Um estimado leitor deste bolgue tem gasto algum tempo a zurzir-me com o "seu" Ary dos Santos, único e verdadeiro Poeta de que gosta (por militantismo político ao que me apercebo.
Sei da elevada estima e cumplicidade entre Ary e Rodrigo Emílio no campo literário. Sou até testemunha disso.
Mas como o meu estimado leitor é um fã acrisolado do lado sério do Poeta, quero contar-lhe uma história que a mim me divertiu e que se calhar a si o vai decepcionar.
Numa festa do Avante (penso que em 1982 ou 83) quando Cunhal falava aos seus acólitos que o escutavam em reverência quase religiosa, Ary por trás do palco falava - com a sua voz "de trovão" com os artistas que se seguiriam em palco após a discursata do chefe. O barulho era tanto que a certa altura surgiu um membro do comité central com cara de controleiro despiedado que mandou calar toda aquela turba de hereges.
Aí Ary voltou-se para os seus parceiros (todos masculinos) e disse: "calem-se meninas e deixem falar a tia avó!)
Gargalhada geral e mais uma vez se sentiu o gélido e reprovador olhar do controleiro de serviço.
Só para lhe dizer que o Ary - para além de comunista (por algumas razões que um dia eu conto) também era um tipo bem divertido.
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segunda-feira, maio 03, 2010
Estórias de Ary dos Santos
sexta-feira, abril 10, 2009
Na morte de um tipo curioso ...
... e típico "militar abrilino", e etc...
Morreu Aventino Teixeira, dito militar de abril, e cujo quartel de trabalho era o bar procópio. Homem de esquerda caviar, senhor de abastados cabedais, dizia-se do mrpp. Mas nele tudo cabia. Diziam as más línguas que o tal "abrileiro" esteve perto do PC, depois passou-se com armas e bagagens para o mrpp, dizia-se ainda que era de uma agência norte americana muito famosa. Se era ou não, nada posso afirmar. O que sei é que ele recrutou um operacional (que foi nosso) a quem eu vi, por sua vez (com os olhos que o chão há-de comer) recrutar uns sindicalistas que posteriormente formaram a UGT. Esse recrutamente "sindical" realizou-se ali para os lados de um centro comercial lisboeta - o Apolo 70, bem perto da então sede do pcp.
Bem mas voltando à pequena história. Aventino foi o principal fornecedor de informação jornalística no prec e sucedâneos. À sua volta giravam jornalistas, políticos, revolucionários, etc. Até a nós nos calhou levarmos com ele em cima. Dando algumas informações, procurava saber o mais possível sobre nós e as nossas actividades. Eu, pachorra para o aturar nunca tive (detesto pessoas que bebem em demasia). Mas um dos nossos - de infinita paciência - lá se encontrava com ele, sem grandes resulatdos para ambos os lados.
Foi sempre um elo de ligação entre os do mfa (de todas as tendências) e as forças de oposição ao descalabro. Pretendia, segundo dizia estabelecer pontes para impedir grandes disparates e situações extremadas... Com o mdlp acho que conseguiu...
Também não quero deixar de contar uma história exemplar de canalhice. Aventino, homem de muitas massas ajudou muito o Zeca Afonso e sua família no pré-25.
Posteriormente e com o pcp em guerra aberta com o Aventino, Zeca Afonso escreveu uma canção bem canalha a insultar aquele que tanto o tinha ajudado. Neste momento não sei da letra da dita canção. Mas eu tenho-a e vou publicá-la, podem disso estar certos. Ali se vê a verdadeira ignomínia do tal baladeiro.
Ou seja é um pouco da história dos "mentideros pós abrilinos" que hoje morreu com Aventino.
Não faz cá falta nenhuma, na minha modesta opinião.
Apostilha: Foi eanista e posteriormente foi da comissão de apoio a Cavaco para a presidência. "La routine habituelle"
Morreu Aventino Teixeira, dito militar de abril, e cujo quartel de trabalho era o bar procópio. Homem de esquerda caviar, senhor de abastados cabedais, dizia-se do mrpp. Mas nele tudo cabia. Diziam as más línguas que o tal "abrileiro" esteve perto do PC, depois passou-se com armas e bagagens para o mrpp, dizia-se ainda que era de uma agência norte americana muito famosa. Se era ou não, nada posso afirmar. O que sei é que ele recrutou um operacional (que foi nosso) a quem eu vi, por sua vez (com os olhos que o chão há-de comer) recrutar uns sindicalistas que posteriormente formaram a UGT. Esse recrutamente "sindical" realizou-se ali para os lados de um centro comercial lisboeta - o Apolo 70, bem perto da então sede do pcp.
