quinta-feira, janeiro 31, 2008

Artigo 4º - número 16

Os mais antigos lembram-se bem do saudoso Regulamento de Disciplina Militar (o RDM) implantado pela primeira vez em Portugal pelo Conde de Lippe quando foi necessário criar um exército a sério neste país.

E todos estão familiarizados com o famoso n.º 16/4º, com que eramos mimoseados quando fizemos a nossa tropa. Para os mais novos era o artigo que proibia a gayzice na tropa...

Bem, mas isso já é história.

Lembrei-me deste famoso artigo 4º/16 por causa de uma petição que para aí anda. Querem reabilitar um Capitão que foi apanhado nas malhas desse artigo. Até já o ouvi chamar de "o nosso Dreyfus". Meu Deus tenham respeito e tento na língua!

Mas o que eu queria dizer é que quando o reabilitarem (não tenho dúvidas que o vão fazer - eles tem de fazer o Salazar anti-semita a bem ou a mal!!!) não se esqueçam dos outros. Lembro-me a talhe de foice de um Tenente Coronel e de um Major que sofreram as mesmas consequências por serem dos tais. (Também houve outro oficial que por outro motivo - gostava muito de batatas - foi corrido e depois também foi reabilitado...)

Sim porque ou há moralidade ou comem todos. Mas penso que isto de vender vistos e infringir o 4º/16 é só para alguns. Os outros népia. Alguém já pensou em reabilitar o agente da pide que também vendeu (ou cedeu ou facilitou) vistos na mesma altura?

"A obscenidade democrática"


A frase não é minha, é de Régis Debray (o que se ganha em lucidez com a idade...) Pronunciou-a a propósito "da falta de pudor republicano" que sob a cobertura do laicismo nos impõe a nova religião, o antiracismo. Chamei-lhe já o "comunismo do século XXI, antes de saber que o pensador Finkelkraut já assim a tinha classificado. Com os seus dogmas igualitários, verdadeiro veneno das nossas identidades, as suas pompas e os seus grandes sacerdotes, os seus guardiões da fé, os seus tribunais da nova Inquisição, com os seus prosélitos, com os seus Torquemadas. Com as suas prisões (na judite ou em casa, com pulseira - que é mais moderno e barato...).

Enfim se até "eles" já estão a ver ...

E a tal da obscenidade também se revela no facto de não quererem ouvir os seus súbditos em referendo. E depois admiram-se com as consequências...

"Eles" confessam




"Sou um cosmopolita decidido. Amo a mestiçagem e detesto o nacionalismo. Não vibro com a Marselhesa. Espero que o quadro nacional seja um dia só passado. E a meus olhos um dos principais méritos da UE é o facto de funcionar como uma máquina arrefecedora da paixão nacional"
Bernard-Henri Lévy

Esperem pela pancada ,,,



Os nossos berloquistas fizeram o requerimento, meteram umas notícias nos jornais, os do Bairro Alto deram uma ajudinha, o Licenciado em Engenharia Sousa tremeu (com medo de que a sua tentativa de golpe à Mitterrant possa falhar - eu depois explico o que penso sobre o assunto), o Minitro Severiano proibiu.

Tudo bem no mundo dos "gauchistas" cá do burgo. O Exército nem tugiu nem mugiu. Já está habituado.

E não vai tugir nem mugir quando os nossos berloquistas de serviço fizerem um requerimento ao ministro para ser autorizada a participação da banda do exército (ou da marinha, preferencialmente - "eles" gostam mais de marinheiros) na próxima parada gay pride de Lisboa (com a devida comparticipação financeira da CML, é claro...)

Lá lembrar os crimes dos republicanos e maçons é que não...

quarta-feira, janeiro 30, 2008

"Fiel aos meus afectos"



"Posso ter-me enganado em alguns homens, factos ou circunstâncias, mas não me arrependo em nada das razões que me levaram a intervir"

Brasillach

Assumo que também esta frase se aplica a mim!

Com que então já 1 aninho!



Pois hoje é dia 30 de Janeiro. Há um ano iniciei esta vida bloguística. Tem sido interessante, mas muito frustrante, por vezes.

Quero ir muito mais além (em qualidade e quantidade). No entanto a vida profissional (sobretudo) tem-me impedido de ser mais constante. Passei durante este período algumas crises que me levaram quase a desistir. O nível por vezes esteve alto, outras vezes baixo (muito baixo...). E isso é mau. Por vezes também coloquei alguns postais tipo encher chouriços, para me obrigar a continuar este meu "trabalho". Enfim é a vida.

Orgulhoso estou das cerca de 2000 visitas mensais. Em 9 meses (tantos quanto eu tenho de contador de visitas)recebi cerca de 18.000 visitas. Nunca esperei. As visitas que mais me animam são as da diáspora portuguesa. O correio electrónico que recebo desses membros dessa diáspora tem sido constante. Também tenho recebido muitos incentivos de vários camaradas bloguistas. A todos o meu obrigado.

Vou continuar. Até não poder ou então até que eu sinta que estou a perder (significativamente) a qualidade mínima.

sábado, janeiro 26, 2008

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Disse e repito !



Chegou hoje às bancas das livrarias uma nova Obra de António Manuel Couto Viana:

Disse e Repito!

Ou como diria Rafael Sanchez Mazas:

"Ni me arripiendo ni me olvido".

Nos seus joviais 85 anos Couto Viana dá-nos mais uma Obra que merece presença obrigatória nas estantes das bibliotecas de todos os amantes do belo e do ético.

Obrigado e para o ano queremos mais!!

85 anos do vulto da Poesia e da Portugalidade


Início dos anos 50, com a farda da Mocidade Portuguesa em Tetuão


1976 - Couto Viana na trincheira da Rua, semanário que crismou e que ajudou a criar

“A minha pátria alçou o braço
(Pátria pacífica e pequena).
Baixou-o logo, de cansaço.
Foi pena!

(…)
Cedo se calou o ousado brado
Que unia as almas e as bandeiras
Numa velada de soldado
Junto de tendas e fogueiras.

Cedo arrasou a altiva torre
Que ergueram todos de mão dada.
(Agora sei como se morre
Por nada!)
António Manuel Couto Viana
em “Pátria Exausta”

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Frenéticos

... Estão os nossos governantes

Por causa de uma putativa ameaça terrorista lá dos da al-qaeda. Reuniram-se (e até parecia uma reunião da loja, tantos que lá estavam) preocupados com a ameaça.

