos inolvidáveis daqueles ansiados encontros semanais!
Mas o inimigo estava alerta, e procurava-os como se fossem malfeitores. Até que os encontrou, na pensão em que viviam, como cidadãos polacos refugiados. No momento da prisão, Karl Wissmann matou-se; Nasenstein quis fazer o mesmo, mas não teve tempo. Foi preso, levado para bordo de um avião, transportado com algemas para Hamburgo, metido num campo de concentração aliado, de onde escreveu passados meses, pedindo roupa, para não morrer de frio, antes do julgamento, que ainda demoraria, porque tinha trinta mil à sua frente!!!
Karl Wissmann foi sepultado no cemitério alemão de Lisboa. Junto do coval o Dr. Alfredo Pimenta pronunciou um comovedor discurso que fez saltar as lágrimas dos olhos de todos os presentes. Este discurso, de exaltação das qualidades morais de um homem que estava morto, quase assassinado, não foi possível publicar-se.
De Nasenstein nunca mais se soube. Não sei se escapou, se foi assassinado, após algum daqueles julgamentos que juízes de todas as nacionalidades, incluindo sululandeses se entretinham a fazer na Alemanha, por passatempo, depois da guerra.
Foram estes os únicos alemães que conheci. Por isso, quando certo tarado, com a carteira de jornalista, obtida por empenho, me classificou um dia de «germanófilo de proveitos», senti cá dentro tão grande ira que era capaz de o desfazer, se, naquela altura, o apanhasse «à mão de semear»!

José O`Neill

In jornal «Agora», págs. 1/11, 27.10.1962.

domingo, agosto 26, 2007

Como raio o Rodrigo foi implicado no caso MAN



Todos nós sabemos a disponibilidade total que o Rodrigo Emílio tinha para com todos os jovens que desejassem continuar a luta a que sempre se tinha dedicado. Não se escusava a nada. Fossem quais fossem os defeitos ou as maiores ou menores qualidades dos visados o Rodrigo sempre que lhe pediam ajuda correspondia sempre. Com uns artigos, com umas opiniões, mas nunca - por nunca o ser - no esquema organizativo ou táctico/estratégico dos movimentos.

No entanto ele foi metido à viva força (pelo SIS, DCCB e Ministério Público) como o principal organizador - e chefe - do MAN. Coisa que como todos nós sabemos nunca foi.

Como está referido no livrinho citado o problema do SIS era tentar implicar gente mais velha, de referência, no MAN; caso contrário o Movimento pouco ou nada poderia implicar a nível de segurança. Também em relação às relações internacionais do MAN se veriificou um vazio que fez uma vez mais desesperar os agentes do SIS.

A oportunidade de ouro foi o bom do Rodrigo. O "nosso bufo" começou a rodear o Rodrigo, a sugerir repetidamente que se consultasse o Rodrigo, a implicar, por tudo e por nada o Rodrigo Emílio. O que lhe causou, devo confessar, alguma preplexidade. Ele que nunca se interessou verdadeiramente pela organização, pretendendo ser acima de tudo um elemento garante da fidelidade aos Princípios e às Ideias, achou tudo muito estranho. Mas com a sua proverbial disposição lá continuou no seu exílio de Parada com a sua actividade normal. O assunto chegou ao ponto de alguém (SIS ou DCCB??) terem feito vigilância (canhestra, temos de confessar...) à Casa de S. José.

E lá foram mais umas massas dos nossos impostos...

E foi assim que nos vimos defrontados com a ameaça real (bem real) do Rodrigo Emílio malhar oito anos com os ossos na cadeia. E isso, meus caros, nós - os Amigos - não íamos deixar, apesar dele dizer: "se tiver de ser eu vou... 8 anos a mais ou a menos é a mesma coisa".

Eu não me carteio com essa gente



Por causa daquela palhaçada toda do bufo de serviço ao SIS o Tribunal constitucional reuniu-se em plenário para julgar a extinção do MAN, primeiro passo legalmente necessário para poderem meter na prisa meia dúzia de pessoas que incomodavam os tipos do sistema.

As principais vítimas a serem imoladas no altar da sagrada constituição a que temos direito seriam o Luís Henriques e o Rodrigo Emílio. 8 anos de cana para cada um era o resultado esperado. Os outros levariam um pouco menos (mas tudo para cima de 2 anos. Curiosamente o bufo também... ah!, ah!, ah!...

Bom, mas adiante.

Lá veio o habitual e burocrático processo de convocação de testemunhas, etc.

Lá seguiu a carta (registada e tudo) para Parada onde o Rodrigo Emílio deveria ser notificado. Todos nós (os Amigos do Rodrigo) sabíamos quão teimoso ele era. Se não queria abrir a porta de sua casa não abria e ponto final. Ora imaginem o que os desgraçados dos polícias que o queriam citar passaram... Até que depois de muitas e baldadas tentativas uma agente da psp teve uma brilhante ideia. Chegando à fala com o nosso Rodrigo informou-o que tinha uma carta do TC para ele. Ao que o Rodrigo retorquiu: "Eu não me carteio com essa gente!"

