sexta-feira, março 30, 2007

quinta-feira, março 29, 2007

Os cachalotes nazis...



Ou serão Orcas?. A zoologia nunca foi o meu forte

Mario Morsello - 6 anos de saudade





Pois é este mês já se cumpriram 6 anos da morte de Mario Morsello. Uma vida inteira de combate, de clandestinidade, de exílio. Toda a vida teve duas vertentes: a cultural (através da poesia e da música) e a de combatente (através "da dialéctica dos punhos e das pistolas" de que nos falava José António).

Só regressou a Itália quando o cancro diagnosticado já não lhe deixava esperanças de militância.

Um dos primeiros que (em 1977) fizeram o Campo Hobbit.

Merece a lembrança de todos nós.

quarta-feira, março 28, 2007

A Estética e a Ética



Ainda para ti Rodrigo que tanto prezavas a ligação da Estética à Ética.
Pura poesia visual e auditiva de séculos e séculos de arte e tradição europeia.

Glória aos Titãs - De Ovídeo

Também para ti Rodrigo!


Recordando Rodrigo Emílio


É assim que gosto de recordar-me de ti.
Na tua casa de Parada de Gonta, sempre sereno (mesmo nos piores momentos), com o teu Português sem filtro na mão até queimares os dedos.
Faz hoje três (longos) anos em que tive a ventura de me poder despedir de ti. Eu bem te disse Rodrigo: "aguenta que todos nós precisamos muito de ti". Mas tu não seguias sempre os conselhos dos teus amigos. Tiveste de partir, partiste!
Pela lógica deveria colocar aqui um dos teus Poemas. Decidi não o fazer porque qualquer um (dos muitos e muitos de que eu especialmente gosto) que eu colocasse era uma afronta a todos os outros.
Decidi-me por um poema de que tu e eu gostamos muito. Do Zé Vale de Figueiredo, dos anos 60, da também tua Coimbra.
A morte tem um corpo
depois de si. A sílaba final
que lhe dá a consistência
é tão corpórea que é taça
de perecimento. A morte
é uma sílaba tão delicada
que é metade e todo da palavra...
Poema "A Morte"(in A Palavra, Palavra - 1960)

terça-feira, março 27, 2007

Sobe e Desce

Hoje e ao contrário dos meses anteriores tive oportunidade de passar os olhos no diário "Público". Só a primeira e a última página. Mas valeu a pena.

Sei que se trata de uma publicação propriedade de um senhor que à conta do chamado "capitalismo popular" abichou uns milhões na Bolsa (das poupanças de uns pobres diabos a quem convenceram que iam ficar ricos). Com esses milhões transformou-se no Rei dos merceeiros abrindo uma série dessas lojas (novos templos do consumo) um pouco por todo o Portugal (com excepção da Madeira que o Alberto João não deixou). Bom esse Engenheiro (este é mesmo!) Belmiro que gosta de dar razão a Lenine (os capitalistas fornecerão as cordas em que serão enforcados) transformou a folha que dá pelo nome de Público no grande alforje de "periodistas" ligados ao berloque caviar. Bem cada qual come do que gosta, por isso que se danem. Mas esse facto não me inibe de dizer uma ou duas coisas. A ignorância, a falta de cultura e o chamado etno-centrismo desta Cosmocracia em que estamos a viver, levam-os a dizer os maiores dislates e disparates, sem se aperceberem que se estão a auto definir como um grupo de incultos e ineptos.

Tudo isto vem a propósito da rubrica Sobe e Desce do periódico. O jornalista, jornaleiro (ou lá o que é) que não assina essa peça declara com grande veemência a sua ignorância total. É pena e devia ter mais cuidado.

Mas que é que diz o pequeno(a)?: Que o Japão continua incapaz de encarar os crimes de II guerra. Koizumi, o anterior primeiro ministro, afrontava todos os anos a China porque visitava o Templo de Yasukini em que estão sepultados criminosos de guerra e que o actual primeiro ministro Shinzo Abe ia pelo mesmo caminho. Grosso modo era esta a linha do raciocínio.

Bom, vou tentar enviar-lhe o livro recentemente editado em França (Chine - Japon, l' affrontement, de Valérie Piquet, Perrin, ed 2007, 220 pag, 18,50 €). Talvez assim perceba.