Os do povinho, contudo, não lhes ligaram nenhuma. Com a sua proverbial sabedoria pensaram com os seus botões:

"Se nós já estamos tão habituados à ASAE não será a Al-qaeda a meter-nos medo"

Apostilha: afinal sempre servem para alguma coisa...

terça-feira, janeiro 22, 2008

Ainda mais Drago





O efeito expressivo da sua pintura proporciona uma curiosa passagem de emoções, graças às quais o passado e o presente, a história e a metáfora passam a fazer parte de uma visão densa de uma mensagem e de uma invocação.

A Pintura de Drago - II


Uma mulher europeia de costas observa um cenário sem fim, no qual terra e céu parecem confundir-se e o voo de uma águia assinala a direcção ocidental da nossa visão sobre o continente euro asiático, enquanto do outro lado do oceano há uma fronteira azul, como fundo, e iluminado pelo aparecimento de algumas pirâmides douradas,

Vejam todo o simbolismo desta obra de arte. Chirico e Lima de Freitas não fariam melhor. Évola deverá estar orgulhoso deste seu aluno.

A Pintura de Drago

Civis romanus ego sum




Sou um cidadão de Roma, logo sou um cidadão da Europa.

Este é sem dúvida o epitáfio desejado por Dragos Kalajic, em arte Drago.

Nasceu em Belgrado em 1943. Aos 22 anos vai para Itália para fazer os seus estudos na Academia de Belas Artes de Roma. Frequenta os meios nacionalistas europeus. Aluno atento de Romualdi e de Evola. Dá-se artisticamente com Giorgio de Chirico. Participa activamente no movimento artístico da Nova Figuração, contraponto europeu à pop art americana.

Continua em Itália até ao culminar dos anos de chumbo, retirando-se então para a sua Sérvia natal. Continua a sua actividade artística e simultaneamente dedica-se também ao campo editorial. Funda a editora Knjizevne responsável pela difusão das ideias de Evola, Guenon, etc no mundo eslavo. É através dele que a Rússia ouve pela primeira vez falar de Julius Evola.

Nos finais dos anos 70, já um intelectual reconhecido na Sérvia, publica os seus mais importantes ensaios: o estudo morfológico sobre a utopia e anti-utopia na Europa “Mapa (anti)utopija”, Vrnjacka Banja, 1978; um estudo sobre o fim do mundo “Smak sveta”, Zagreb, 1980, bem como romances, ensaios e poemas. É responsável por uma série de programas para a televisão RTS sobre a arte moderna, intitulada “O espelho do século XX”.
Dedica um programa de uma hora a Chirico a quem entrevista demoradamente. Poucos meses depois o grande pintor deixava-nos.

Com a guerra dedica-se mais exaustivamente à politica: "a Pátria precisa de mim", dizia. É um dos principais comentadores da revista semanal Daga. Concita os sérvios, croatas e bósnios à unidade recordando-lhes que as suas diferenças e inimizades eram irrisórias face ao abismo atlântico que os separa dos verdadeiros inimigos da Europa. Nos anos 90 não teme ser correspondente de guerra na frente de combate. Com alguns generais cria o Instituto de Geopolítica de Belgrado. È eleito Senador. Os seus escritos são publicados regularmente na Rússia, A Associação de Escritores da Rússia outorga-lhe o prémio para a melhor narrativa estrangeira ao seu livro “Os últimos europeus”.

Alem desta tão profícua actividade mantém-se a pintar. Em finais de 2004 realiza em Itália a sua última exposição em que demonstra toda a sua fidelidade à ideia da Europa, filha de Roma, que ao longo de séculos suscitou e ainda suscita o sonhos dos verdadeiros europeus.

Morre em 2005, vítima de um cancro.

Foi um homem do renascimento. Da Pintura à Música tocou diversas teclas e sempre bem. È um verdadeiro europeu que muito fez pelas ideias da Europa das Pátrias. A sua influência na Rússia foi incomensurável. Muito do que hoje lá ocorre se lhe deve.

Este Homem não pode passar despercebido para qualquer Nacionalista ou Homem Culto europeu.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Noticias eleitorais - 2

Susanne Winter, cabeça de lista do Partido Liberal FPO (nacionalista) às eleições em Graz obteve mais de 11% dos votos contra os 7,9 % das eleições anteriores.

Este aumento ainda é mais significativo se considerarmos que uma cisão no campo nacionalista fez criar o BZO (Federação para o Futuro da Áustria) que concorreu isolado e pela primeira vez e obteve 4,43 % dos votos.

A transferência dos votos foi resultante da diminuição drástica dos comunistas e socialistas.

Noticias eleitorais - 1



Na Sérvia Nikolic, candidato nacionalista obteve 39,4% dos votos derrotando o "fã" dos americas e dos federastas europeus Tadic. Vai haver segunda volta. Eles vão fazer tudo para o candidato deles ganhar. Mas vamos a ver.

Esta votação é uma homenagem póstuma ao grande pintor Drago (de que vos falarei brevemente), o grande impulsionador cultural da revolução nacionalista sérvia e que morreu em 2005, vítima de cancro.

Sempre Celine


"A logorreia celiniana é ainda nos dias de hoje o melhor remédio contra a obstipação intelectual e a linguagem enviesada dos intelectuais sem ideias e sem alma"
Philippe Pichon, Le cas Céline, Edições Dualpha, 2007.

Pensamentos


O anti racismo é o comunismo do século XXI."

Dixit Alain Finkielkraut

O Espírito Hussard e a europa dos tratantes



É agradável reclamar a altos gritos a Europa. Mas ela não nascerá sem um centro, uma vontade. Hoje este é o papel da França. Mas por um sentimento de modéstia ou de impotência dos nossos europeus, eles recusam desde logo este lugar magnífico e propõe-se federar-se com o Grão Ducado do Luxemburgo. A sua ideia não é a de que a Europa seja a mais forte, a mais rica, a mais ameaçante, se necessário. Querem que seja vasta e fraca... Sonham com uma imensa Suiça, a Europa como um redil universal de ovelhas. Estes imprudentes deveriam temer que esse campo fechado não seja olhado pelos outros como um excelente campo de manobras para essas grandes viagens turísticas a que também chamam expedições militares.
Roger Nimier in Le Grand d'Espagne



Apostilha; Neste momento a Amazon França está a vender os livros do Nimier (poche) a 5,04 € cada um. Para quem desejar é a altura de fazer umas boas aquisições

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Iconoclastia em ponto grande - 7


"As multinacionais ajudaram a vencer a guerra fria. Hoje servem para o mesmo efeito nos países muçulmanos", diz a legenda deste cartaz.