Mais uma vez - e em desespero - a referida agente resolveu sugerir que lhe leria a carta e ele assim seria notificado. O Rodrigo lá anuiu e foi assim que teve oficialmente conhecimento que tinha de estar em Lisboa para a referida audiência no tal plenário de juízes.

E lá veio ele... Mas eu vou continuar

Os bufos


Saiu há tempos um livro sobre os Serviços secretos portugueses editado por um jornalista José Vegar e em que revela algumas coisas sobre o SIS e seus antecedentes.

Foi escrito em colaboração (óbvia) com alguém lá de dentro. Do resto de que fala pouco me importa, não quero - contudo - deixar de analisar o que lá está escrito sobre o episódio MAN (Movimento de Acção Nacional.

Conforme se recordam o MAN surgiu em meados dos anos 80, impulsionado por diversos jovens de entre os quais se destacou o Luís Henriques. Luís Henriques era um jovem com muitas qualidades e quase tantos defeitos (aliás, como todos nós). Passou das palavras aos actos e isso foi importante. Nunca o acompanhei nessa sua missão mas nunca lhe faltei com os conselhos (duas ou três vezes, no máximo) que me solicitou. Fez coisas acertadas, coisas erradas, mas fez!

Editava um Jornal que eu comprava nas bancas. Foi a minha única atitude simpática face ao MAN.

Não concordei com algumas atitudes descabeladas do MAN, nomeadamente uma que me chateou a sério: um dia numa conferência organizada pelo Miguel Castelo Branco, da Nova Monarquia, em que estava presente um Grande Português (de cor negra) um grupo de elementos dessa Organização resolveu marrar com ele só pela cor da pele. Saltou-me a tampa e disse algumas coisas que os tipos não gostaram, mas não gostaram mesmo! Que se lixe!

Bom voltando atrás.

No referido livro conta-se a história de um tipo que (de ressabiado e com falta de massas) resolveu passar a ser o bufo de serviço do SIS junto do MAN. Até aqui nenhuma novidade (já se sabia e o tipo já tinha sido identificado). O que eu gostei mais de saber foi que foi ele que implicou o nosso Rodrigo Emílio em toda a guerra do MAN. Sim porque para mostrar serviço - e continuar a receber as massarocas - o MAN tinha de ser uma ameaça real. Para isso nada melhor do que envolver o Rodrigo Emílio e uns estrangeiros no assunto.

É patético que o estado tivesse gasto dinheiro desta forma. Que falta de nível. Foi atroz ler o que li. Então o SIS é isto? Deus meu! Estamos entregues aos bichos!!! E querem eles agora investigar a ETA. O quê? Com gente desta? Bem vão gozar os etarras habituados que estão a lidar com gente a sério!

Enfim cada país tem os serviços que merece.

Mas depois deste intróito eu vou contar - em próximos postais - umas coisas da época.

sábado, agosto 25, 2007

O que eles querem é massaroca...

As novas festas gualterianas...



Não não fala das Festas Gualterianas que desde 1906 nos deslumbram em Guimarães.

Falo sim das festas do "doutorando" gualter, que de santo parece não ter nada...

Tanto quanto fui informado este novo "inquisidor - mor" do reino frequenta um convento pouco ortodoxo ali para os lados do bairro alto. Não usa cilício mas sim uma correntes com berloques e gosta muito de caviar. Ou não habitasse no lado esquerdo do convento. De quando em vez está pela RDA (república democrática de almada). Foi candidato de um partido que hoje quer à viva força ir para o arco do poder. Ou não tivesse o seu chefe dito (no dia das eleições da CML) a frase assassina que nenhum comentador ou jornalista reparou: nós somos socialistas da esquerda...

Mas adiante.

Hoje apetece-me falar dos transgénicos. E de sementes. Para contar uma história edificante. Para quem não sabe a maioria das plantações hoje realizadas são feitas com sementes já geneticamente trabalhadas. Para evitar doenças, etc... O que dá a mania da normalização...

A diferença destas sementes de milho é que elas não produzem novas sementes obrigando os agricultores a comprarem à Monsanto (multinacional detentora da patente) novas sementes todos os anos. Ou seja um maná para os "capitalistas"...

É evidente que em laboratório poder-se-ia conseguir criar sementes com as resistências destas mas reprodutíveis. Mas como a Monsanto tem a patente mundial ninguém pode ir por aí...

Uma história lateral, mas muito, mesmo muito, importante. No final da 2ª GM os ingleses (com o direito de saquear que lhes foi dado em Ialta) levaram para Inglaterra a maior "colecção" de sementes originais do mundo. Estava numa Universidade Alemã.

Passados mais de 30 anos e como era caro manter essa acervo científico os ingleses resolveram ver-se livres do pesado fardo. E que fazer? Devolver aos alemães. Nem pensar. Vende-se aos americanos (e barato). E eles lá fizeram o sacrifício de acolher as sementinhas.

Ou seja, caso estas sementes trabalhadas em laboratório derem para o torto e for necessário restabelecer as plantações originais da natureza os americanos possuem a matriz. Estão a imaginar o que isto significa?...