Mas como se calhar não sabe ler francês vou eu resumir-lhe algumas ideias.

Há um provérbio chinês que diz que uma montanha não pode albergar dois tigres. Com o despertar do gigante económico e político China, a tensão nunca mais deixou de ser uma constante entre os dois "galos, neste caso Tigres" que lutam pelo mesmo poleiro. A supremacia na Ásia.

A grande China insurge-se contra a hegemonia técnica e cultural do Japão (fruto de um sistema educativo que devia ser estudado afincadamente por todos os "pedagogos" portugueses que nos impõe o "eduquês" como forma de ensino).

O Império do Meio quer reencontrar o lugar de chefia que foi seu durante séculos e séculos. Para isso, nomeadamente socorre-se das técnicas de culpabilização que tão bons resultados tiveram para domar os europeus no pós 45. A campanha orquestrada (com ameaças à mistura) sobre a culpabilização do Japão não teve contudo os resultados esperados. Valérie Piquet, Investigadora do IFRI, explica-nos que essa força de resistência lhes provem do Shintoísmo e como tal, escudados na religião e na tradição são imunes à chantagem chinesa. Aliás Valérie Piquet cita-nos o superior shintoista do Santuário de Yasukani: "as almas dos criminosos de guerra nunca poderão ser deslocadas deste santuário. Trata-se de um assunto religioso. Além do mais não reconhecemos a noção de criminoso de guerra adoptado pelos americanos no processo de Tóquio"

Neste livro aliás ( e depois de analisar atenta e profundamente as relações entre as duas nações) a investigadora francesa mostra-nos que as acusações chinesas tiveram um resultado inesperado. O despertar da consciência nacional japonesa, que atravessa hoje toda a classe política, empresarial, religiosa e popular do Japão.

Hoje podemos dizer com toda a certeza. Mishima tu tinhas razão quando te imolaste para o Japão voltar a ser Japão e não um mero lacaio dos EUA. Hoje também tu és homenageado anualmente em Yasukani.

A fase do desespero...

Ângela Merkel e Durão Barroso declararam que acreditavam que Portugal e o "licenciado em engenharia" Sousa iriam encontrar uma solução para a Europa.

Devem estar completamente na fase do desespero...

A nossa desgraça (se ganhar...)










Pois é. Sarkozy está prestes a assumir o comando da França. Só vos digo vai ser uma completa mudança na política europeia. Regressaremos a 1956 - a René Coty e aos afundadores da IV República. Enfim, esperemos que os franceses tenham siso.

Para já deixo-vos algumas imagens do "direitinhas" que apela sobretudo à fidelidade ao seu sangue. Ele lá saberá porquê.

segunda-feira, março 26, 2007

Os 50 anos da Europa dos mercadores

A proposito de Drieu - ou Eu e a França


Vocês desculpem, mas se passo a vida a falar da França e dos seus escritores, poetas e políticos tenho de dar uma explicação sobre este facto.

Em primeiro lugar também sou - por via feminina - de origem francesa, mais precisamente basca francesa. Em segundo lugar porque na minha juventude (e para um estudante teso como eu) o livro francês (e as suas colecções "poche") era um maná para me permitir (a preços muito razoáveis) um acesso à cultura de que eu, na altura, estava ávido.

Tudo isto vem a propósito de no passado dia 15 se ter comemorado mais um aniversário do suicídio de Pierre Drieu de la Rochelle.

Na altura decidi nada escrever porque me parecia de mais falar noutro francês. Arre que é de mais, pensei. Mas decidi recordar-me de Rodrigo Emílio, meu coetâneo, que nunca por nunca enjeitou a ascendência francesa da sua formação literária e cultural e resolvi a partir de agora deixar-me de preconceitos. A minha formação também foi muito francesa e se os meus leitores não se incomadarem muito vou persistir. Além de mais tenho de falar de seguida de Alphonse de Chateubriand. Mais um!

Mas nos postais que se seguirão tentarei ser mais eclético.

quarta-feira, março 21, 2007

Lembrando um Camarada e Amigo que partiu

Há uns tempos perdi no mesmo dia dois Camaradas. Duas personalidades e militâncias totalmente diferentes.

Recordo aqui o Fanam. Combatente na frente de Angola e na frente da Metrópole. Deu muito e penou bastante por ter sido leal às suas ideias.

