terça-feira, janeiro 26, 2010

Ah, as viagens, Ah, o Turismo

Como é bom percorrer o nosso belo – belíssimo – Portugal.

Quanto prazer, quanto ar puro. Que maravilha.

Mas o pior é quando chego a Lisboa. É como entrar no Inferno de Dante (deixem todas as vossas esperanças, vós que aqui entrais ...).

Estou rodeado por gangs (forma politicamente correcta de dizer aquilo que todos V. Ex.as sabem do que estou a falar) hostis e prontos a darem cabo de todos os nativos deste Pobre Portugal. Basta passar de manhã cedo ou à noite pelo Jardim da Estrela ...

Como Montherlant dizia “enquanto estou em casa tudo vai bem, mas na rua tudo me fere e me faz doer”.

Passar das nossas paisagens do Norte (hoje cobertas de neve) para o Rossio, onde não se lobrigam muitos hiperbóreos faz mal, faz muito mal.

Socorramo-nos – uma vez mais de Nietzsche, "É melhor viver nos gelos que entre as virtudes modernas e outros ventos do sul”

Hoje estou alegre e triste




Feliz por estar vivo, por poder mover-me, por ouvir as minhas músicas, por falar, escrever, ler os meus livros, estar com os meus amigos, beber, contemplar, tentar descortinar o belo em tudo o que me rodeia, por vezes “fazer amor”, ou pelo menos, algo que se lhe aparente.

Mas também triste. Por habitar uma época e um local sem fé e sem grandeza, triste pelo “moribundar” de quase todos os que me rodeiam, enleados em falsas vidas, exigindo a todo o custo a aparente felicidade. Pessoas que não vêem, não sentem a vacuidade e a banalidade de uma vidinha da treta.

Às vezes a nulidade de toda esta circunstância aterradora do “nada” cega-me, mas, por outro lado, em vez de ser um obstáculo ou um pesado fardo, dá-me a gasolina necessária para alimentar o motor que me faz Viver, travar os meus combates, as minhas “cóleras” e as minhas veleidades de estar sempre de pé no meio de tudo o que colapsa e se torna uma ruína.

Conclusão; quando hoje de manhã me perguntaram, no café, se eu estava bem, tendo como resposta distraída e bem educada: bem obrigado, eu estava na realidade a dizer que apesar de tudo eu estou mais alegre que triste! E que amo verdadeiramente a Vida!

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Jorge Luís Borges


“Borges é isto, Borges é aquilo : fartaram-se de me falar sobre Borges em Buenos Aires! Alguns disseram-me que Borges era um intelectual, demasiado intelectual. Enganaram-se na palavra, o que eles deveriam ter dito era que ele era inteligente, demasiado inteligente. Quem não gosta da inteligência emprega em demasia a palavra intelectual. Mas nós estamos nas tintas para eles e continuamos a apreciar pessoas inteligentes - pela sua raridade, pela sua vitalidade e pela sua variedade.”

Pierre Drieu la Rochelle.
“Borges vaut le voyage”.
Megafono n°11, Buenos Aires, 1933.

Meditação do dia


Nós lutamos contra Ideias, mas dificilmente contra a realidade.
Mas não é impossível de todo!
Por vezes temos de mergulhar de cabeça! Venha quem vier atrás de nós...

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Nimier

Um postal que poderia ser das Eternas Saudades do Futuro:

Protesto contra o mundo moderno, mas adoro as suas mulheres magras
Roger Nimier

"Je proteste contre le monde moderne, mais j’adore ses femmes minces"

Três anos

Este mês de Janeiro promete. Aliás, sempre prometeu.

Há 3 anos e neste mesmo mês três maduros resolveram entrar nesta dança bloguista. Primeiro o Nonas, depois o João Marchante e finalmente eu. Os dois primeiros mantém uma constância e qualidades invulgares. Não há dia em que os não leia.

Eu é que estive um pouco periclitante durante bastante tempo. Agora estou a tentar recuperar. Vamos lá ver se consigo.

Mas a razão deste meu postal é dar os parabéns a dois dos melhores bloguistas da nossa praça.

Dia 30 faço eu 3 anos. Vamos lá ver se é partir daí que as coisas começam a melhorar para o meu lado.

Não sei se sim, mas estou cá com uma fezada ...

Viva o Rei



Didier Barbelivian canta-autor francês a gozar com os políticos da República Francesa. Iguais aos nossos, em suma.