Bem mas voltando à pequena história. Aventino foi o principal fornecedor de informação jornalística no prec e sucedâneos. À sua volta giravam jornalistas, políticos, revolucionários, etc. Até a nós nos calhou levarmos com ele em cima. Dando algumas informações, procurava saber o mais possível sobre nós e as nossas actividades. Eu, pachorra para o aturar nunca tive (detesto pessoas que bebem em demasia). Mas um dos nossos - de infinita paciência - lá se encontrava com ele, sem grandes resulatdos para ambos os lados.
Foi sempre um elo de ligação entre os do mfa (de todas as tendências) e as forças de oposição ao descalabro. Pretendia, segundo dizia estabelecer pontes para impedir grandes disparates e situações extremadas... Com o mdlp acho que conseguiu...
Também não quero deixar de contar uma história exemplar de canalhice. Aventino, homem de muitas massas ajudou muito o Zeca Afonso e sua família no pré-25.
Posteriormente e com o pcp em guerra aberta com o Aventino, Zeca Afonso escreveu uma canção bem canalha a insultar aquele que tanto o tinha ajudado. Neste momento não sei da letra da dita canção. Mas eu tenho-a e vou publicá-la, podem disso estar certos. Ali se vê a verdadeira ignomínia do tal baladeiro.
Ou seja é um pouco da história dos "mentideros pós abrilinos" que hoje morreu com Aventino.
Não faz cá falta nenhuma, na minha modesta opinião.
Apostilha: Foi eanista e posteriormente foi da comissão de apoio a Cavaco para a presidência. "La routine habituelle"
quarta-feira, abril 08, 2009
Pacheco Pereira e Salazar

"No meio deste surto de Salazar nas livrarias, nos vídeos e, a prazo chegará ao cinema, apareceu nas livrarias um livro preto de citações do presidente Salazar. Não se chama assim, porque seria muito maoista e lembraria o Livro Vermelho de Citações do Presidente Mao Zedong, mas não estão tão distantes um do outro como possa parecer.
Mas, dito isto, é de leitura obrigatória, e sabem que quem recomenda esta leitura não tem qualquer visão idílica do ditador, nem sequer as que correm hoje, revistas pelo tempo e traidoras à memória. Eu sei muito bem quem foi Salazar e o que significou a longa ditadura de 48 anos, fonte de muitos dos nossos atrasos e, pior do que isso, dos nossos piores atavismos, que ou fomentou ou gerou. Mas nenhuma história é a preto e branco, nem sequer linear, e Salazar não é a encarnação do Mal, e se o é, muito do mal também era nosso, dos portugueses, do país, da nossa complacência nacional. Isso não o desculpa, mas ajuda a explicá-lo.
Uma das coisas interessantes das citações, que são sempre ilusórias, porque seleccionam o melhor e deixam pelo caminho, muita rama inútil, onde se esconde muita asneira, é revelarem o Salazar agudamente conhecedor do seu país, dos portugueses, inteligente até dizer não, e cínico até dizer sim e não e talvez. Cínico como poucos, e é no seu cinismo que mais brilha a inteligência e o conhecimento. Veja-se o que escreve sobre os jornais, a censura, a propaganda e como Salazar parece um teórico actual do marketing político. Com palavras dele, escreveu António Ferro:
“a opinião pública é indispensável ao governo dos povos, constitui por vezes um grande estimulante, mas nunca se deve perder, a bem da sua própria saúde, o controle da sua formação”
E suspeito que o nosso Primeiro-ministro pensa exactamente o mesmo"
José Pacheco Pereira - Sábado on-line
Apostilha: Soube ontem que um distinto Camarada de Lisboa, Benfiquista de Alma e Coração, "caiu que nem um patinho" no caso da mentira do 1º de Abril do muito nosso Nonas, referente à edição do livro de Salazar Benfiquista. Cuidado, vejam bem que o Nonas a brincar com o Benfica é fogo. E o autor - António da Luz e a editora Beltrão, em vez de Bertrand eram os sinais da marosca. .. que teve muita piada, convenhamos
sexta-feira, abril 03, 2009
Fica sempre lá qualquer coisinha ...