Recordo aqui a sua última conversa comigo quando já estava certo da inevitabilidade da morte.

No essencial a sua preocupação era a da morte de Portugal. Achava que Portugal estava completamente perdido para a vida humana. A fraqueza da natalidade de portugueses era a causa essencial dessa derrota esperada. E logo ele pai de seis filhos!

O caos instalado na sociedade era o resultado da ausência de três factores essenciais à sobrevivência da raça humana: a falta de filhos, a ausência total de autoridade e a ausência de uma moral pública.

Dizia-me ele: Portugal morreu. E foi a marcelice e tudo o que se seguiu que o matou. A minha geração que viveu a adolescência na primavera marcelista acordou uma manhã e descobriu que lhe tinham escondido que a sua verdadeira mãe já tinha morrido e que quem lá estava em casa era a "madrasta"

Estamos condenados a viver na esperança do renascimento de um novo Portugal em que possamos dar livre curso à nossa identidade cultural, sem submissões às modices e aos politicamente correctos.

Nada mais temos senão os nossos sonhos e as nossas esperanças."

Pois é Fanam, tu (e havia camaradas que te chamavam bronco e primário pelos teus poucos estudos e pelo teu estrato social de origem) sabias mais do que esses doutores da mula russa que por aí pululam. Quando foi preciso lutar lutaste. Quando foi preciso educar os teus filhos soubeste fazê-lo.

Nunca darão o teu nome a uma rua ou a uma ponte. Nunca constarás de qualquer livro de história. Mas história fizeste-a tu. Com honra e fidelidade. E com muito, mas mesmo muito, saber desse povo transmontano de onde vieste.

Até sempre e sempre Presente, Fanam

terça-feira, março 20, 2007

Ainda a proposito de Pinamonti

Vai por aí um desvairo por causa do ex?-comunista, do sócio da associação de amizade Portugal-Rda, Mário Vieira de Carvalho, ter corrido com o Pianmonti de S. Carlos. Uns dizem que é uma questão de calças (bem pior com "eles" que com as questões de saias), outros dizem que é uma questão de afinidades ideológicas com o novo director (também ele vindo da ex-RDA), outros ainda dizem que é só estupidez. Eu disso nada sei, nem sequer me interessa. Que é um grande disparate, é.

O resto é folclore.

Não quero deixar de "roubar" um postal do blog "criticomusical.blogspot.com" (desculpem, mas eu não sei ainda fazer ligações). Vale a pena ler na íntegra.

15.3.07

Cultura - como gerir um teatro de ópera

Modelo de trabalho e virtudes de um secretário de Estado:

Anunciar a fusão entre companhia de Bailado e Ópera sem dizer nada sobre o assunto.

Fazê-lo sem estudos prévios e sem consultar os interessados.

Anunciar que já está feito sem nada se ter feito.

Dar entrevistas em que não se diz nada a não ser treta política de segunda misturada com paleio pseudo intelectual.

Repetir termos como "hermenêutica pré-compreensão" sempre que necessário, como se o público tivesse como modelo alunos imberbes da Universidade Nova que ficariam aparvalhados com tanta sapiência e calados perante o Divino Mestre sem conseguir objectar.

Tornar-se chacota nos intervalos dos concertos e da ópera precisamente por causa da hermenêutica.

Não falar nunca com o director do Teatro de Ópera, nem a propósito de tudo, nem a propósito de nada.

Arranjar um orçamento que só dá para meia dúzia de récitas à espera que o director se demita, fazer cortes orçamentais a meio da temporada e, pelo contrário, ver Pinamonti a multiplicar os pães e conseguir fazer 43 récitas entre mais de 120 eventos performativos como concertos e recitais, sem contar com conferências e outras sessões.

Anunciar que há despesismo e que a ópera fica muito cara por espectador.

Dar a maior fatia do orçamento para custos fixos, restando uma fatia ínfima para produções, e depois vir acusar o director actual de fazer produções caras, porque divide a massa global por récita de ópera.

Exigir um salto qualitativo, querendo fazê-lo com cantores portugueses que nunca pisaram um palco de ópera!

Comparar entretanto o S. Carlos com os magníficos modelos de Paris, Viena ou Nova Iorque! Que aliás são popularíssimos porque os cantores que lá cantam são portugueses que nunca pisaram um palco de ópera e porque os bilhetes devem custar muito menos do que em Lisboa!