Para os leitores de francês deixo-vos aqui a letra:

Vous parlez de la France comme une géographie,
Une île entre Moscou et les Etats Unis
Vous parlez de la France comme si c' était à vous
La Bretagne, la Provence , les forêts les cailloux
Pour parler de la France, vous avez dans la voix
Une chanson d' innocence, qui dit Votez pour moi
En mauvais comédien , vous récitez un rôle
Que je vous dirais bien par dessus votre épaule

Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi

Vous parlez de la France, mais la France elle s' en fout
De vos plans de relance , qui la laisse à genoux
Vous parlez de la France , la main droite sur le coeur
Vous êtes sa dernière chance , vous jurez sur l' honneur
Qu' il y aurait plus en France ni chômeur , ni voyou
La solution d'urgence elle arrive avec vous
Qui enfermez nos vies derrière des murs de lois
Qui me donnez envie de crier quelquefois

Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi

Pour parler de la France , il faut vous écouter
Mélanger l' ignorance et la fausse vérité
Pour parler de la France, il vous faut des discours
Qu' on vous écrit d' avance avec des mots bien lourds
Racontez nous la France , façon Victor Hugo
Avec toute l' insolence , d' un De Gaulle , d' un Malraux
Soyez la République , pauvre Bonhomme de paille
Avant que la musique , ne reprenne à Versailles

Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi
Vive le Roi


Apostilha: Apesar de tudo isto, de ser o autor de um musical sobre os crimes republicanos na Vendeia e também sobre os Harkis e sobre a Argélia Francesa, ele não resistiu. Agora resolveu armar-se em carapau de corrida e passou a apoiar o Sr. Sarkozy.
Enfim, o normal ...

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Procura-se desesperadamente

Altruísmo, Honradez, Espírito de Serviço e Sacrifício. Verticalidade. Integridade.

Procuram-se estes Valores para dar à classe política portuguesa.

Alvíssaras a quem as encontrar!

terça-feira, janeiro 19, 2010

Mauzinho que eu sou - 2

Mauzinho que sou



Porque será que a justiça tem só o olho esquerdo aberto?

Será erro do ilustrador?

Registo politicamente incorrecto

La Donación de mis órganos....


Quiero el día que yo muera
poder donar mis riñones,
mis ojos y mis pulmones.
Que se los den a cualquiera.

Si hay un paciente que espera
por lo que yo ofrezco aquí
espero que lo hagan así
para salvar una vida.
Si no puedo respirar,
que otro respire por mí.

Donaré mí corazón
para algún pecho cansado
que quiera ser restaurado
y entrar de nuevo en acción.

Hago firme donación
y que se cumpla confío
antes de sentirlo frío,
roto, podrido y maltrecho
que lata desde otro pecho
si ya no late en el mío.

La picha yo donaré,
que se la den a un caído
y levante poseído
el vigor que disfruté.
Pero pido que después
se la pongan a un jinete,
de los que les gusta brete.
Sería eso una gran cosa
yo descansando en la fosa
y mi picha dando fuerte.

Entre otras donaciones
me niego a donar la boca.
Pues hay algo que me choca
por poderosas razones.
Sé de quién en ocasiones
habla mucha bobería;
chupa lo que no debía
y prefiero que se pierda
antes que algún comemierda
mame con la boca mía.

El culo no donaré,
pues siempre existe un confuso
que pueda darle mal uso
al culo que yo doné.
Muchos años lo cuidé
lavándomelo a menudo.
Para que un cirujano boludo
en dicha trasplantación
se lo ponga a un maricón
y muerto me den por el culo.

Camilo Jose Cela

Apostilha: agora é que levo mesmo um tabefe ...

domingo, janeiro 17, 2010

A Arca do "José"



Agora que "eles" deram cabo de tudo e propiciaram o dilúvio que aí vem, é vê-"los" a entrarem na "arca do josé" para se salvarem da desgraça.

Apostilha: A arca do José é patrocinada pelo licenciado em engenharia sousa...

Fez ontem 10 anos




Que morreu Arkan.

"La solita storia"



... ou, há muito mais vida para além da vertigem;

... ou até para os menos aventureiros " a beleza do abismo "

Meditação de uma entediante tarde de Domingo

Há uma velha ideia feita, a de que tudo o que escrevemos espelha a alma do escriba.

Pelo contrário, quem escreve é que é um espelho do que aborda, por deformante que possa ser.