Enfim nisto o nosso gualterzinho não fala. Prefere atacar a Monsanto... Eu não disse atacar em Monsanto, perceberam...

Ainda a propósito da Eufémia...

Claro que estas coisas são como as cerejas. Puxa-se por uma e ...

Então do que é que eu me fui lembrar:

Os comunas da nossa praça sempre que se fala na Catarina Eufémia não se cansam de repetir que a ceifeira (essa sim) morreu com um bébé na barriga (por estar grávida de poucas semanas).

Então afinal (e depois do novo revisionismo comunista) o que uma mulher tem na barriga é um amontoado de células ou uma criança? Palavra que estou baralhado. Eu só os ouvi dizer na altura do referendo dos abortistas que até às 10 semanas (em ponto, tipo relógio suiço) só lá estava um monte de células!

Então afinal em que é que ficamos: é bébé ou é um amontoado de células: (como eles costumavam dizer em relação ao Alqueva) definam-se, porra!

Cereal Killers...

Ou a gargalhada geral no mundo rural...

Um grupo de bons burgueses daqueles que frequentam o Bairro Alto (e nunca trabalharam na vida) resolveu atacar uma plantação de cereais no Algarve. Tudo foi dito e explicado por muita e boa gente. O que eu não vi, foi ninguém rir à gargalhada com a afirmação do "doutorando"? Gualter de que tinham ceifado as massarocas de milho lá do pouco informado agricultor algarvio.

A gargalhada foi geral nas ceifeiras alentejanas. O quê: "ceifar" milho!!!! Ah, ah, ah!!!. Hoje ainda se estão a rir. Nenhum jornalista percebeu que o milho não se ceifa. O trigo sim. Mas milho e trigo não são precisamente a mesma coisa.

O "doutorando" Gualter não sabe, mas isso é normal. Ele só tem 28 anos e anda na universidade. Nunca trabalhou, como é que poderia saber. Mas os jornalistas, Senhor?

Outra reflexão a propósito dos eufémicos. Eles deveriam estar à espera que a GNR criasse uma nova Catarina Eufémia. Só que o tenente da nova gnr não desejou ser o novo Carrajola. Chamar o SEF para identificar os estrangeiros sem papéis... Não que isso dá chatice. Tira-se a matrícula aos carros, identifica-se meia dúzia de portugueses que o ordenado no fim do mês vem na mesma, e não se arranjam problemas. Além de mais é um emprego para a vidinha, e isso é que faz falta hoje em dia...

terça-feira, agosto 21, 2007

Ainda Aljubarrota


No dia 14 de Agosto e apesar de estar em férias não resisti e passei todo o dia (em espírito) em São Jorge, no campo de batalha de Aljubarrota. Frequento o campo desde os meus 6/7 anos (levado pelo meu Pai) e desde os 13 por vontade própria. Trabalhei fisicamente (nos idos de 60) na recuperação da capela de S. Jorge bem pertinho do campo sagrado da Independência de Portugal.

Pensei nas gerações que continuaram a gesta do Condestável. Pensei também nos traidores que neste solo português nasceram. Pensei também nestes iberistas da treta (saramagos, linos e associados, sociedade anónima de irresponsabilidade ilimitada). O vil metal uma vez mais condiciona estes iberistas para quem um fim do mês mais fácil é meio caminho andado para se entregarem de "alma?" e "coração?" nas garras de Castela.

O nosso muito caro Amândio César


Vou-vos falar hoje um pouco do nosso Amândio César e refutar (por ser testemunha directa) uma das acusações que lhe é feita pela nossa esquerda catita. A saber: Amândio César é o responsável do assalto à Sociedade Portuguesa de Escritores. Assim, tal e qual.

Mas eu conto:

Em 21 de Maio de 1965 a Sociedade Portuguesa de Escritores, presidida por Jacinto Prado Coelho, atribui um prémio literário a Luandino Vieira, nome literário do português de origem e independentista angolano, José Vieira Mateus Graça, pelo seu livro Luuanda.

A atribuição do prémio (de cariz nitidamente política - que não literária) gerou uma forte comoção em Lisboa. Luandino era um militante comunista, filiado no MPLA. O júri de que faziam parte elevado número de escritores do aparelho "intelectual" do PCP (os pequenos e médios intelectuais, como na altura se dizia) decidiu, por maioria, atribuir o prémio - um dos mais prestigiados em Portugal e, até à data, sempre entregue a personalidades de esquerda ou de direita, mas com méritos artísticos firmados, ao escritor (e preso político) do MPLA. Estávamos em guerra e o MPLA continuava a chacinar portugueses de todas as etnias.

Amândio César - o primeiro a ensinar-me que não há escritores de direita ou de esquerda, há sim bons e maus escritores de todos os lados da barricada, reage publicando um artigo em que condena veementemente a atribuição do referido prémio. Também de imediato lança uma campanha entre os confrades escritores para a realização de uma Assembleia Geral que destituísse os corpos sociais da SPE. Os escritores Joaquim Paço d'Arcos e Luís Forjaz Trigueiros, em protesto, chegaram a pedir a demissão da sociedade. Jacinto Prado Coelho (Presidente da Sociedade) demarca-se da atribuição do prémio...