Queixar-se que o Teatro de S. Carlos tem sempre os bilhetes esgotados!

Agradecer no seu livrinho à secção internacional do PCP, e agora virar capitalista liberal primário, considerando que a ópera portuguesa sai cara ao Estado. Realmente é melhor o S. Carlos não esgotar e passar os bilhetes para os 250 euros, pelo menos...

Querer servir ópera ao turista ocasional que vem a Lisboa, como se isso fizesse sentido. O turista da ópera que se desloca de propósito a Lisboa para ver um cantor português que nunca pisou o palco ou o turista americano a mascar pastilha elástica e de bermudas e camisa havaiana, de máquina fotográfica em punho no meio de uma representação do Wozzeck em português! Genial raciocínio do camarada liberal capitalista estalinista hermeneuta.

Contratar à socapa do público e do director actual um Intendente da Ópera de Colónia, quase à beira de ser crucificado no seu país, que não se contrata em dois dias, para vir fazer um part time em Lisboa.

Não preparar a transição e não apresentar os directores com antecedência.

Fazer uma conferência de imprensa de apresentação do novo director quando o anterior ainda está em funções, tipo jogador de futebol. Será que lhe vai vestir uma camisola da selecção hoje à tarde?

Não pedir ao actual director que continue à frente da casa enquanto a temporada ainda não acabou, mesmo que a título transitório, quando o novo director nem sequer sabe onde fica o S. Carlos.

Pagar ao novo director dez mil euros por mês por um part-time. Bem pago hem? E a ópera está cara, demasiado cara para o Estado.

Dizer nas conferências de imprensa que convidou o Pinamonti para ficar e que este não aceitou!

Preparar-se para ser o próprio a mandar naquilo enquanto o outro estiver a perfurmar-se com água de colónia.

É um artista português formado na escola estalinista da RDA e chama-se Mário Vieira de Carvalho, conhecido em toda a lisboa melómana por hermeneuta ou como Sr. Hermenêutica.

Recordando François Duprat



François Duprat (26 X 1940 - 18 III 1978)

Fez anteontem anos que numa manhã de 1978 François Duprat perdeu a vida vítima de uma bomba sofisticada colocada debaixo do assento do seu carro. A sua mulher ficou gravemente ferida e mutilada para o resto da vida. Estávamos numa estrada da Normandia e Duprat dirigia-se para a Escola de Caudebec-en-Caux onde a sua esposa dava aulas.

Uns tempos antes as ligas judaicas tinham publicado a sua morada, percursos habituais, etc. Este assassinato será reivindicado pelo “Commando du Souvenir” que termina o seu comunicado com a famosa frase “Não esqueçamos Auschwitz”. É óbvio que a policia francesa nunca descobriu os assassinos

Na ocasião da 29º aniversário da sua morte pensamos útil recordar a figura impar de Duprat. Eles souberam bem quem matavam!

Antes de tudo Duprat era um militante. Vindo da extrema esquerda trotskista aos 18 anos passou o Rubicão. Em 1958 adere à Jeune Nation dos irmãos Sidos. Anima a secção de Bayonne, no pais basco francês, antes de assumir responsabilidades regionais e depois nacionais. Com a dissolução do movimento funda a FEN (Federação dos Estudantes Nacionalistas) e adere à Europe Action. Está sempre onde estão a decorrer as coisas importantes – no Occident, no GUD na Ordre Nouveau. Adere ao Front Nationale. Le Pen faz dele o Secretário Geral do movimento, lugar que desempenhava à data do seu assassinato.

Mas Duprat foi também e principalmente um ideólogo. Foi o principal teorizador do nacionalismo revolucionário dos anos 70 que varreu toda a Europa. O seu principal contributo foi o determinar quem era o inimigo principal e o inimigo secundário. Outro dos aspectos importantes da vida de Duprat foi a capacidade de analisar os novos fenómenos da sociedade em mudança e sobretudo as suas causas. No seguimento de Bardeche não hesitou em designar os erros e crimes das forças do dinheiro cosmopolita: o capital apátrida e vagabundo.