A minha homenagem aos governos ditos ocidentais por ajudarem as pobres multinacionais a fazerem mais uns dinheiritos...

Iconoclastia em ponto grande - 6



Homenagem aos abortistas de serviço que legalizaram o Infanticídio Voluntário e Gratuito (IVG)

Iconoclastia em ponto grande - 5



A minha homenagem aos sores deputados fumadores que assim nunca estão nas sessões da AR, logo não fazem leis para nos chatear.

Exercício de Imaginação

Vamos imaginar que eu perdi a cabeça. Que decidi escrever só disparates e coisas perigosas. Imaginemos que um indvíduo qualquer (de outra raça, ou de uma minoria sexual, ou de outro país extra comunitário) mata um branco português, que tivesse a minha religião.

E imaginemos que eu escrevia barbaridades destas: "impulsionaram o gesto inclemente aguçado exclusivo para a morte". "O alarve do facínora deu uma, duas, três quatro.Mais, Mais, meia dúzia não chegavam. Esfaqueou dez vezes o peito da vítima" "Quis matar depressa e à bruta", "de impulsos quentes de mortandade". "Quando o talhante" "O objectivo do animal invertrebado babava", o "sanguinário" "apresentou-se pela própria pata", o "monstro confessou", "as cavalgaduras" ...

Ora se eu escrevesse isto no contexto apresentado no início o que é que pensam que me aconteceria? Não tenham dúvidas já estava dentro, com um processo (pelo menos!) por incitamento ao sei lá o quê...

Pois isto foi escrito na Atlântico. E escrito pela D. Miriam Assor, membro da comunidade judaica portuguesa a propósito do assassinato de um outro membro da comunidade, o Sr. Maurício Levy. A razão prende-se com "cornos". O encornado não gostou e tinha mau feitio. E deu chatice, é claro. Aceito que o Sr. Levy fosse amigo da jornalista. Aceito que ela tenha ficado revoltada. Compreendo tudo isso. Só não aceito são os termos utilizados.

Mas querem uma opinião. Nada vai acontecer à D. Miriam. Estava a falar apenas de um goim!!!

Apostilha: no final do artigo lá se lembrou de falar de dois irresponsáveis que profanaram o cemitério judaico (sobre o assunto já escrevi tudo o que tinha a escrever!!!). E lá mesmo no final do artigo publicado na revista afirma "as cavalgaduras ... vão às compras. Fazem propaganda, Riem. Até ao dia."

O que espera a PSP para colocar segurança aos dois palermas profanadores do cemitério. Que se dê mais um crime? Por muito menos houve uma procuradora que passou a ter segurança 24 horas por dia...

Será que VPV vai meter a "pata na poça"?

Declaração de princípios logo à cabeça: tenha uma grande consideração pela capacidade cultural de Vasco Pulido Valente. Políticas à parte acho que é insubstituível nos meios culturais portugueses.

Tudo iso vem a propósito de uma espécie de concurso organizado pela Revista Atlântico, em que o bom do VPV testa a cultura dos seus leitores. Até aqui tudo bem. São perguntas bem difíceis. Eu próprio (que não me considero dos mais desfavorecidos culturalmente deste país) vejo-me à nora e confesso apenas poder responder a menos de 6 das perguntas colocadas. Uma razia que me coloca no devido lugar dos néscios e aculturados deste rincão à beira mar plantado.

Mas vamos ao cerne deste postal.

Uma das perguntas tem a ver com quem disse: "quando ouço falar de cultura saco da pistola".

Ora aqui temo que VPV (nas soluções que vai dar na próxima revista) nos revele que foi Goering. É a "história oficial" mil vezes repetida e que tende a tornar-se na verdade!.

Mas a verdade não é essa e já agora compartilho-a com os meus mais jovens leitores. Goering disse-o, na realidade. E disse-o numa sessão do Reichtag, a que presidia. Mas disse-a num contexto. E esse contexto foi o seguinte: um deputado da oposição a certa altura começou a falar por tudo e por nada "em nome da cultura". Goering interrompeu-o e disse que tinha acabado de ver uma peça de Teatro em que o actor declarava que "quando ouvia falar de cultura sacava a pistola".

Que peça era essa:era uma peça de autoria do dramaturgo Hans Johst: A locução assassina, porém, não a pronunciou ele, Hans, mas uma das suas personagens, na cena inicial do 1.º Acto da peça "Schlageter", estreada em Abril de 1933. Eis o que Thiemann, o personagem, afirma em rigor: «Wenn ich Kultur höre, entsichere ich meinen Browning» ("Quando ouço falar de cultura, saco logo da Browning").Nessa peça de teatro relatava o passado no final da primeira guerra mundial em que "os Cadetes" lutavam arduamente nas ruas contra os comunistas. Não nos esqueçamos que nessa altura os comunistas fuzilavam em nome da cultura. Daí a frase do tal Cadete. Porque na realidade quando a palavra era utilizada já se sabia que pelo menos mais um nacionalista ía ser fuzilado.

E esta é a hitória.

Espero, em jubilosa esperança, que VPV dê a resposta certa. Em boa verdade o digo.

Apostilha: Tive oportunidade de ver esta peça em Paris, nos anos 90 por uma pequena companhia teatral. A encenação era um espanto. A peça foi toda virada do avesso. Os maus eram os nacionalistas. Os bons os comunistas. Quem matava em nome da cultura eram os fascistas, etc. Até colocavam os cadetes (em final da Iª GM) com o uniforme dos SS alemães. Um colosso cultural, como podem observar.

Que mal fez este Homem?


Será que é pedófilo? Terrorista/bombista, quiçá? Assaltante de bancos? Traficante de droga? Violador?