É então que um grupo de algumas centenas de jovens resolve assaltar e destruir a SPE. Eram jovens e não pides conforme anos mais tarde Urbano Tavares Rodrigues (do sector intelectual do PCP) diria. Toda a SPE foi destruída com excepção da Biblioteca e dos quadros dos escritores nela expostos. Dias depois Galvão Teles assina o despacho a extinguir a SPE.

Bem e agora voltando à história. No dia seguinte quando entro no Aviz vejo o nosso Amândio com cara de caso. De chofre perguntou-me: fizeste parte daquele grupo de vândalos que destruiu a Sociedade? Não lhe respondi, porque ele me não deu tempo. Começou com uma catilinária sobre os excessos dos jovens, que o que eles tinham feito era um disparate. O que os salvava era não terem destruído a biblioteca, etc... etc...

Durante uns bons tempos e sempre que o assunto se propiciava lá vinha ele falar dos energúmenos que tinham destruído a SPE que ele estivera a ponto de assumir (para o nosso lado) a sua direcção. Que os jovens tinham de pensar em vez de fazer disparates, que o PC e os católicos progressistas franceses só falavam do ataque o que muito prejudicava Portugal, etc.

Um dia disse-me mesmo. Se eu sei que participaste no assalto nunca mais te falo!

Pois foi a este Homem que a esquerda acusou de ser o instigador do assalto à SPE. É falso. Eu ouvi dele coisas horrendas. E como me custaram!

segunda-feira, agosto 20, 2007

Mais uma resposta a uma Anónimo...

Um caro anónimo que (ao que vejo) continua a ter pachorra para me ler, vem-me acusar de "anti-semitismo" a propósito de um despretensioso postal que coloquei dia 6 de Agosto. O que eu queria dizer naquele postal (e tem tudo a ver com a forma como o governo deste país trata os nossos antigos combatentes) era que o governo israelita tinha recebido ( e continua a receber) triliões (em português, ou seja milhões de milhões de milhões) de marcos alemães por causa da shoa (equivalente ao nosso PIB durante mais de 7 anos). Seria, no mínimo normal que esse governo procedesse de forma menos economicista face aos sobreviventes desse caso. Mas não, 14 euritos (dois mil e oitocentos paus) e já gozas... Ora isto é mangar com as pessoas!

Outro dos factos que me chocou foi o da senhora na entrevista dizer que odiava os alemães e que eles deveriam ser todos mortos, mas em simultâneo aceitava de bom grado lá viver e que o governo alemão lhe desse uma boa pensão e lhe pagasse os seus medicamentos. Ou seja vende-se por um prato de lentilhas.

Mas eu diria exactamente o mesmo se se tratasse de outra situação semelhante noutra qualquer parte do planeta. Imagine-me a trabalhar para uma empresa titulada pelos descendentes de um dos liberais que na Guerra Civil portuguesa enforcou (negando-lhes a honra de um fuzilamento!) quatro dos meus antepassados (só por serem legitimistas). Era impensável. Mas a isso chama-se carácter.

Ou seja, para si, tudo aquilo que eu possa dizer sobre os judeus é anti-semitismo. Mas no mesmo dia em que li o seu comentário a D. Esther Muznick publicava um artigo no Público em que criticava o cardeal francês (judeu de origem) que se converteu ao catolicismo, discordando profundamente dessa conversão. Será que isso é anti-catolicismo?

Como dizia noutro dia hoje o "anti-semita" não é aquele que odeia judeus, é sim aquele que os judeus não gostam! Não sei porquê, mas não gostam de mim. Pois fiquem com os vossos gostos que eu continuo igual ao que sempre fui. Um homem livre de pensar e criticar tudo aquilo com que não concorde.

Acabou-se o que era doce ...

Pois acabou. Durante cerca de uma dúzia de dias estive com uma preguiça aguda. Precisava. A cabeça parecia que estourava. Estive apenas a cansar-me fisicamente. Foi óptimo. Foram as férias que precisava.

Também não escrevi porque dos três factos mais salientes ocorridos na minha ausência - o aniversário da morte de Amândio, os cem anos de Torga e o (esperado) falecimento de Carlos Eduardo de Soveral - foram superiormente tratados pelo Nonas.

Vocês nem calculam o deleite com que li os magníficos postais por ele escritos, o seu trabalho de documentação, o seu fabuloso (não tenhamos medo das palavras) texto sobre o muito nosso Soveral. Vi que não fazia falta nenhuma. Porque o Nonas estava no seu melhor. Ainda bem!

Li também com enorme prazer o texto do Bos sobre o ACR. Desconhecia a história e fiquei contente pelo facto de o BOS nos ter encantado (uma vez mais) com um texto de grande qualidade o que conseguiu sem dar muito tautau no ACR.

Um dia destes, ou talvez hoje ainda, vou também falar (uma vez mais desse Senhor). Aproveito porque durante as mini - férias reli algumas coisas de Dostoievski e (não sei porquê) lembrei-me muito de ACR. Mas eu depois conto.

terça-feira, agosto 07, 2007

0% de racismo - 100% de identidade

Pequena sonata para piano e pescoço


... ou a paranóia dos "exílios".