O objectivo de uma vida...

... e não de uma vidinha:

seguir altaneiramente em frente, sem temer as reacções adversas.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Rodrigo Emílio



Nuno Rogeiro - Revista Sábado de 14 de Janeiro de 2010

Pensamento do fim da tarde

"Quando a verdade não é livre, a liberdade não é verdadeira."
Jacques Prévert

Um tabefe ... tau, tau


Pois é o sentido de humor já não é o que era.

Depois de algum humor ácido (por mim publicado neste tasco) a propósito do casamento gay, recebi ontem um mail de alguém muito ofendiiiiido com as minhas bocas.

A certa altura dizia mesmo que eu merecia “tau-tau” ou pelo menos um tabefe.

Fiquei, como calculam, a “tiritar de coragem”, e esta noite só me veio à cabeça o perigo abissal em que me encontro. Ou faço como aquela senhora que tem uma série de guarda costas porque está assustada, ou passo a sair clandestinamente de casa – olhando de soslaio para todos os lados – não vá eu levar o tal de tabefe.

Sim, porque se o levar não sei como reagir. Fui educado naquele velho princípio que numa Senhora não se bate. Até aí não há dúvida possível. Mas como reagir a um tabefe? Não sei. Ninguém me educou para isso. Tenho de consultar a Bobone para saber como um homem se deve comportar em sociedade quando levar um tabefe de um homossexual. Um murro nas trombas? É possivelmente uma solução (a primeira que me ocorre), mas confesso que não sei se é o caminho. Bem isto deixa-me verdadeiramente angustiado.

Qualquer dia o stress vai dar cabo de mim, E tudo por causa de um tabefe, sim porque “tau-tau” acho que não vai conseguir dar-me, porque aí reagia à antiga portuguesa, à marialva, não sei se me faço entender. E lá se vai a esmerada educação que eu tive na casa paterna ...
Apostilha: Por causa das coisas coloco um possível retrato robot do energúmeno que me quer dar um tabefe...

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Tradição e Modernidade



Mais uma formidável foto de Eugenio Recuenco. Magnífico fotógrafo. Que obras primas que são as suas fotos. Vão ver na Internet as suas imagens.

Quando olho para "eles" ...

Desculpem, mas eu prefiro as primeiras


São “eles”, não somos nós que o dizemos:

Xavier Darcos que foi Ministro da Educação francês, disse da seguinte forma, em 2007, que os alunos finlandeses eram os melhores do mundo:

“Deixem de comparar os resultados das crianças finlandesas com as crianças francesas! A Finlândia é um pais diferente do nosso, é pequeno e quase não tem imigrantes...”

Também recentemente alguém “deles” declarou: “A Dinamarca é um país superior porque 83% da população é de religião luterana, participando assim decididamente na coesão social do país”.

Logo e apesar da propaganda a que somos submetidos de manhã, à tarde e à noite sobre as sociedades multiculturais, e patati patatá parece que também “eles” preferem uma sociedade homogénea.

Quem diria ...

terça-feira, janeiro 12, 2010

O valor da Música


A vida sem música é simplesmente um erro, uma tortura, um exílio.
Friedrich Nietzsche

Apostilha: A minha posição. Para o Bom Amigo Miguel Vaz e ao seu comentário.

Novos cartazes...




Esperem um pouco e ainda vão ver cartazes destes nas ruas portuguesas.

Não deseperes ...



Acredita que dentro de alguns anos ainda haverá pelo menos um Homem que se interesse por ti

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Utopia - Fascist Lady



Ou Allison na sua melhor forma vocal

Causas Fracturantes ...



Fujam, fujam que "eles" vem aí com mais causas fracturantes ...

Causas Fracturantes que "eles" nos trazem



Um grupo de homens de afectos que querem ver consagrada na lei a possibilidade de se casarem com os seus amores ...

O milésimo segundo!

É o postal 1002º.

Quase 3 anos após o início deste meu entretém cheguei ao postal chave. Ao que segue o milésimo primeiro. O mais importante para Rodrigo Emílio, que privilegiava a 1002ª noite.

Este bolgue nasceu para continuar a Honrar o meu Camarada e Amigo - como Irmão - Rodrigo Emílio.

O 1002º é para ele. Só pode ser para ele.

Um belo texto de Brasillach:

« Como a camaradagem é uma virtude suprema, não seremos nem românticos nem estúpidos para dizer que a encontrámos automaticamente em todo o lado.