Não, nada disso. Este Homem é Editor (esta prisão data de 2006). Publica livros. O que é muito perigoso nesta europa de tratantes em que vivemos.
Relembro Pedro Varela, como símbolo de tudo o que se tem passado nestes últimos dias. Prisões, censuras, multas, inibição de exercício da profissão, etc e tal. Na europa dita das liberdades (ah! ah!, ah!)


O nosso Nonas tem-se esmerado na denúncia desta autêntica epopeia jurídica. Aliás não compreendo que seja necessário proibir o escrutínio histórico da verdade oficial. Ou será porque tem telhados de vidro?

Apostilha: Como não pretendo sofrer nenhuma das consequências motivadas por não alinhar a 200% com a verdade oficial, declaro, desde já, que acredito em tudo, mas mesmo tudo o que eles dizem. Aliás não tenho dúvidas que foram os nazis que mataram os oficiais polacos em Katyn. Foi assim decidido e transitado em julgado no Tribunal de Nuremberga. E como todos sabemos há países da europa em que é proibido contestar as sábias e imparciais decisões daqueles brilhantes juízes. Se eles disseram que tinham sido os alemães, não venham agora dizer que foram os malvados dos comunas. Olhem que podem ser considerados revisionistas e lá vão vocês de cana e perdem o vosso ganha pão!

terça-feira, janeiro 15, 2008

E agora um pouco de alegria verdadeiramente europeia




Ah, como é bela a du(l)ce vita.

E a árvore por ele plantada ainda continua de pé. Mesmo no meio das ruínas!

Iconoclastia em ponto grande - 4



A minha homenagem ao SOS Racismo

Iconoclastia em ponto grande - 3




A minha homenagem ao bushistas da nossa praça.

A primeira imagem é uma graçola de um jornal dos usa no primeiro aniversário do assassinato do Presidente Saddam

Iconoclastia em ponto grande - 2



A minha homenagem aos socretinos da nossa praça

Iconoclastia em ponto grande - 1




A nova Torre Eiffel (versão Sarkozy)

A minha homenagem ao "francês" que actualmente anda pelas monarquias do golfo a contar umas mirabolantes histórias das arábias aos xeiques lá do sítio, qual xerezade de trazer por casa.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

O que eu fui descobrir nas minhas coisas ...


Com que então também tinham uma Padroeira?

Esta é só para chatear os do Bairro Alto !

E depois queixam-se

Anunciam hoje os jornais que no ano de 2006 nasceram em Portugal menos 3.000 bébés. Estamos abaixo dos 103.000 nascimentos / ano. A taxa é já de 1,36, quando a necessária para repor a população é de 2,1.

Isto sabe-se no ano em que "eles" fizeram a lei do aborto, ou em politicamente correcto IVG.

Mas eu que sou o mais incorrecto possível chamo à tal "IVG", o Infanticídio Voluntário e Gratuito!

Olhem, sabem que mais, vão dar banho ao cão!

quinta-feira, janeiro 10, 2008

As minhas (atrasadas) comemorações dos 90 anos do comunismo



Obra da pintora sérvia Olja Ivanjicki, uma das artistas que um pouco por toda a Europa do Leste se tem revelado, integrada na enorme pleiade de pintores nacionalistas e europeus (da Europa das Pátrias) nos últimos 10/15 anos, criando um movimento - e uma escola - que terá a sua influência em toda a Europa culta. O caso português é um caso completamente à parte. Não se vislumbra um único artista com esa capacidade. Basta ver as Escolas Superiores de BA de Lisboa e Porto, bem como os "negociantes de arte deste país". Desde Lima de Freitas que nada de especial se passou cá pelo burgo, visto o "mercado" estar influenciado em demasia pelos "critérios de arte" de Nova Iorque e de Paris. Mas tenhamos esperanças.

Já vos tinha prometido, logo no início deste espaço falar um pouco sobre os conceitos de "arte" pictórica actualmente em vigor. Nunca consegui ainda arranjar tempo para cumprir essa promessa. Mas vou ser capaz. É só preciso ter um pouco mais de paciência.

Reflexões do Beatódromo ...

Com o acordo(?) ortográfico que nos vai ser imposto, decidi abrir uma excepção e começar - a título excepcional - a falar em "acordês/abrasileirado". Por isso e dado que agora as ruas estão cheias de beatas dos párias fumadores da nossa praça, resolvi passar a chamar às ruas desta ex capital do Império o Beatódromo.

Ora quando estou a cometer o gravíssimo crime de fumar (cigarros, que não outras ervas, essas sim toleradas...) dá-me para reflectir um pouco sobre o que se passa nesta minha vida. Para já acho que estas "cigarradas" estão-nos (mea culpa) a desviar dos mais prementes problemas deste país. Os partidos do sistema (a quem gosto de chamar a Secção Portuguesa da Internacional Federalista - a SPIF) lá decidiram aprovar o tratante por via par(a)lamentar. Está feito e nós a discutirmos umas fumaças...

Portanto vou parar. Vamos dedicar-nos a outras coisas. Mantenho toda a minha "resistência activa e passiva" aos desmandos desta gentinha. Como bom direitista estou a actuar sozinho. Boicoto, rejeito, respingo, deixo de colaborar com as actividades de "cidadania" a que sempre me dediquei. Ou seja pago-lhes na mesma moeda. Se me consideram um pária, então vou-me comportar como tal.

Por isso fim de (fu)massadas.

Apostilha: Vocês já imaginaram esta Lei em vigor com o Rodrigo Emílio em nossa companhia física. O homem da boémia, da tertúlia, dos (imensos) Portugueses Suaves sem filtro dos (desmesurados) cafés.

Não sei como seria. Acredito que a esta hora e dez dias depois do "diktat" em vigor o bom do nosso Rodrigo já teria para cima de duzentas multas, para cima de vinte visitas às esquadras das polícias, etc... E o que a sua caneta não escreveria.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O jacobinismo



Também em França os nossos amigos locais tem de aturar o politicamente correcto jacobino.

PIM !!!

Manuel Falcão, no seu "A Esquina do Rio", resolveu dar-nos um belíssimo naco de prosa. Refiro-me à adaptação do Morra o Dantas, Pim! ao excelentíssimo senhor Nunes, o tal dos asa(e)ístas.