Um dos aspectos mais caricatos dos exílios é a paranóia que se instala entre os que os sofrem.

Garanto-vos que não estava preparado. Quando se está no exílio perde-se (bastante) o contacto com a realidade e assistimos a situações que (de tão caricatas) nunca por nunca o ser as julgavamos possíveis.

Uma das situações que mais me custou a ultrapassar (no meu caso) foi a falta de vivência diária da situação. O não saber como as coisas corriam (na realidade) ou ver com os nossos olhos as reações dos envolvidos deixa-nos num estado de tensão muito grande. Sim porque uma coisa é receber relatórios ou visitas outra é viver o dia a dia. Mesmo as fugazes deslocações a Portugal não me davam a perspectiva real do que se estava a passar. Numa situação revolucionária é necessário viver o momento, caso contrário podemos ter uma noção errada do que estava a ocorrer.

Mas adiante. Todo este intróito tem a ver com o meu postal anterior em que falava de umas ameaças de morte feitas logo no dia imediato a eu chegar a Madrid.

Vale a pena contar só para revelar o espírito que se vivia entre diversas pessoas. O que me valeu foi ter o Rodrigo Emílio como companhia diária para escapar à parvoeira instalada entre certa gente.

Pois o nosso homem (da direita dos interesses) que tinha sido de um tal Partido Liberal resolveu (por estar com uns capangas e gostar de mostrar que era muito homem - andava com um 9 longo á cintura) ameaçar-me com uma corda de piano à volta do meu pescocinho visto ser "amigo" do "pêpê. Apesar de estar desarmado e sozinho (e com o meu mau feitio da época) estive vai não vai para me atirar a eles. O que me valeu foi a necessidade imperiosa de transmitir ao Rodrigo as últimas. Lá me aguentei conforme consegui e sem reagir.

Mas que cá ficou, ficou.

Passados uns tempos estando eu na zona de Aluche (arredores de Madrid) visitando um camarada espanhol (que muito nos ajudou) com quem é que eu dou de caras. Pois com o "pianista". Para quem não conheça, Aluche, na época, era quase um descampado. Estava ainda a ser feito o parque "Arias Navarro". Aproveitando o facto resolvi logo ali desafiar o nosso homem para interpretarmos (em conjunto) a tal sonata para piano e pescoço que o rapaz tinha tentado executar uns tempos antes.

Foi um problema dos diabos. Ele bem sacou da 9 longo (arma demasiado grande para se ser rápido) e logo ficou sem ela. Resultado sem a "pistolita" (e sem os capangas) o rapaz deu às de vila diogo. Nunca mais o vi. Aliás minto, pouco antes do 25 de Novembro, vi-o de novo. Desta vez nem esperou e saiu logo pela esquerda baixa (ou seja fez uma ofensiva à Spínola ...).

Ou seja misturar a direita dos interesses com a direita dos valores dá sempre (ou quase sempre) mau resultado. Foi esse um dos principais problemas do pessoal que estava em Madrid. Tirando um ou dois casos pontuais a gente da direita dos interesses estragou mais do que ajudou...

Hoje o nosso "pianista" é do PSD, depois de ter passado pelo CDS. Enfim o costume.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Receberam que se fartaram ...

... e agora não pagam.

Ou ainda

Os sobreviventos da shoa pedem asilo na Alemanha...

Viemos a saber pelo "público" de hoje que os sobreviventos do holocausto residentes na terra prometida estão mesmo chateados visto que o governo deles só lhes quer dar 14 euros de aumento na pensão que recebem por aquele motivo. Ora os israelitas fartaram-se e fartam-se ainda de receber o cacau alemão para pagamento dos campos de concentração. E distribuir pela sua gente é que não.

Calculem que a TV entrevistou uma mulher a viver em berlim. Ela contou que saiu de israel para ir viver na alemanha porque ali recebe medicamentos de graça e tem uma boa pensão mensal... Ou seja ela está-se nas tintas por viver na "terra dos assassinos do seu povo". O que ela quer é carcanhóis, pilim, massaroca ...

E os alemães a pagar...

Para acabar com a história do MPP

Acho que já gastei tempo mais do que suficiente com este tema. Prometi-vos falar do "mau da fita" e é disso que hoje me vou ocupar.

Na reunião inicial do MPP estiveram presentes, para além de mim e da Maria J.,algumas pessoas das quais me recordo de Galamba de Oliveira, Gama Ochoa, José Vaz Pinto, José L Pechirra, Adelino Felgueiras Barreto, António da Cruz Rodrigues, José Bayolo Pacheco de Amorim, Nuno Abecassis, Fernando Meira Ramos, Rückert Moreira e Pedro Rocha. Posteriormente e já passava das 22,30 chegou o "o outro".

Mas quem era o "outro". Chamemos-lhe "pêpê" (o seu nome de código). Era um jovem que aderiu aos meios nacionalistas ainda no tempo de Salazar. Graduado da MP e da Milícia veio a colaborar com diversas organizações nacionalistas da época. Tratava-se de um jovem com (digamos) alguns comportamentos pouco ortodoxos(não sou entendido na matéria pelo que me abstenho de os caracterizar). Sempre assim o conheci e sempre o aceitei assim. Não tinha e não tenho nada a ver com as características das pessoas.

