Depois do 25 do 4 lembro-me do chinfrim que foi a revelação que os malandros da pide tinham uma central de escuta na sua sede em que (calculem) podiam escutar cinco (sim, cinco) telefones em simultâneo. Fascistas que escutavam as conversas dos outros. Cuscas, etc.
Bem, mas entretanto chegou a liberdade. Viva, viva!! Agora já não há nada dessas coisas (malfeitorias que a pide fazia – escutas, leitura de correspondência, etc)
Mas olha para o que eu digo e não para o que eu faço!
As escutas “deles” eram más. As “nossas” são boas.
O frenesim começou com o PGR a dizer que desconhecia o número de escutas e muitas mais coisas enfrenesiantes. Foi à AR, foi lá o ministro também. Toda a gente botou faladura.
Agora saiu um número oficial da PJ. Nos últimos anos foram escutados 52.000 telefones. Todos respiraram de alivio. Isso dá para aí dez mil telefones escutados por ano. Coisa pouca. E todos se calaram.
Eu (que tenho mau feitio) fiquei a matutar no número e vai daí fui fazer umas contitas. Ora vamos lá a ver: eu telefono periodicamente (por motivos pessoais a cerca de 40 pessoas . familiares, amigos, vizinhos, diversos – e a cerca de 120 pessoas diferentes por motivos profissionais). Ou seja se o meu telefone estiver sobre escuta durante um mês (além de mim) são escutados umas 160 pessoas, que não tem culpa das minhas eventuais malfeitorias. Bem, pode ser que eu seja um caso isolado ou pouco provável. Vamos à minha mulher. Também ela telefona a umas oitenta pessoas diferentes por mês. Bem, aceitemos que também é uma excepção. Fiz este teste com mais umas pessoas amigas e colegas e cheguei a uma conclusão (nada científica, é claro) que nesta sociedade urbana a média de chamadas a pessoas diferentes – até chamar um táxi conta – é de cerca de 50.
Logo as tais 52.000 escutas feitas – legalmente na PJ – no tal período significam que cerca de 2.500.000 (dois milhões e meio) de pessoas foram escutadas neste período. Ou seja um quarto da população portuguesa foi escutada!!!!
Mais algumas reflexões sobre este caso. Alguma vez a Comissão de Mercados foi avisada de que havia escutas a decisores económicos com cotação bolsistas e que as informações obtidas através das escutas poderiam propiciar lucros a “jogadores de bolsa”? Penso que não, mas quem somos nós para desconfiar deles?
Outra pergunta. Há telefones de pessoas detentoras de segredos de estado que foram (e se calhar são) escutadas. Alguma vez os senhores que mandam lá no sítio se lembraram de pedir certificação de segurança para aceder a segredos de estado? (Recordo apenas que quer o PR, quer os Ministros dos Estrangeiros, Defesa, Primeiro Ministro, e até Chefias Militares podem ser escutados). E que as informações obtidas podem valer dinheiro no mercado da espionagem Penso que não. Isso são minudências. O que é preciso é escutar!
Apostilha: penso que dada a minha irrelevância (quer profissional quer pessoal) e a minha total indisponibilidade para militar (seja no que for) me permite ser imune às tais das escutas. Se o fizerem é só para perder tempo. Este postal tem a ver com um desafio que o Sr. Rogeiro fez na passada semana na revista Sábado. Ele queria saber se haveria melhor maneira para evitar e castigar os crimes do que a escuta telefónica. Pois aqui vai o meu contributo. Quem quiser perceber que perceba!
Bem, mas entretanto chegou a liberdade. Viva, viva!! Agora já não há nada dessas coisas (malfeitorias que a pide fazia – escutas, leitura de correspondência, etc)
Mas olha para o que eu digo e não para o que eu faço!
As escutas “deles” eram más. As “nossas” são boas.
O frenesim começou com o PGR a dizer que desconhecia o número de escutas e muitas mais coisas enfrenesiantes. Foi à AR, foi lá o ministro também. Toda a gente botou faladura.
Agora saiu um número oficial da PJ. Nos últimos anos foram escutados 52.000 telefones. Todos respiraram de alivio. Isso dá para aí dez mil telefones escutados por ano. Coisa pouca. E todos se calaram.
Eu (que tenho mau feitio) fiquei a matutar no número e vai daí fui fazer umas contitas. Ora vamos lá a ver: eu telefono periodicamente (por motivos pessoais a cerca de 40 pessoas . familiares, amigos, vizinhos, diversos – e a cerca de 120 pessoas diferentes por motivos profissionais). Ou seja se o meu telefone estiver sobre escuta durante um mês (além de mim) são escutados umas 160 pessoas, que não tem culpa das minhas eventuais malfeitorias. Bem, pode ser que eu seja um caso isolado ou pouco provável. Vamos à minha mulher. Também ela telefona a umas oitenta pessoas diferentes por mês. Bem, aceitemos que também é uma excepção. Fiz este teste com mais umas pessoas amigas e colegas e cheguei a uma conclusão (nada científica, é claro) que nesta sociedade urbana a média de chamadas a pessoas diferentes – até chamar um táxi conta – é de cerca de 50.
Logo as tais 52.000 escutas feitas – legalmente na PJ – no tal período significam que cerca de 2.500.000 (dois milhões e meio) de pessoas foram escutadas neste período. Ou seja um quarto da população portuguesa foi escutada!!!!
Mais algumas reflexões sobre este caso. Alguma vez a Comissão de Mercados foi avisada de que havia escutas a decisores económicos com cotação bolsistas e que as informações obtidas através das escutas poderiam propiciar lucros a “jogadores de bolsa”? Penso que não, mas quem somos nós para desconfiar deles?
Outra pergunta. Há telefones de pessoas detentoras de segredos de estado que foram (e se calhar são) escutadas. Alguma vez os senhores que mandam lá no sítio se lembraram de pedir certificação de segurança para aceder a segredos de estado? (Recordo apenas que quer o PR, quer os Ministros dos Estrangeiros, Defesa, Primeiro Ministro, e até Chefias Militares podem ser escutados). E que as informações obtidas podem valer dinheiro no mercado da espionagem Penso que não. Isso são minudências. O que é preciso é escutar!
Apostilha: penso que dada a minha irrelevância (quer profissional quer pessoal) e a minha total indisponibilidade para militar (seja no que for) me permite ser imune às tais das escutas. Se o fizerem é só para perder tempo. Este postal tem a ver com um desafio que o Sr. Rogeiro fez na passada semana na revista Sábado. Ele queria saber se haveria melhor maneira para evitar e castigar os crimes do que a escuta telefónica. Pois aqui vai o meu contributo. Quem quiser perceber que perceba!
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