Declaração de princípios logo à cabeça: tenha uma grande consideração pela capacidade cultural de Vasco Pulido Valente. Políticas à parte acho que é insubstituível nos meios culturais portugueses.
Tudo iso vem a propósito de uma espécie de concurso organizado pela Revista Atlântico, em que o bom do VPV testa a cultura dos seus leitores. Até aqui tudo bem. São perguntas bem difíceis. Eu próprio (que não me considero dos mais desfavorecidos culturalmente deste país) vejo-me à nora e confesso apenas poder responder a menos de 6 das perguntas colocadas. Uma razia que me coloca no devido lugar dos néscios e aculturados deste rincão à beira mar plantado.
Mas vamos ao cerne deste postal.
Uma das perguntas tem a ver com quem disse: "quando ouço falar de cultura saco da pistola".
Ora aqui temo que VPV (nas soluções que vai dar na próxima revista) nos revele que foi Goering. É a "história oficial" mil vezes repetida e que tende a tornar-se na verdade!.
Mas a verdade não é essa e já agora compartilho-a com os meus mais jovens leitores. Goering disse-o, na realidade. E disse-o numa sessão do Reichtag, a que presidia. Mas disse-a num contexto. E esse contexto foi o seguinte: um deputado da oposição a certa altura começou a falar por tudo e por nada "em nome da cultura". Goering interrompeu-o e disse que tinha acabado de ver uma peça de Teatro em que o actor declarava que "quando ouvia falar de cultura sacava a pistola".
Que peça era essa:era uma peça de autoria do dramaturgo Hans Johst: A locução assassina, porém, não a pronunciou ele, Hans, mas uma das suas personagens, na cena inicial do 1.º Acto da peça "Schlageter", estreada em Abril de 1933. Eis o que Thiemann, o personagem, afirma em rigor: «Wenn ich Kultur höre, entsichere ich meinen Browning» ("Quando ouço falar de cultura, saco logo da Browning").Nessa peça de teatro relatava o passado no final da primeira guerra mundial em que "os Cadetes" lutavam arduamente nas ruas contra os comunistas. Não nos esqueçamos que nessa altura os comunistas fuzilavam em nome da cultura. Daí a frase do tal Cadete. Porque na realidade quando a palavra era utilizada já se sabia que pelo menos mais um nacionalista ía ser fuzilado.
E esta é a hitória.
Espero, em jubilosa esperança, que VPV dê a resposta certa. Em boa verdade o digo.
Apostilha: Tive oportunidade de ver esta peça em Paris, nos anos 90 por uma pequena companhia teatral. A encenação era um espanto. A peça foi toda virada do avesso. Os maus eram os nacionalistas. Os bons os comunistas. Quem matava em nome da cultura eram os fascistas, etc. Até colocavam os cadetes (em final da Iª GM) com o uniforme dos SS alemães. Um colosso cultural, como podem observar.
Sem comentários:
Enviar um comentário