Bom adiante... Um dia jovem Alferes Miliciano foi mobilizado para a Guiné. Ia cheio de ideias e ideais. Spínola tinha convidado anteriormente uma série de elementos ligados aos meios nacionalistas para a sua equipa de propaganda. Zé Vale, Sá Pessoa, etc. O pêpê ia integrar a equipa.

Passado cerca de um ano reencontro-o em Lisboa. Furibundo. De férias no meio da comissão queria alertar tudo e todos da traição que grassava na Guiné. Relatou-me(nos) coisas do arco da velha, com nomes, locais e datas. Tudo muito detalhado. Os nomes dos traidores estavam lá todos. Referiu que perante tudo isto se tinha rebelado e como tal tinha ido malhar com os ossos na zona de combate. Não que isso o preocupasse muito (honra lhe seja), mas sim porque assim a coisa ia acabar mal.

Minha culpa (e não só). Como ele por vezes era um pouco exagerado não lhe demos o crédito que sem dúvida merecia. Aliás eu próprio quando assisti em Moçambique a umas cenas semelhantes percebi lindamente tudo e bem arrependido fiquei de não lhe ter ligado.

Bom regressemos ao 25 (convém lembrar que o seu irmão era do mfa...). Logo o "pêpê" começa a aparecer um pouco por todo o lado com uma militância desenfreada, ligando-se a tudo e a todos. Jovem advogado (recém licenciado) invocando ter sido o primeiro a desmascarar a traição da Guiné, mexia-se de forma frenética em sítios inimagináveis. Conseguiu ter acesso a militares, políticos, banqueiros, etc. A sua capacidade de convencimento das pessoas era notável. Eu que o conhecia bem afastei-me o mais possível dele (não porque o julgasse um traidor infiltrado, mas por uma questão de segurança, visto ele se estava a expor muito).

Antes do 11 de Março coincidi, por acaso, numa reunião de pessoas a sério e muito espantado fiquei de o ver lá. Afastei-me logo, foi a minha sorte...

Corriam então em Lisboa informações desencontradas sobre o nosso homem. Que era um provocador, que era um bufo, etc. Cheguei a receber perguntas concretas sobre ele vindas de Espanha. Mas sempre respondi de acordo com o que pensava.

A verdade é que a seguir ao 11 de Março não fui de cana e se ele fosse o tal bufo de que se falava teria ido de certeza... Adiante.

E eis-me chegado ao dia 29 de Maio de 1975. Na véspera tinha passado a fronteira (a salto). Encontrava-me em Madrid onde aguardava por Rodrigo Emílio. Recebo uma visita de diversas pessoas que conhecia (uns mais do que outros) que logo me começaram a "interrogar" sobre as minhas relações com o tipo. Lá fui respondendo sem grande interessa visto pouco (ou nada) ter a ver com aquela gente. Até que o caldo se entornou. Um deles ameaçou-me de morte, falando-me duma corda de piano à volta do meu pescoço e coisas do género. Bem é preciso esclarecer que eu na altura tinha muito (mas mesmo muito) mau feitio. No entanto como era importante (antes de resolver esse problema) estar com o Rodrigo lá me aguentei (conforme pude) sem estrilhar o suficiente. (depois eu conto o desenlace desta historieta...).

Poucos dias depois sou interrogado exaustivamente pela polícia espanhola também sobre ele. Contaram-me coisas do arco da velha (desde ele ter estado em Badajoz a tirar nota das matrículas dos carros dos portugueses, até sei lá...). Lá expliquei detalhadamente aquilo que eu pensava ter ocorrido, as características do rapaz, etc.

Ainda fui chateado mais duas ou três vezes sobre este homem. Mas a verdade é que ninguém (que eu saiba) que tenha partilhado com ele alguns segredos foi de cana ou sequer interrogado sobre matéria em que estivessem os dois envolvidos.

Depois de tudo ter passado e cada um tentar refazer as suas vidas o nosso "pêpê" continuou igual.

Ou seja gastou-se, quanto a mim, tempo a mais com ele. E ACR acusa-o de ser um elemento provocador (no mínimo). Aí ele tem razão. Mas era pela sua maneira de ser e estar na vida...

Amândio César - 20 anos de saudade

Vou começar esta semana a publicar o máximo que conseguir referente ao muito nosso Amândio César. Dia 10 faz 20 anos que nos deixou fisicamente. Mas posso-vos garantir que para muitos - mas mesmo muitos - ele continua na nossa memória.

O horror absoluto

Faz hoje anos que os americanos lançaram a sua primeira bomba atómica sobre o Japão.

O Presidente deles disse que era a vingança do ataque a Pearl Harbour. Houve contudo uma "pequena" diferença. Pearl Harbour era uma instalação militar, com elevado número de armas defensivas e ofensivas. Hiroshima nem defesa anti - aérea tinha.