Não a camaradagem é um bem raro, temos de ter a coragem de o dizer.

A camaradagem é de entre todos os frutos da dor dos Homens o mais belo. Nasce no Combate, nasce na Guerra, nasce na Prisão.

Não nasce apenas das Ideias. Ou melhor dizendo as Ideias só tem o verdadeiro valor e peso quando são incarnadas nos corpos humanos e são vividas por Camaradas.
Robert Brasillach"
Je Suis Partout 18 de Abril de 1941

Parabéns, muitos parabéns ...


... O indivíduo conseguiu. Meteu-nos no G8. Somos os maiores. Viva o Sousa, viva!

Mas alto aí, o G8 de que falo não é o grupo dos 8 países mais ricos do mundo. Nanja esse.

É o grupo dos 8 países mais homossexuais do mundo!

Nesse já estamos e ninguém nos tira dele. Não estamos num, estamos no outro. Não faz mal, o que é preciso é o orgulho de pertencer a um dos faróis da humanidadezinha. Os outros 230 países são a minoria, são umas bestas retrógradas e em que se não respeitam os direitos humanos. Bons, bons, são os oito!

Apostilha: Vi também com uma certa surpresa a reabilitação que o Partido Comunista fez do Camarada Júlio Fogaça. Finalmente foi reabilitado e Cunhal derrotado. Quem diria que o PC haveria de desprezar desta forma o seu ícone máximo - Cunhal. Expulso de Secretário Geral para ser substituído por Cunhal, Fogaça tinha o defeito de gostar de marinheiros... Por isso foi expulso, por ser homossexual passivo. Hoje seria uma honra. Cunhal era um reaccionário, dirão agora ...

Enfim e já todos conhecem a anedota: até há uns dias o país (os detentores do aparelho do Estado que esmagam a Nação) estava entregue aos bichos, hoje está entregue às ....

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Dez milhões de euros sempre se arranjam ...



... para a festarola do centenário da "rês pública".

O Ministério dos "dependentes da Mama da Cultura" não tem dinheiro para mandar cantar um cego, mas para a festarola, não há défice que preocupe.

É fartar vilanagem...

Do mar ou outra, mas que seja nossa!



Iniciamos já amanhã um novo capítulo para enterrar de vez o Finnis Patria.

Vamos descobrir de novo a Distância.A "nossa", mas que seja verdadeiramente nossa!

Forças não nos hão-de faltar

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Nós, os vencidos

O pior que pode ocorrer numa prisão é a existência dos "inocentes". Porque uma de duas coisas acontecem: Ou bem que são inocentes, e então eu desinteresse-mo da sua sorte porque não são nossos camaradas, ou então são falsamente inocentes e ainda é pior. Porque entraram no jogo do inimigo, aceitaram as regras do jogo do inimigo, e proclamando-se inocentes, admitem implicitamente que os outros são legitimamente condenados. A única reacção honrosa é a de repúdio deste mito degradante da inocência e da culpa, e aceitar que há vencedores e vencidos. Tudo o resto é uma farsa e uma cortina de fumo.

Lucien Rebatet e Pierre-Antoine Cousteau, Dialogue de “vaincus”, Berg International, 1999, p. 70.

Meditação muito a propósito de certas coisas que eu cá sei ...

Segredos Aristocráticos

Magnifico editorial de Dominique Venner na NRH de Janeiro Fevereiro de 2010.

A ler absolutamente.

O assassinato da Liberdade

pelas mãos da diversidade ...

terça-feira, janeiro 05, 2010

Império. Nação, Revolução

Já li atentamente o livro de Riccardo Marchi. Não me parece nada mal, antes pelo contrário. Teve boas fontes (nalguns casos aponta uma fonte quando a informação proveio de outra, mas tudo bem). Fez trabalho de casa, e intenso.

É omisso nalguns períodos principalmente nos poucos meses que antecederam o 25 do 4 e a preparação dos nacionalistas para o que estava para acontecer. Também se calhar ninguém esteve na disposição de lhe revelar os detalhes. Está muito ligado ao pós 25 e às lutas que se seguiram. A coisas que a maior parte dos intervenientes acha que ainda é cedo para contar. Enfim, há muitas pessoas vivas e em situação insuspeita. E etc...

Também é bastante omisso nas lutas sociais e sindicais do Jovem Portugal. Mais uma vez culpa nossa.