Como alguns dos meus leitores, se calhar, não conseguiram deliciar-se com o texto, resolvi surripiá-lo e reproduzi-lo de seguida.

Almada Negreiros não faria melhor:

MANIFESTO ANTI-NUNES E POR EXTENSO
dedicado ao inspector mor da ASAE
adaptado, com a devida vénia, do original de José de Almada-Negreiros
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO

BASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM NUNES É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!
MORRA O NUNES, MORRA! PIM!
UMA GERAÇÃO COM UM NUNES A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!
UMA GERAÇÃO COM UM NUNES À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!
O NUNES É UM CIGANO!
O NUNES É MEIO CIGANO!
O NUNES É UM HABILIDOSO!
O NUNES VESTE-SE MAL!
O NUNES USA CEROULAS DE MALHA!
O NUNES ESPECÚLA E INÓCULA OS CONCUBINOS!
O NUNES É NUNES!
O NUNES É ANTÓNIO!
MORRA O NUNES, MORRA! PIM!
E O NUNES TEVE CLÁQUE! E O NUNES TEVE PALMAS! E O NUNES AGRADECEU!
O NUNES É UM CIGANÃO!
NÃO É PRECISO IR P'RÓ ROCIO P'RA SE SER UM PANTOMINEIRO, BASTA SER-SE PANTOMINEIRO!
NÃO É PRECISO DISFARÇAR-SE P'RA SE SER SALTEADOR, BASTA APARECER COMO NUNES! BASTA NÃO TER ESCRÚPULOS NEM MORAES, NEM ARTÍSTICOS, NEM HUMANOS! BASTA ANDAR CO'AS MODAS, CO'AS POLÍTICAS E CO'AS OPINIÕES! BASTA USAR O TAL SORRISINHO, BASTA SER MUITO DELICADO E USAR CÔCO E OLHOS MEIGOS! BASTA SER JUDAS! BASTA SER NUNES!
MORRA O NUNES, MORRA! PIM!
O NUNES NASCEU PARA PROVAR QUE, NEM TODOS OS QUE INSPECCIONAM SABEM INSPECCIONAR!
O NUNES É UM AUTOMATO QUE DEITA PR'A FÓRA O QUE A GENTE JÁ SABE QUE VAE SAHIR... MAS É PRECISO DEITAR DINHEIRO!
O NUNES É UM SONETO D'ELLE-PRÓPRIO!
O NUNES EM GÉNIO NUNCA CHEGA A PÓLVORA SECCA E EM TALENTO É PIM-PAM-PUM!
O NUNES NÚ É HORROROSO!
O NUNES CHEIRA MAL DA BOCA!
MORRA O NUNES, MORRA! PIM!
O NUNES É O ESCARNEO DA CONSCIÊNCIA!
SE O NUNES É PORTUGUEZ EU QUERO SER HESPANHOL!
O NUNES É A VERGONHA PORTUGUEZA! O NUNES É A META DA DECADÊNCIA MENTAL!
E AINDA HÁ QUEM NÃO CÓRE QUANDO DIZ ADMIRAR O NUNES!
E AINDA HÁ QUEM LHE ESTENDA A MÃO!
E QUEM LHE LAVE A ROUPA!
E QUEM TENHA DÓ DO NUNES!
E AINDA HÁ QUEM DUVIDE DE QUE O NUNES NÃO VALE NADA, E QUE NÃO SABE NADA, E QUE NEM É INTELLIGENTE NEM DECENTE, NEM ZERO!
E FIQUE SABENDO O NUNES QUE SE UM DIA HOUVER JUSTIÇA EM PORTUGAL TODO O MUNDO SABERÁ QUE O AUTOR DOS LUZÍADAS É O NUNES QUE N'UM RASGO MEMORÁVEL DE MODÉSTIA SÓ CONSENTIU A GLÓRIA DO SEU PSEUDÓNIMO CAMÕES.
E FIQUE SABENDO O NUNES QUE SE TODOS FÔSSEM COMO EU, HAVERIA TAES MUNIÇÕES DE MANGUITOS QUE LEVARIAM DOIS SÉCULOS A GASTAR.
MORRA O NUNES, MORRA! PIM!
PORTUGAL QUE COM TODOS ESTES SENHORES, CONSEGUIU A CLASSIFICAÇÃO DO PAIZ MAIS ATRAZADO DA EUROPA E DE TODO OMUNDO! O PAIZ MAIS SELVAGEM DE TODAS AS ÁFRICAS! O EXILIO DOS DEGRADADOS E DOS INDIFERENTES! A AFRICA RECLUSA DOS EUROPEUS! O ENTULHO DAS DESVANTAGENS E DOS SOBEJOS! PORTUGAL INTEIRO HA-DE ABRIR OS OLHOS UM DIA - SE É QUE A SUA CEGUEIRA NÃO É INCURÁVEL E ENTÃO GRITARÁ COMMIGO, A MEU LADO, A NECESSIDADE QUE PORTUGAL TEM DE SER QUALQUER COISA DE ASSEIADO!
MORRA O NUNES, MORRA! PIM!

Na realidade não há nada de novo


Atenienses, honro-vos e amo-vos, mas obedecerei mais facilmente aos deuses que a vós; enquanto respirar e tiver forças, não deixarei de me aplicar no campo da filosofia, de vos dar conselhos e manter a minha linguagem normal: Oh meu amigo! Como é que sendo ateniense, da maior e mais reconhecida cidade quer pelas sua luzes quer pelo seu poder não coras de vergonha por apenas pensares em juntar riquezas, obter créditos e honrarias, sem te ocupares da Verdade, da Sabedoria, da tua alma e do seu aperfeiçoamento?

Platão “Apologia de Sócrates”

terça-feira, janeiro 08, 2008

Nova Antologia Poética Portuguesa (enquanto eles nos deixam)...




Dedicada a S. Macário, o Lambedor Oficial de Cinzeiros deste Reino reinadio ...

O BOS deu o sinal de partida inserindo umas versalhadas sobre os novos talibans.

Outros se lhe seguiram.

Já dá para começar uma antologia.

E então vamos a isto:



Podia escolher a sida,
um acidente de carro
ou um gesto suicida
— mas escolhi o cigarro.

Felizes os seres humanos
que buscam ares respiráveis
— vivem para aí uns mil anos
e depois morrem saudáveis.