Não foi o ataque mais mortífero da guerra (quer Dresden quer Hamburgo ultrapassaram significativamente o número de mortos civis de Hiroshima). Mas abriu um capítulo novo na história da humanidade.

Não que o mundo tenha ficado mais feliz, antes pelo contrário, mas sim porque inviabilizou qualquer guerra que não seja local.

Numa data destas quero apenas recolher-me e recordar os pobres dos civis mortos, afinal os grandes derrotados de todas as guerras.

sábado, agosto 04, 2007

Em nome da metáfora...



600 cristeros enforcados nos postes telefónicos que ladeavam o caminho de ferro mexicano. Mortos em nome da "Inteligência"

"Em nome da arte" já teve os seus efeitos. Um dos visados na parte final do meu postal já reagiu. (não não falava do Prof.Doutor Damásio. Falava de outros dois que lá estiveram...)

O nosso homem telefonou-me tentando corrigir-me e declarando que as palavras do chefe da frelimo eram uma metáfora. Que eu não tinha compreendido bem. E que não havia qualquer mal em ele usar agora o "avental", visto aquilo ser uma "coisa esotérica"(sic).

Pois eu insisto e persisto.

A esquerda mundial (apesar da sua superioridade moral, Soares dixit) teve sempre por hábito, arranjar desculpas quando fuzila, enforca, esgana ou corta cabeças aos seus inimigos.

Na Hungria de Bela Khun era em nome da "cultura". Nas guerras cristeras do México era em nome da "inteligência", nos Kmerhs vermelhos era em nome do "homem novo", e assim seguidamente.

Pois eu afirmo: em Moçambique correram hectolitros e hectolitros de sangue de renegados (é certo), mas também daqueles que tiveram coragem de ser portugueses até ao fim.
O "poeta" afirmou que a arte devia fuzilar os inimigos da revolução.

Afinal era uma metáfora, segundo me foi referido.

Ou seja os desgraçados levaram com umas rajadas de "metáforas" propiciadas por aquele belo objecto difusor de "metáforas" - a Kalashnikov. E levavam a metáfora final propiciada agora pelo outro difusor de "metáforas" - a pistola Tokarev.

Ou seja não retiro uma palavra ao que disse.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Novo bom sangue português


Apresento-vos Emílio de Melo.

"O novíssimo príncipe" - neto de Rodrigo Emílio.

Que o chamamento do teu sangue seja o garante da perenidade da tradição familiar. Que saibas honrar os teus!

Que Rodrigo Emílio lá onde estiveres lhe dês a "benção da caneta e da espada".

Parabéns ao Goncho, Catarina e à babada Tera

Confesso que roubei...


... a ideia ao maravilhoso blogue 31 da Armada.

Nada melhor do que esta imagem (sonho de qualquer berloquista que se preze) para louvar a magnífica ideia do Costa de atribuir o pelouro de ambiente e espaços verdes ao lídimo representante dos caviaristas de serviço.

Faço minhas as palavras do Humberto Nuno

A propósito da morte de Holden. Nunca poderia dizer melhor.

Em nome da arte...


Dia 31 de Julho - Universidade Lusófona. Lisboa. Um antigo quartel dos tempos em que o Exército Português se designava por "glorioso".

Neste dia este indivíduo é doutorado "honoris causa"?? por esta universidade.

E no Auditório Agostinho da Silva!!!!!!!!!!!!!!!

Quem falou. Almeida Santos (laudatória) e Manuel Damásio (apresentação). Não me pronuncio mais sobre estes dois indivíduos. Recuso-me em nome dos meus princípios e da minha memória.

O "doutorado" foi o terrorista Marcelino dos Santos, da Frelimo, que tantos e tantos mortos causou aos portugueses antes e depois do 25.

O gabirú também escreveu poesia. Tinha o pseudónimo de Kalungano.

Apenas quero recordar uma sua afirmação publicada na revista Tempo de 26/6/85 :

"A Arte deve fuzilar todo o inimigo da revolução".

Tal como os de Bela Khun na Hungria do final da 1ª Guerra Mundial que fuzilavam em nome da Cultura, estes fuzilavam em nome da Arte.

E não foram poucos os desgraçados que levaram com umas rajadas de arte e com mais arte como tiro de misericórdia!

Pois é os "interesses económicos ou triangulares" impõem-se neste vale tudo em que mesmo colocando o "avental" quem por lá anda sai bem conspurcado!

A propósito eu fui militante do Jovem de Portugal. Quem perceber, percebeu!

quinta-feira, agosto 02, 2007

Incongruências da "bufaria"

Pois é agora que a "bufaria" ganhou foros de cidadania com o nosso Licenciado em Engenharia Sousa (sejamos honestos, isto aplica-se mais aos so - cretinos) o blog da bufaria acabou. Fechou, encerrou. Que pena!

E acabou sem sequer revelar o meu nome. Fico furibundo. Tem lá tanta gente sem interesse nenhum (a marcelagem é mato) e do meu nome nada. Afinal eu não valia nada, esta é a realidade. Rende-te à evidência foste um falhado. Ninguém, nem eles, se interessaram por ti. És uma carcaça velha desprezível. Aceita.