Confirma-se. A formação inicial de um Homem tem uma longevidade muito maior do que o expectável.
Ainda anteontem falei do Dr. José Miguel Júdice a propósito de Brasillach. Hoje, no seu artigo do Público vem-nos falar da "Rainha Morta", de Montherland. Que viu - estou mais do que seguro - em Coimbra, interpretada pela Oficina de Teatro, de tão boa memória e onde oficiaram dois dos maiores vulto do Teatro Português - Goulart Nogueira e Couto Viana.
Pois é, a vida dá muitas voltas, mas do que cedo se aprendeu alguma coisita lá fica ...
Ainda anteontem falei do Dr. José Miguel Júdice a propósito de Brasillach. Hoje, no seu artigo do Público vem-nos falar da "Rainha Morta", de Montherland. Que viu - estou mais do que seguro - em Coimbra, interpretada pela Oficina de Teatro, de tão boa memória e onde oficiaram dois dos maiores vulto do Teatro Português - Goulart Nogueira e Couto Viana.
Pois é, a vida dá muitas voltas, mas do que cedo se aprendeu alguma coisita lá fica ...
quarta-feira, novembro 26, 2008
A visita...
No passado fim de semana tive a oportunidade de pela primeira vez em largos meses ter um fim de semana de puro lazer,
Visitei um velho Amigo e pude disfrutar da leitura (apressada, é certo) de um arquivo muito importante de um grande Nacionalista de longa data, recentemente falecido. É dos poucos arquivos organizados que eu conheço que cobre (no caso específico que me interessa) o período dos anos 60 e 70 do século passado.
Como saberão a maior parte dos arquivos importantes foram destruídos para não caírem em mãos erradas. O mesmo se passou com o meu... (apesar da sua falta de importância, só que tinha nomes, situações, etc. que convinha não serem conhecidos...)
Meus Senhores e o que eu vi!
Desde cartas de diversos "salta-pocinhas" até situações em que eu me pude esclarecer sobre factos passados que acompanhei (sem ter toda a história na mão) e calculem até encontrei uma carta de um mfa (dos do piorio...) a declarar o seu fervor e apoio aos princípios da Revolução Nacional...
Tenho de voltar ao local para aprofundar o estudo e então poder falar (com documentos) de algumas coisas com piada. É certo que são factos passados. Mas convém recordá-los para melhor compreensão de tudo o que se passou e voltará, estou certo, a passar-se.
Descobri um dossier inteiro que (para mim) dava um livro fabuloso sobre a "real vivência" de algumas burguesas franjas do Estado Novo. É um colosso, só vos digo.
Visitei um velho Amigo e pude disfrutar da leitura (apressada, é certo) de um arquivo muito importante de um grande Nacionalista de longa data, recentemente falecido. É dos poucos arquivos organizados que eu conheço que cobre (no caso específico que me interessa) o período dos anos 60 e 70 do século passado.
Como saberão a maior parte dos arquivos importantes foram destruídos para não caírem em mãos erradas. O mesmo se passou com o meu... (apesar da sua falta de importância, só que tinha nomes, situações, etc. que convinha não serem conhecidos...)
Meus Senhores e o que eu vi!
Desde cartas de diversos "salta-pocinhas" até situações em que eu me pude esclarecer sobre factos passados que acompanhei (sem ter toda a história na mão) e calculem até encontrei uma carta de um mfa (dos do piorio...) a declarar o seu fervor e apoio aos princípios da Revolução Nacional...
Tenho de voltar ao local para aprofundar o estudo e então poder falar (com documentos) de algumas coisas com piada. É certo que são factos passados. Mas convém recordá-los para melhor compreensão de tudo o que se passou e voltará, estou certo, a passar-se.
Descobri um dossier inteiro que (para mim) dava um livro fabuloso sobre a "real vivência" de algumas burguesas franjas do Estado Novo. É um colosso, só vos digo.
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