Li também com prazer o artigo de Jaime Nogueira Pinto no Jornal I:

"Império, Nação, Revolução. As Direitas Radicais Portuguesas no Fim do Estado Novo (1959-1974)", de Riccardo Marchi, abre uma janela sobre uma terra quase incógnita da nossa história próxima. Marchi nasceu em Pádua, em 1974. E por isso é um alien nesta paisagem, que vem olhar e contar. Mas trouxe cânones analíticos que faltam à intelectualidade indígena, que, seguindo a vulgata antifascista, arrumou indiscriminadamente todas estas "direitas" em "fascistas", "reaccionários", "extrema-direita" - os "maus" ou "vilões" da história.

A hegemonia política da esquerda há trinta e cinco anos faz com que as categorias políticas de esquerda e extrema-esquerda sejam estudadas e debatidas com algum rigor. Mas persiste a amálgama conceptual na área da direita, que, salvo raras excepções, ainda é contada pela esquerda.

Daí o mérito do livro de Marchi, que, além de estabelecer as distinções requeridas, procurou conhecer o pensamento, o sentimento e a história desta área. A galáxia aqui contada teve revistas, jornais, editoras - Tempo Presente, Combate, Via Latina, O Ataque, Política, Cidadela; teve movimentos de juventude - como o Jovem Portugal, nacional-revolucionário, fundado pelo Zarco Moniz Ferreira; ou a FEN - Frente dos Estudantes Nacionalistas - mais salazarista; teve clubes de pensamento e reflexão, e até um grupo de teatro - A Oficina. Teve escritores, académicos, intelectuais, jornalistas, militantes, estudantes, combatentes; fez panfletos, furou greves, resistiu nas faculdades da década de 1965-74 à hegemonia de controlo do movimento associativo. E foi, em 1974-75, de onde veio a única resistência à descolonização.

Conheço bem esta história; fiz parte dela. Dos que lá estivemos, uns voltaram à política depois de 1976, como o Francisco Lucas Pires e o José Miguel Júdice, outros continuaram no combate cultural, outros desistiram, alguns morreram.

Nestes movimentos estiveram conservadores, tradicionalistas, monárquicos, salazaristas, nacionalistas, nacionalistas-revolucionários, fascistas. A trilogia nação, império, revolução pode servir- -lhes de denominador: a nação e o império - e a ideia de transformar o império em nação - foram símbolos e valores de todos e estiveram na origem da vinda da maioria para a acção política. Já a revolução foi atributo dos que então se distanciaram do Estado Novo e buscaram inspiração em movimentos do passado, como o fascismo revolucionário de 1920 ou o falangismo de José António. Era a sua terceira via.

Éramos assim. Como as esquerdas radicais, vivemos intensamente os combates políticos da nossa época e, bem longe dos estereótipos de senhoritos reaccionários ou de caceteiros do regime, pensámos e lutámos por ideais de integração nacional e justiça social. Que hoje podem parecer utópicos, mas na época nos surgiram como a alternativa ao que estava e àquilo que vinha.
Jaime Nogueira Pinto

E um artigo que veio de um camisa vieja (da altura, claro). Do fundador da célula do Jovem Portugal no Liceu D. Manuel II, no Porto, e do militante activo no período descrito. Algumas vantagens teve o Jaime. Não rachou no pós 25, quando outros, como Lucas Pires declaravam alto e bom som terem sido sempre democratas... E etc. que não estou para dizer muito mais.

E fiquei muito contente quando vi o Duarte Branquinho dizer que nem todos abandonaram a luta, e que ele próprio conhecia alguns deles. Também eu, meu caro, também eu.

De todas as maneiras estou a coligir todos os pequenos detalhes com os quais ou discordo ou mesmo que podem ter esclarecimentos adicionais. E prometo que os vou escrever aqui neste espaço.

De todas as formas livro imprescindível e a ler.

A queda do Império Romano


« Era natural que os representantes de tudo o que era firme, duro e forte no antigo espírito romano sentissem alguma impaciência diante da invasão dos altos cargos da república por pessoas sem avós, sem audácia militar, pertencendo a maior parte das vezes às raças orientais que os verdadeiros Romanos desprezavam”

Ernest Renan
in Marc-Aurèle et la fin du monde antique. 1881

Apostilha: Foi o princípio do fim, claro. Qualquer semelhança com o mundo actual não é pura coincidência ...