Na minha campa, sem prantos,
afixem esta inscrição:
«Aqui jaz o Bruno Santos:
dois cancros, um por pulmão.

Do bercinho ao ataúde,
só fumou e só tossiu.
Raios partam a saúde
mais a puta que a pariu».

Bruno O Santos

Já Tomás de Oliveira Marques foi mais prolixo:

E na sua série SG escolhi os seguintes:



Lambi ontem um cinzeiro inteiro
E hoje uma mulher que fuma
A vida com carácter e espírito
(Ninguém neste mundo é perfeito);
Ainda por cima, por debaixo
Era já beata, boa como o milho.

Sinceramente, face a Auschwitz,
O cinzeiro até nem soube mal.
Quanto à fumadora, fui logo a correr
À tabacaria, porque aceso ficou
O desejo do seu sabor a arder
Em mim, o costume em espirais de fumo.

Moral da história:
Na arte de bem oscular
Tanto o divino como a escória
Dever-se-á com critério atentar
Na mucosa que oscula por si
Em relação aos outros, modelar;
NUNCA, nunca ao que paira no ar.

P.S. A propósito do adágio bíblico
Lamber um cinzeiro
é o mesmo que beijar
uma mulher que fuma.

E se for homem, o fumador?
Vá, diga lá, S. Macário
Seu misógeno ou então .........
De qualquer modo, um lusitano
De cepa e verdadeiro.




Fumar faz mal à saúde
E todos temos com o diabo lutar
Por uma velhice longa, afastada
Da mínima atenção e carinho
A que estamos mal habituados.

Por isso, deixe lá esse cigarro,
Que se lixe, já que estamos lixados.
O Estado saberá de outros impostos,
De tratar como deve nossa saúde,
Suavemente, na arte de magoar.

Uma coisa é certa: viveremos
Mais tempo e com menos espaço
Para neste mundo termos lugar
Ao que nos é querido e solitário.
Quanto à Segurança Social, “no deficit”:
A reforma virá um mês antes de zarpar.




Nos campos da Holanda
Lobriguei a beatitude
Especada p’ró céu a olhar
O vazio cheio de saúde
A pôr o Diabo a fugir
Das mandíbulas a pingar
Lenta, a baba do porvir
Da esquerda para a direita
Da direita para a esquerda
Na tenra eternidade a marcar
As milhentas vacas no sorrir
Não sei de quê? talvez de maleita
Vencida sem sensação de perda
Na nobre função de engordar.

Uma coisa nas vacas reparei:
Nem uma só estava a fumar.


P.S: Em tributo a “Passos em volta”, de Herberto Hélder.

O "Kaos" ajuda-nos a sobreviver ...



Se não fosse o "Kaos in the garden" não sei como sobreviveria.

Como o 2008 ainda vai ser bem pior do que o 2007 aqui vai um "photoshop" dos do Kaos. Eu fano-os, surripio-os com uma lata enorme, mas é para bem de todos os fígados dos meus leitores. Caso contrário daqui a uns tempos está tudo com uma hepato megália... dos diabos. E lá se vai toda a poupança deles com a talibanizada lei do tabaquito. E a propósito quando é que as mulheres passam a ser obrigadas a andar de burka? O que se poupa em cancros de pele ...

Celine é que a sabia...


Estou a ler as cartas de Céline recentemente editadas em França. Tem coisas extraordinárias, nomeadamente o ataque aos 500 milhões de arianos... Depois eu falo disso. Pobre Céline, condenado e todos os arianos a rejubilarem...

Mas tudo isto vem a propósito do que eu li aqui.

Astrid Thors, a ministra filandesa da imigração deu instruções aos seus serviços para mudarem o seu vocabulário. Assim devem deixar de dizer "imigrante", "refugiado" ou mesmo "à espera de pedido de asilo".

Todas essas palavras serão substituídas pela palavra Cliente... E como vocências bem sabem o cliente tem sempre razão ...

Esperem um pouco que cá em Portugal vamos passar em breve a ter muitos clientes, agora que somos o WC da Europa (ou como o publicitário do governo diz) Europe's WC.

Lembro Orwell, o que em Portugal é bem perigoso, como sabem. Dá prisão: A "novlingua" foi a língua oficial inventada por Orwell, no 1984. Esta língua foi criada para tornar impossível a expressão de ideias subversivas e evitar toda a formulação de críticas.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

1968 - Polémicas literárias ... e não só

A morte de Luiz Pacheco fez-me recordar muitas histórias dos anos 60. Neste caso do ano de 1968. Mete o Rodrigo Emílio, o Cesariny, o Luíz Pacheco, Fernando Ribeiro de Melo e outros.

Vale a pena lembra os factos.

Em 68 o editor Ribeiro de Melo depois de ter editado Sade e mais umas coisitas do género, que lhe deram fartos proveitos e algumas chatices com a moralidade vigente neste nosso país dos fins do salazarismo, resolve editar uma antologia dos contos fantásticos portugueses, em que, a par de algumas pessoas recomendáveis, se incluiam bastantes desclassificados das nossas letras.

Rodrigo Emílio, no Diário da Manhã de 6-5-1968, resolve - na sua crítica literária - pôr os pontos nos iis sobre este livrinho.

Reproduzo o texto, escrito, não nos esqueçamos, com 24 anos, (e observem como a maturidade do Rodrigo Emílio ainda não tinha atingido o seu esplendor!): Mas o seu espírito de polemista sem medo já lá estava...

