segunda-feira, agosto 04, 2008

Lembrei-me deste Poema


Fim

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)

Pois lembrei-me deste Poema ao ler as declarações de um tal Mário Soares, presidente de uma fundação com o mesmo nome e que, para mal dos nossos pecados, nos "governou" durante uns tempos bem dilatados.

E que disse o tal do Soares: que quando soube que Salazar tinha caído da cadeira (Expresso dixit) "saí para a rua aos gritos sabendo que com aquela idade ele já não escapava".

Descanse que eu não o vou fazer quando chegar o dia em que nos deixe. A minha educação e respeito pelos mortos não propiciam atitudes destas na minha pobre pessoa. Questões de educação, digo eu. (e também o facto de não ser filho de um padre ajuda)

Mas pode estar certo que milhares e milhares de pessoas vão lançar foguetes, bater em panelas e usar berrantes gravatas ao saberem do seu passamento. Pense só nos milhares e milhares de mortos que ocorreram durante o tempo que decorreu a sua governação. Pense nos familiares de todos os que foram assassinados e/ou tudo perderam. Vai ser um dia de festa, estou certo. Nanja da minha parte. Nesse dia recolher-me-ei em silêncio para recordar todas as vítimas de Abril. Que quer, eu sou assim...

1 comentário:

Anónimo disse...

Esperemos que mais dia menos dia ele não venha a cair de uma cadeira e lhe aconteça ficar pior de saúde do que ficou Salazar e venha a ser gozado por um povo inteiro, como ele o anda a fazer há décadas e décadas em relação ao anterior governante. Ou aconteça algo semelhante, ou pior, a algum descendente seu. Porque, está mais do que provado, os filhos acabam sempre por pagar pelos erros - actos e palavras - cometidos pelos pais, quando estes não os pagam em vida.
Maria