Podemos perguntar-nos como seria hoje a França e a Europa com ele vivo e actuante. Foi por conhecê-lo bem que os inimigos o mataram a ele e não às figuras mediaticamente conhecidas da direita francesa.

Porque não nos podemos esquecer: François Duprat era um dos nossos. E por isso foi assassinado.

quarta-feira, março 14, 2007

gente da cultura em vez de Gente com Cultura




Pois é. O Pinamonti foi corrido como se despede uma sopeira. É a gente que temos, que é que esperam.

Este caso leva-me a algumas reflexões.

Como entrada e como repararam coloquei um vídeo do muito nosso Gino Bechi. Para quem não saiba trata-se de um dos melhores barítonos europeus do século XX. Fez carreira um pouco por todo o mundo. Nos anos 60 correspondeu a um convite de Serra Formigal e veio para Portugal durante quase 20 anos. Foi o mestre que faltava para a melhoria substancial do nosso canto lírico. A sua acção em S. Carlos e no Trindade (da extinta FNAT) foi primordial. Mas estávamos em plena "noite obscurantista e fascista". Calculem o topete. Salazar queria dar Cultura ao Povo. Como dizia António Silva no Pátio das Cantigas "A ópera é a música para operários"...

Mas estes brilhantes democratas não brincam em serviço. O que servia para o fascismo não serve para eles. Sim porque eles são bestialmente anti-fascistas!

Uma das suas principais e primordiais acções pós 25 do 4 foi acabar com a Companhia de Ópera que estava na FNAT. Era música elitista. (hoje todos choram baba e ranho...)

Agora foi a vez de Pinamondi. Então não é que o gajo não dobrava a cerviz à sora doutora ministra ou lá o que é!. Rua com o bicho que não faz cá falta nenhuma. Vem outro, desta vez alemão, qualquer serve, dizem eles...

Pinamondi relançou a ópera em Portugal. Esta é a realidade. Pode-se não gostar (como não gostei) de certos encenadores que trouxe para Portugal. Confesso que só consegui ouvir o Parsifal e as Valquírias com os olhos fechados, recusando-me totalmente a olhar para os neons e plásticos que se amontoavam pelo palco. Como invejei os músicos da OSP que, colocados no fosso da orquestra, só se deliciavam com a música de Wagner sem conseguirem ver o que se passava no palco.

No entanto Pinamondi teve algumas genealidades. O Boris Goudonov que vi há 4/5 anos em S. Carlos, com uma encenação bem moderna, foi dos momentos inesquecíveis para qualquer melómano e amante da ópera. Era uma encenação digna dos melhores palcos mundiais. Acreditem que é verdade. A sua permanente aposta na Ópera portuguesa foi também uma surpresa e das mais agradáveis.

Pois é mas o que é bom acaba-se. A ministra e mais o seu secretário de estado (gentes da cultura) acharam - em nome das medidas de austeridade aparente em que vivemos, alterar toda a organização artística de S. Carlos e da Companhia Nacional de Bailado. Vamos por um lindo caminho e sobre isto voltarei a falar.

Não é também despiciente falar das grandes medidas que não devem tardar a nível do ensino artístico em Portugal. Ou eu me engano muito ou o ensino artístico laboriosamente trabalhado e planeado ao longo de décadas vai pelos ares. E não culpem a Al Qaeda!

A última reflexão. Em períodos eleitorais todos os principais partidos da nossa praça vão buscar "gente da cultura" ( e aqui incluem-se também os actores de telenovelas...) para apresentarem aos pacóvios eleitores como trunfos da sua magnitude enquanto políticos. Essa gente desempenha o papel das lebres e faisões dependuradas nas cartucheiras dos caçadores. A de troféus!

Mas isto tem uma contrapartida bem negativa. Os políticos ao quererem dessa gente tem de lhes dar sinecuras, o que impede que a lógica funcione. Ou seja explicando melhor. Os políticos para servirem o povo que os elege deveriam procurar Gente com Cultura e não gente da cultura.

Uma última observação. A maneira como os ministros da cultura deste país tratam os secretários de estado. Carrilho fez o que fez a Rui Vieira Nery. Esta faz e continua a fazer o que quer de Mário Vieira de Carvalho. Pelo menos o Nery teve uma coluna bem menos aborrachada que o actual

segunda-feira, março 12, 2007

"Vais-nos obrigar a vencer"


Fez ontem anos que caía em França, vítima de fuzilamento, o Tenente Coronel Jean Marie Bastien Thiry. O assassino foi De Gaulle. A causa: a sua lealdade à honra e à missão de soldado. (isto no tempo em que os militares tinham Honra e espírito de missão... bons tempos...)

