Lá morreu Alberto de Lacerda. Nado na Ilha de Moçambique (local mágico, onde se respira Portugalidade por todos os lados), veio para o Continente onde pelos inícios dos anos 50 colaborou no lançamento da Revista Távola Redonda superiormente orientada por David Mourão Ferreira e António Manuel Couto Viana. Nela trabalhou pelo menos nos primeiros 5 números.
Nunca fui um especial admirador da poesia de Lacerda. Recordo apenas um belo Poema à Ilha de Moçambique. É pouco, manifestamente pouco. Mas culpa minha, se calhar.
De toda a vida de Lacerda quero aqui recordar apenas a tacanhez dos burocratas de serviço deste país...
Um dia (e já depois do 25 do 4) um belo dirigente do Instituto de Alta Cultura descobre que o Poeta (que leccionava numa Universidade Americana, com um acordo com Portugal) não dispunha das habilitações literárias necessárias (e burocráticas) para tal encargo. Resultado: despede-se o tipo (que nem doutor é...). Claro que os americanos (reconhecendo-lhe o valor) o contrataram logo de seguida mandando o IAC dar uma volta.
Esta situação (e poder) dos burocratas fez-me imediatamente recordar D. Leonor Prado (uma das maiores violinistas mundiais do seéculo XX e aluna predilecta de Sasha Heifez). Não teve a carreira internacional que poderia ter tido mas ainda hoje (felizmente está viva) o seu nome é recordado com admiração no mundo da música.
Pois não é que os nossos burocratas do Ministério da Educação descobriram que ela não tinha a Licenciatura em Violino e por isso a quiseram impedir de transmitir os seus conhecimentos às novas gerações. Pois é, não era doutora da mula russa.
Ou seja tudo isto para dizer que com burocratas assim vamos longe, ai vamos, vamos...
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