PS: Apesar de tudo tenho uma secreta esperança. Eles disseram que tinham mais nomes e que os revelariam a quem se comprometesse a publicar esses nomes na rede. Pode ser que ainda me safe...

Ainda me vão ver Negacionista e Revisionista!!!


Não D. Esther Muznick não fique nervosa nem comece a telefonar já para o SOS Racismo nem para a sua Embaixada.

Não são só vocês que tem uma história oficial. Há mais gente.

Crédulo como sou (apesar de desconfiado e saber que são sempre os vencedores que escrevem a história) nunca por nunca o ser desconfiei desta historieta do "aquecimento global", do "efeito de estufa provocado pelo CO2", etc. Eles são concertos para salvar o planeta, eles são políticos, eles são jornalistas, eles são as famigeradas ONG (já repararam que são as organizações em que se ganha mais dinheiro - se fosse mais novo criava uma e enchia-me...)

Isto estava tudo muito certo até que li na última edição da "Nouvelle Revue d' Histoire" (que assino desde o primeiro número) uma entrevista feita por Bernard Lugan a Marcel Leroux, Professor universitário de Climatologia, antigo director do Laboratório de Climatologia, Riscos e Ambiente, membro da American Meteorological Society, etc.

Bom fiquei banzado. Nunca me tinha debruçado a sério sobre este assunto. Todas as "verdades" oficiais cairam (uma a uma) por terra e tudo numa linguagem acessível a ignorantes totais (o meu caso) da ciência climática.

Decidi investigar um pouco. Os dados por ele indicados estão disponíveis na net. Decidi adquirir alguns livros sobre o assunto. E garanto-vos que os vou ler, comparando-os com os da "verdade oficial". É um bom exercício. No final tirarei as minhas conclusões.

E enquanto não for proibido contestar a verdade oficial (como noutros assuntos, que dá mesmo cana e da grande) voltarei ao assunto. Penso é que os da "verdade oficial" face a esta situação vão fazer uma lei a proibir a contestação das teses oficiais. Já fizeram antes, porque é que não farão depois.

Mas até lá vou-me informando para poder ter uma opinião. Quando eu for proibido de dizer aquilo que estudei passo a confirmar (com a mesma cara com que estou): foram os alemães que mataram os oficiais polacos em Katyn (ficou provado no Julgamento de Nuremberga, e como sabem é proibido contestar a verdade provada em Nuremberga).

Mais uma ISC...


Ou seja mal eu sabia quando redigi aquele postal de ontem que ía produzir-se mais uma ISC (interrupção socialista de carreira), ou em português corrente "discordas das medidas dos nossos brilhantes governantes = vais para a rua".

Desta vez tocou a vez ao Museu Nacional de Arte Antiga (o nosso Museu mais importante).

Dalila Rodrigues foi ontem corrida do cargo por "discordar" publicamente da politica deles em relação ao modelo de gestão dos museus.

Dalila é uma historiadora reconhecida, nos meios culturais e público em geral, como uma mulher de armas e uma autêntica Midas. Onde toca põe tudo a funcionar (com tino e elevado dinamismo). Depois de vir de Viseu (Grão Vasco) fez duplicar o número de visitantes do MNAA, tendo também captado mecenato para actividades e obras de remodelação.

Quem lá vai assiduamente (como eu) já viu (e de que maneira) o virote que aquilo levou em tão pouco tempo (cerca de 3 anos).

Mas a "eles" o profissionalismo e a cultura das pessoas não interessa. Só os "sim senhor(a) ministro(a)". Correram com o Pinamonti, com ..., tentaram tudo por tudo por correr com o Benard da Costa da Cinemateca. Ontem tocou a vez a Dalila Rodrigues.

O futuro director do MNAA, Paulo Henriques, aceitou o cargo por ser "estimulante"(sic).

Vai uma bebida isotónica, em vez do lugarzinho...?

Ou seja mais uma machadada na vida do nosso pobre património cultural.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Chamem os bois pelos nomes!

Estou farto do PC - politicamente correcto, quero dizer. Por tudo e por nada lá aparecem as malditas "novas palavras" assépticas, incolores e inodoras com que os "nossos?" políticos e jornalistas nos bombardeiam constantemente.

Lendo a imprensa "deste país"(sic) é só "caucasiano" em vez de branco, "afro europeu" em vez de preto, etc... O aborto é a "Interrupção Voluntária da Gravidez".

Enfim estou tão farto que quero agora novas expressões para me distrair dos disparates deles. Pensei e aqui deixo algumas dicas (politicamente correctas, é claro):

Então temos:

Onde se escreve:

- Suicídio deve passar a ler-se "Interrupção Voluntária de Vida = IVV"

- Eutanásia deve passar a ler-se "Interrupção Economicista da Vida =IEV"

- Pena de morte, deve ler-se "Interrupção Governamental de Vida = IGV"

- Dizer mal do governo, deve ler-se "Interrupção socialista da carreira = ISC"

- etc ...

Assim a desgraçada da IVG não fica sozinha. Quem é vosso amigo, quem é oh senhores do PC?