Para a história aqui fica, em francês, um poema de Jean de Brem, Este poema, escrito naquele 11 de Março, será o último de Jean. Alguns dias mais tarde será assassinado por colaboradores gaulistas (os famosos barbouzes) em plena Paris, quando tudo já tinha terminado.

"Fort d’Ivry à la fraîche" de Jean de Brem

Tu n’étais pas un baroudeur, mon colonel
Tu n’étais pas une figure légendaire
Ni un brillant stratège de la guérilla
Ni un seigneur du djebel.
Tu n’étais pas un fasciste
Ni un chouan pétri de traditions
Ni un automate sorti des camps viets
Ni un officier perdu d’orgueil.
Tu n’étais pas un para
Tu n’avais pas l’amour des combats impossibles
Ni le culte du Désespoir
Ni la vanité des soldats d’élite.
Tu n’étais pas un révolutionnaire
Tu ne voulais la place de personne
Tu n’étais pas amer
La haine ne couvait pas dans ton cœur
Ni le dégoût dans ton regard
Ni l’insulte dans ta bouche.
Non.
Tu n’étais qu’un homme paisible
Calme, honnête, responsable
Un chrétien réfléchi et pur
Un officier consciencieux
Un jeune savant, technicien appliqué
Qui menait la vie de tout le monde
Entre sa femme et ses filles…
Mais un jour,
Un jour a cessé la paix civile.
Car l’Orgueil est entré dans la Cité
Pour étrangler la Patrie au nom de la Patrie
Pour lacérer les drapeaux au son des fanfares
Pour décapiter l’armée qui était la Force de la Nation
Pour épurer la Fonction qui était l’Elite de la Nation
Pour soudoyer l’Eglise qui était la Conscience de la Nation
Pour tromper les masses qui étaient la Nation même
Pour appeler chaque défaite un triomphe
Chaque crime un miracle
Chaque lâcheté un fait d’armes
Pour appeler la Comédie Droiture
L’Impuissance, Fermeté
L’Abandon, Succès
La Haine, Modération
L’Indifférence, Lucidité
Et les Plébiscites Référendums…
Toi, on t’avait appris
Qu’une parole ne se reprend pas
Que la France est une et indivisible
Que la loi est la même pour tous
Que la télévision est à tout le monde
Et bien d’autres choses encore.
Tu as vu tous les grands
Tu as vu tous les responsables
Tu as vu tous les dignitaires
Protester mollement, d’abord
Et puis se taire bien vite
Dès qu’ils ont senti le bâton.
Et tu n’as pas compris qu’ils étaient lâches
Car tu ne t’étais jamais parjuré
Car tu n’avais jamais hésité ni menti
Ta vie était droite comme l’Horizon des mers
Et tu regardais le soleil en face.
Les généraux pouvaient empêcher la France de mourir
Et aussi les fonctionnaires
Et aussi les évêques
Et aussi les professeurs
Les députés
Les magistrats
Et aussi les grands bourgeois
Les financiers
Les journalistes.
Mais ils ont préféré la servitude
Ils ont vendu leur liberté trente talents
Ils ont acheté trente talents le droit
De survivre à leur Patrie
Pour continuer à ramper comme des vers
A grouiller comme des cloportes dans les ruines d’un monde en flammes.
Alors toi, mon colonel,
Un citoyen inconnu, un patriote inconnu
Tu as senti ton heure venue
Tu es devenu le glaive
Tu as frappé devant Dieu et les hommes.
On t’a traîné devant les juges
Pour une parodie de procès
Où des robots vêtus d’hermine,
Petits fonctionnaires des abattoirs
Choisis sur mesure par le prince
Au nom du peuple français,
Ont ri de tes paroles
Bouché leurs oreilles à tes explications
Et t’ont condamné de leur voix mécanique
A quitter la comédie humaine,
Tu les gênais, toi qui ne jouais pas
Tu les salissais, toi qui étais pur
Et ta voix nette et claire
Témoignage de l’Histoire Eternelle
Il fallait l’étouffer pour qu’on cessât de voir
Les fronts rouges et les âmes sales
Des courtisans chamarrés
Affolés par ton audace d’homme libre,
Adieu, Brutus.
Tu es mort, un chapelet tressé dans les doigts
Sans haine et sans colère comme un héros paisible
Il s’est trouvé des soldats pour t’abattre.
Ils t’ont couché dans l’herbe du fort
Et ils ont basculé ton corps dans une fosse
Sous la pluie fine de l’aurore
Ils ont joué aux dés ta tunique bleue d’aviateur
Déchiré ton ruban rouge
Et dispersé tes galons d’argent et d’or au vent de l’histoire.
Et ils ont cru, les déments
Que ta mémoire piétinée
Ton souvenir effacé par décret,
Se tairait à jamais la voix d’un homme,
Alors que ta mort tranquille
Nous rendait un dernier service…
Regarde-nous, mon colonel
Du haut du paradis des croyants
Situé à l’ombre des épées :
Regarde-nous.
Tu as maintenant dix-mille fidèles
Que ton martyre d’officier
A rendu à la lumière
Qui jurent devant Dieu
De faire éclater nos chaînes,
Et de révérer ton image,
Un jour au soleil d’été
Dans l’avenue qui portera ton nom
Des milliers d’hommes aux yeux fiers
Défileront d’un même pas
Guidés par les clairons de la postérité
Et d’un seul geste, au commandement,
Croiseront le regard de ton effigie
A jamais sanctifiée par les hommes.
Dors maintenant, mon colonel,
Tu es entré dans la paix…
Mais qu’ici-bas sur la terre
La malédiction demeure !
Que ton sang retombe sur les têtes
Des Pilates et des Judas
Qui poursuivent leurs vies d’insectes
Au prix d’un forfait si grand !
Et que nos larmes brûlantes
De douleur et de colère
Fassent jaillir, de la terre grasse d’Europe et d’Afrique,
La race nouvelle d’Occident…
Merci pour tout, mon colonel :
D’avoir vécu en Français
Et d’être mort en officier.
Car le moment est venu
Où après un tel exemple
Tu vas nous obliger à vaincre…