"Lá que a ideia era boa, isso era. Excelente mesmo. Autêntico achado. Simplesmente a organização de uma «antologia», seja do que seja, quanto mais, ainda por cima, «do conto fantástico português», não é coisa para lembrar a qualquer e muito menos a editor-antologista que tem feito do escândalo o objectivo-mor e da perversão o fim em vista, por excelência, dos seus mal intencionados, dissolutos, objectos, deploráveis lançamentos, e outrossim instituído, como processos de acção cultural pretensamente vulgarizadora, uma ligeireza selectiva e uma incúria metodológica, abaixo de tudo.
Desta feita, ocorreu ao responsável pela casa – e fundador da colecção - «Afrodite», como é sabido, useiro e vezeiro em emissões atentatórias da moral pública, e fautor, por sistema, de trabalhos de recolha, de natureza mais que suspeita e de intuitos assaz duvidosos, a inspirada e fulgurante ideia de empreender o estabelecimento de um conspecto, consagrado inteiramente ao filão do «fantástico» encontrável no curso histórico da nossa prosa de ficção.
Tal iniciativa, se bem a ideou, muito mal, contudo, a veio a pôr em prática – como de resto era de esperar de pessoa literariamente tão mal formada e informada na matéria.
Assim, depois de meia dúzia de palavras incaracterísticas, alinhadas a despaupério em jeito de intróito, um longo séquito de nomes e de textos sobrevem – ao cabo e ao resto, muita parra e pouca uva no que se refere, claro, a «fantástico». Porque «fantástico» a valer, digno mesmo de antologiar, só em dezasseis das trinta e cinco peças coligidas afinal se vislumbra.
Acresce, como agravante, que mesmo em número tão digito de narrativas aceitavelmente «fantásticas», apesar de tudo algumas há, ainda assim, que representam deficiente ou, pelo menos insuficientemente os respectivos autores. Casos, por exemplo, de Camilo e Fialho, de Raúl Brandão e José Régio, em cujas obras muitos mais trechos havia – bastantes mais e bem melhores – por onde respigar motivação ou clima fantásticos. Isto para já não aludirmos sequer a casos pura e simplesmente omissos – alguns de palmatória como a ausência a que foi votado António Patrício, um dos mais fantásticos cultores do «fantástico» que já tivemos.
Os acertos de critério realmente não abundam. Tirando «A Dama de Pé de Cabra», de Herculano, «Uma Récita do Roberto do Diabo», de Júlio César Machado, «A Reencarnação Deliciosa», de Aquilino, «A Estranha Morte do Prof. Antena», de Sá Carneiro, «O Cágado», de Almada, «Regresso à Cúpula da Pena», de Rodrigues Miguéis, «O Gavião», de Tomás de Figueiredo, «Casa Mortuária», de Domingos Monteiro, «O Anjo», de Branquinho da Fonseca, «A Ritinha», de José de Lemos e, talvez «Pesadelo», de António Quadros, toda a restante inclusão averbada – que representa, aliás, a maioria esmagadora de páginas do compendioso volume – constitui clamorosa abertura de fronteiras à mediocridade.
Fernando Ribeiro de Mello, desde o momento em que não declarou reservado o direito de admissão literária, e antes se prestou a fazer «jeitinhos», a misturar alhos com bugalhos, dando aceitação a toda a sorte de menoridades, designadamente exercícios de redacção automática de terceira apanha, e consequentemente, figurantes de ultragésima extracção, malbaratou o ineditismo e traiu a validade da ideia que presidiu à copiosa recolecção.
Em última análise, a «Antologia do Conto Fantástico Português» revela-se pois uma falsificação chapada, onde a inflacção impera e a concessão campeia".

Ribeiro de Melo nem reagiu. E só se chateou quando o Cesariny aproveita o texto de Rodrigo Emílio para se lançar a ele. Aí foi o bom e o bonito. Zangam-se as comadres e descobrem-se as verdades.

Ribeiro de Melo lança um ataque frontal a Cesariny, num opúsculo intitulado "as avelãs de Cesariny", em que o ataca descabeladamente invocando a falta de "tomates" - as tais avelãs do surrealista, insistindo no seu lado comercial e homosexual, que à data era assunto muito mal visto.

