No meio de tanto esterco que todos os dias enche as livrarias deste país, por vezes, encontram-se preciosidades.
Este postal vem a propósito de um livro que adquiri em Agosto/Setembro e que só agora, no meio de uma (mais uma) insónia me foi dado a ler.
Trata-se da reedição (pela Assírio e Alvim) de obras do dramaturgo António Patrício (1878/1930). Neste caso concreto uma sua peça escrita em 1909 e só estreada em 1971 – O Fim.
O enredo trata da tragédia de uma Rainha (D. Maria Pia, mãe de D. Carlos I e avó de D. Luís Filipe) enlouquecida pelo sofrimento e que depois do Regicídio vagueia pelo Palácio rodeada apenas por dois aristocratas (os únicos que se mantêm fieis). É evidente a alegoria do fim da Monarquia e do fim da Nação. No segundo acto há a “invasão de Lisboa por uma esquadra estrangeira” (configurada pela maçonaria ou pelo Ultimatum – é o mesmo). Mas eis que surge o “Desconhecido” que aparece no Palácio em chamas e que concita o povo a lutar para evitar o “suicídio colectivo” e contrapõe “aos últimos dias de um povo” o heroísmo desse povo levantado em armas contra o invasor. Ao toque insistente dos sinos, a “Raça” desperta numa vitória conseguida sobre os escombros.
Trata-se de uma alegoria do “fim da Monarquia” (estamos em 1909) mas podemos pensar que tem também o sentido apocalíptico de um luto perpétuo de uma Nação sempre ameaçada pela possibilidade de extinção. Adepto de Nietzsche, Patrício dá-nos a ideia do crepúsculo dos ídolos e dos deuses.
É uma peça sobre o fim histórico de Portugal, ocorrido há mais de trinta anos. Tem uma actualidade absoluta.
Este postal vem a propósito de um livro que adquiri em Agosto/Setembro e que só agora, no meio de uma (mais uma) insónia me foi dado a ler.
Trata-se da reedição (pela Assírio e Alvim) de obras do dramaturgo António Patrício (1878/1930). Neste caso concreto uma sua peça escrita em 1909 e só estreada em 1971 – O Fim.
O enredo trata da tragédia de uma Rainha (D. Maria Pia, mãe de D. Carlos I e avó de D. Luís Filipe) enlouquecida pelo sofrimento e que depois do Regicídio vagueia pelo Palácio rodeada apenas por dois aristocratas (os únicos que se mantêm fieis). É evidente a alegoria do fim da Monarquia e do fim da Nação. No segundo acto há a “invasão de Lisboa por uma esquadra estrangeira” (configurada pela maçonaria ou pelo Ultimatum – é o mesmo). Mas eis que surge o “Desconhecido” que aparece no Palácio em chamas e que concita o povo a lutar para evitar o “suicídio colectivo” e contrapõe “aos últimos dias de um povo” o heroísmo desse povo levantado em armas contra o invasor. Ao toque insistente dos sinos, a “Raça” desperta numa vitória conseguida sobre os escombros.
Trata-se de uma alegoria do “fim da Monarquia” (estamos em 1909) mas podemos pensar que tem também o sentido apocalíptico de um luto perpétuo de uma Nação sempre ameaçada pela possibilidade de extinção. Adepto de Nietzsche, Patrício dá-nos a ideia do crepúsculo dos ídolos e dos deuses.
É uma peça sobre o fim histórico de Portugal, ocorrido há mais de trinta anos. Tem uma actualidade absoluta.
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