Jean de Brem.

sexta-feira, março 09, 2007

Superioridade Moral ?

Desculpem mas eu não me calo. Apetece dizer como na peça "Os Cadetes" de Hans Yost: quando ouço falar em superioridade moral saco da "pistola".

Mais um pequeno exemplo da minha "pistola". A entrega aos soviéticos de vários milhares de bálticos pelos neutrais e mui democratas suecos. Voltaram 34.

Ontem foi o "dia" da mulher



Embora eu embirre solenemente com estas tretas dos dias internacionais, pois reconheço-os como redutores dos valores que pretendem solenizar, não quero deixar de homenagear toda a beleza e o encanto que todas as mulheres (ou quase...) são capazes de nos demonstrar.

E nada melhor que divulgar o nome de uma grande fotógrafa americana, Haleh Bryan, que vos recomendo a todos. Não deixem de a procurar na net. Juro-vos que vale a pena.

Apenas uma ou duas amostras para vos aguçar o apetite.

quinta-feira, março 08, 2007

Mais sobre a "superioridade moral das democracias"



Hoje é avaliada no Tribunal Europeu a admissibilidade de uma queixa apresentada por 150 filhos e filhas de alemães e norueguesas contra a Noruega em virtude da perseguição a que, em bébés e infância foram submetidos só pelo facto de serem filhos de SS.

Para quem não conheça a história ela conta-se em poucas palavras. Durante a 2ª Guerra Mundial vários elementos das SS alemãs casaram-se com cidadãs norueguesas. Como é óbvio houve filhos, que no final da guerra teriam no máximo 5 anos.

O bom governo democrata (pós 45) decidiu imediatamente tirar as crianças das mães (que foram sujeitas a todo o tipo de diabrites, comuns na altura). Os bébés e crianças foram internados em hospitais psiquiátricos e submetidos a opróbios de todo o género. Algumas fugiram com as mães(como a história bem conhecida da cantora dos ABBA) outras foram autorizadas a regressar à Alemanha para junto dos pais (mas as mães não...).

Enfim a famosa superioridade moral da democracia de que tanto nos fala Mário Soares.