"De Mário Cesariny de Vasconcelos, grande poeta surrealista-funcionário-Censor(1) do Jornal de Letras e Artes, ex-delegado-delegou-se do Breton para o Café Gelo, antologiador-surrealista-à-portuguesa, detentor de múltiplos pseudónimos-iniciais secretos e assanhados contra não simpatizantes, pintador-surrealista, pensador-pictural-Vieira da Silva, bolseiro em Paris, veraneante do Solar de Pascoais em Amarante, do de Ricarte-Dácio em Londres, dos direitos de autor dos antologiados quando como e onde lhe apraz, veio à luz um papelucho canto de cisne só e abandonado(2) pacientemente bordado de rameirices ronha raiva e ranho e muito menopáusico no qual se esquiva de Luiz Pacheco, morde os signatários de um já esquecido texto em defesa de Sade, diz que tem coragem e, num generoso gesto de modéstia (?), em lugar de «tomates» «umas avelãnzitas»(3). Mais diz que não quer ser Papa, nem sequer Pároco, que é igual em tudo ao A. de Campos (!), que os colegas surrealistas que o abandonaram são «meninos-pequeninos», que os textos não da sua lavra são uma merda, que qualquer professor conclui que os autores merda são, que no Jornal de Noticias, dito jornal de gralhas, não há direito de lhe porem o retrato em baixo (sem dignidade nenhuma) e dos outros em cima, que todos lhe têm tanto respeitinho que mesmo insultado-os eles ficam quietinhos(4), que aqueles que o lançaram literáriamente e a quem dedica madrigais sempre foram com seu documentado conhecimento uns denunciantes, que constata a miséria física e moral em que os outros se extinguem, que João Gaspar Simões lhe dá sempre razão, que está com ele, que Eduardo Prado Coelho também, que tudo se prova com um Sr. Luís Pignatelli, e que por tudo isto: é «nobre», é «cidadão», é «tribunal de consciência», é «luz da razão», é «a razão humana», tá fora da «restolhada».
Mas nada disso nos diz respeito, embora nos divirta. Já o mesmo não acontece com certa passagem do texto(5) da qual daremos um rápido esclarecimento aos leitores incautos do inquisitorial papelucho do poeta.
Assim, saibam quantos o leram que:
1.º - O nosso descatedrado delegado do Breton, Mário Cesariny, sabendo que eu contratara Herberto Helder para traduzir «La Philosophie dans le Boudoir» de Sade, corajosamente me propôs traduzir também a Correspondência do Marquês que ele mesmo prefaciaria para eu editar. Aceitei.
Mas logo entrou às arreCUas, acabando por desvinCUlar-se desse compromisso quando verificou estarem as autoridades judiciais a proceder ao levantamento de um processo-crime à Antologia de Poesia Erótica e Satírica Portuguesa, por mim igualmente editada(6).
2.º - O tão exigente e intransigente poeta, não obstante ter já vindo a público e conhecer a «edição idiota de «La Philosophie dans Le Bodoir», filha maneta de um comerciante excitado» – Oh! comercial lapso! Oh! comercial necessidade – tomou a simpática iniciativa de prometer ao responsável pela «autêntica associação de malfeitores»(7) dar-lhe proximamente para editar a sua preciosa versão das «Iluminações» de Rimbaud (?!)(8), filha dos seus maiores desvelos de tradutor e ao longo de muitos anos heroicamente defendida das mãos impuras dos comerciantes editores.
3.º - Que eu seja comerciante, para ninguém será motivo de espanto já que sou editor.
a) Que eu tenha sido comerciante com a edição do Sade, quando é do público conhecimento ter sido mais de metade da tiragem apreendida pela polícia, sendo obrigado a pagar pesada multa para remir a pena a que o Tribunal Plenário da Boa-Hora me condenou, é coisa só talvez possível ao inocente cérebro de M. C. que (ao que parece) dispõe de secretos e exclusivos processos CUmerciais.
b) Que M. C. me pretenda censurar, talvez ofender, a mim editor, por ser comerciante, ele escritor, é coisa que não esperava. A única censura que até à data me dirigiu foi numa Recensão Crítica(9) em que manifestava o seu desagrado pela qualidade literária de uma Antologia por mim publicada, no que está no seu pleno direito, longe de mim contestá-lo, até por significativo, como também não contestei o desagrado pela mesma obra manifestado pelo Sr. Rodrigo Emílio no «Diário da Manhã»(10), com quem o nosso «destomatado» Cesariny amigavelmente emparceira. Mas em qualquer dos presbitérios os desagrados (desagravos?...) nada clamavam de ordem comercial...
C) Inclusivamente, o juízo crítico emitido por este empreiteiro da moral literária e intelectual no início das citadas recensões era, ao contrário daquela com que logo me metralhava, muito precauto e desvelado. Nele bradava o seu agrado, mesmo apologia da sexagenária arte poética do autor de um “Manual do Libertino”, de nome António Pinheiro Guimarães, ao que se diz generoso mecenas dos quadros chulorealistas que o inCUrrupto Cesariny vai vender ao Porto.
Ora, tranquilamente, tudo me leva a crer que essa do «comerciante excitado», a não ser lapso, é o próprio espelho do tão íntegro M. C. de Vasconcelos.
4.º - De «um prefaciador em apuros» e de «um ilustrador a milhas de distância» é discutível e acima de tudo insólito, particularmente se considerarmos os actuais apuros de dignidade solitária das «avelãzitas» de Vasconcelos e a distância entre o que lhe convém a ele CUrial juiz e o que importava do Sade.
5.º - De «um tradutor merdoso que despacha para o preto que eu não sei quem é» é brincadeira, pela certa. Para além do muito que se poderia alegar, o tradutor foi a tribunal sem pedir os «tomates» emprestados ao Mário Cesariny das “avelãzitas”, coisa que se a este inquisidor já seucudeu, não foi certamente por causa e com «aqueles»... Por outro lado é brincadeira, para Cesariny, essa coisa de «pretos», dada a escravatura(11) deles que muitos sabem tem utilizado. E nós até sabemos quem são, ou foram. Aí vai um para lhe refrescar a imaCUlada memória: José Manuel Simões, na tradução de «O Vento», de Claude Simon.
E é tudo no que pessoalmente me importava desbaratizar o papelucho deste inesperado e só agora desoculto justiceiro.
Quanto ao «Tribunal de consciência onde editores, tradutores e prefaciadores deste género terão um dia de comparecer» este nosso insólito guardião dos bons costumes (que não quer ser Papa – diz que no Vaticano já houve um – nem sequer Pároco) de recente cátedra no Jornal de Letras e Artes (onde nos ensina Ortografia por causa do Jornais do Porto) pondo o dedinho moralizador em riste, mais parece um padreca, coisa desde há alguns séculos nem no Vaticano possível dada a necessária «verificação» dos «tomates». Padreca. Isso mesmo! Em concordância até quando, por qualquer esquisitíssimo transvio psicológico, em lugar de Luís diz «Luisona» e ao pretender barafustões é traído e sai-lhe «barafustonas».
Muito bem, Sua padreca!"
Lisboa, Julho de 1968 - Fernando Ribeiro de Mello

Não contente com isso encomenda a um amigalhaço um ataque a Cesariny por causa de Luís Pacheco, conhecido no Café Gelo pela Luisona...


Funções de Cesariny

Mário Cesariny de Vasconcelos, secretário do «Jornal de Letras e Artes», no exercício das suas funções de empregado escritor deste jornal resolveu suprimir arbitrariamente a crítica referente a «Textos Locais» de Luiz Pacheco, conquistando assim um posto policiário que o integra no senso comum e o reabilita definitivamente na ordem cultural daqui.

ou por outras palavras:

Sabia que foi poeta dos bons
Sabia que foi surrealista
Sabia que é também pintor
Sabia que se António Maria Lisboa
estivesse cá ele não era assim
Sabia que é estratega das letras e artes
Sabia que foi do Marquês da Sade
Sabia que mete a tesoura no Breton e até no Arthur Miller
Sabia da sua inclinação patriótica pela Vieira da Silva
Sabia que a Fundação Gulbenkian o queria
Sabia que está cadáver exquisito
Sabia que ganha a vida com surrealismo de cá
e lá por grosso e a retalho

Sabia mas achei sempre graça
Porque não sabia que ERA CENSOR

Agora que sei e por haver muitos
Comunico a sua recente profissão

Virgílio Martinho

Bem esta guerra ainda deu muito que falar. Rodrigo lá lhes deu mais umas para tabaco, Cesariny e Pacheco aliaram-se a RE para atacar o Ribeiro de Melo, mas o indivíduo lá foi ganhando a sua vidinha.

E era isto o ambiente cultural da esquerda lisboeta nos anos 60. Se não houvesse alguns vultos que nos alegrassem a vida (Tomás de Figueiredo. H Helder, Torga, Couto Viana, Navarro, e porque não já Rodrigo Emílio ...) era tudo uma pasmaceira descabelada que só visto.

Sociologia política ... e da melhor ... por mim roubada na net





Ainda como homenagem ao postal de hoje do Último Reduto