domingo, junho 17, 2007

Recado ao nosso Zé (o que faz verdadeiramente falta)

Não foi inocente o postal anterior.

Foi um pretexto para eu dirigir-me ao nosso Zé (o que faz verdadeiramente falta). Não o conheço. Conheci alguns membros da sua Família. Sei que é de uma Família de Tradições, Honra e Princípios. Tudo isto deve ter estado na sua educação. Quero acreditar que sim. Nunca aderi ao PNR por razões que já expliquei. Mas como este ano (apesar de tudo) vou votar em si, tomei esta liberdade de lhe escrever.

Se me permite a ousadia vou-lhe enviar estes pequenos recados de um sexagenário que ama acima de tudo Lisboa. E por amá-la custa-me verdadeiramente ver os tratos de polé a que tem sido submetida ao longo destes quase quarenta anos (sim porque o mal já vem do marcelismo...).

Hoje vou-lhe falar de alguns conceitos que para mim são primordiais.

Lisboa é terra, mas também é gente. É Cultura, é Tradição, é Progresso, é Turismo, é acima de tudo Qualidade de Vida. E essa qualidade não se prende só com o "vil metal" que se tem (ou não) no bolso. Qualidade de vida é acima de tudo um estado de espírito que nos leva a sentirmo-nos felizes onde vivemos. É visual e é visceral.

Falemos hoje um pouco da alma lisboeta, o verdadeiro betão que faz falta para cimentar a vivência de todos nós que Vimemos! e não apenas "assistimos ao passar da vida".

Ideias concretas. São necessárias! Deixe para os outros onze candidatos o debate sobre as "contas", as "trapalhices", o "compadrio", o "espírito betonista"...

Apresente ideias ousadas. Fale concretamente. Apresente programa específico para "re-moldar" o espírito dos lisboetas. Para repovoar Lisboa, para a refrescar. Para que valha verdadeiramente a pena viver na Cidade.

Hoje vou-lhe sugerir algumas ideias sobre a Cultura e o Turismo.

Uma das óptimas coisas que Lisboa tem (apesar de se não notar, porque a edilidade não lhe liga nenhuma) é uma óptima rede de instituições de carolice que sobrevivem sem (quase) nenhum apoio estatal ou camarário. Falo-lhe das Instituições de Cultura e Lazer que se espraiam por toda a cidade. Colocá-las ao serviço dos lisboetas é fácil e garanto-lhe barato (se quizer poderei apresentar-lhe estimativas de custos para as acções que lhe apresento. No entanto garanto-lhe terem um custo inferior a 0,05% do orçamento geral da CML - e excluindo os gastos com pessoal).

Vejamos. Lisboa tem dos melhores locais da Europa para todo o tipo de actividades culturais. Repare no Castelo de São Jorge (de meter inveja a todas as Termas de Caracala da Europa). Imagine, por exemplo. A Coudolaria e Alta Escola equestre (aliadas à Fanfarra equestre da GNR), a dança barroca (temos em Lisboa, por exemplo, a Academia de Dança Antiga, especialista na época e com um dos melhores guarda roupas da Europa), uma Orquestra (a Capela Real, de Stefen Bull). Os cavaleiros tauromáticos portugueses... E tanto, tanto mais ...

Imagine um Festival do Barroco em Lisboa. Imagine as escolas de música de Lisboa, com os seus jovens alunos espalhados por toda a cidade com solistas, grupos de câmara, orquestras, durante um dia espalhando os sons da época por toda a Lisboa.

Imagine um festival gastronómico acoplado e tantas e tantas coisas relacionadas.

Imagine uma colaboração com São Carlos, INATEL (e não só). Óperas (das mais acessíveis e populares) no Castelo. Jovens cantores e intérpretes portugueses apoiados numa ou outra "diva ou divo" internacionais.

Porque não a semana do Fado. O fado aristocrático, o fado "toureiro", o fado vadio, o fado popularucho. Abra Palácios quer camarários, quer do estado, quer mesmo particulares. Ponha o fado aristocrático a ser cantado para que todos o possam escutar no lugar onde ele era antigamente cantado. Abra adegas e tascas. Coloque o fado nesse lugar que foi da Severa e de todas as Severas desta Lisboa. Abra o Museu do Fado dê-lhe vida. Abra o Campo Pequeno ao Fado Toureiro. Abra as colectivades de cultura e recreio de Lisboa. Que por todo o lado (no metro, nos eléctricos...), se ouça o fado.

Faça concursos de fotografia sobre estas realizações. Recrie a rivalidade entre bairros (como nas marchas) Embeleze Lisboa com os concursos de montras e de ruas floridas.

Recrie a crítica social, cultural e política com revistas nas colectividades de recreio de cada bairro.

Coloque as bandas de música nos bairros de Lisboa. Faça "Verbenas" (para acabar com o monopólio dos "concertos patrocinados pela cervela x ou y"). Podem ambos co-existir.

Aproveite as "casas regionais". Invista numa semana das casas. A gastronomia, a etnografia, as canções e danças. Mostre-as. Temos aqui o melhor de Portugal.

Se conseguir patrocínios tente reabrir o Museu de Etnografia que a Ministra da Cultura destruiu. (esta é a situação mais cara de todas...)Mas um museu activo. Um museu que demonstre como era a vida dos portugueses ao longo destes séculos. Não uma coleção amontoada como anteriormente estava.

Insista nas marchas populares. Não deixe morrer as marchas infantis. Aproveite as Escolas do EB que são da responsabilidade da CML. Use-as (no sentido de lhes dar vida e integrar as crianças na vida, na tradição e na cultura da cidade.

Somos um país de poetas. Porque não evidenciá-lo. Juntar vontades de editores, Casa Fernando Pessoa, poetas, actores. Redescobrir os mortos. Conhecer os vivos. Não tenhamos medo das palavras. Ressuscitar os "Jogos Florais". Aproveite os maravilhosos espaços da Sociedade de Geografia, da Academia das Ciências, do Palácio da Independência. Faça conhecer Lisboa aos lisboetas!

Imponha Lisboa como capital europeia do amor. Aproveite o nosso Santo António casamenteiro. Não deixe que uma ideia generosa - os casamentos de Santo António - se deixe transformar numa pífia e horrivel manifestação (que hoje é!). Aproveite uma Europa mais católica que Portugal.

Pegue na Moda Lisboa e que a mesma deixe de ser a feira de vaidades e de "gays e jet seis e meio" em que está transformada. Faça-a produzir e ser rentável economicamente.

Coloque os serviços de jardinagem da Câmara a colaborarem com a feitura e recuperação de jardins e espaços ajardinados dos bairros de Lisboa. Pense nos quintais e hortas interiores de Lisboa (essenciais para a drenagem das águas da chuva). Colabore para que os mesmos sejam arranjados e deixem de ser o matagal que se vê nas fotos aéreas de Lisboa).

Ou seja, por outras palavras. Dê vida a Lisboa! Recrie-a! Dê-lhe Alma! Não a deixe "moribumdar-se".

É necessário de novo que se ouçam os "pregões" em Lisboa.

E um deles deveria ser "Olha o Zé que faz mesmo falta"!

E já agora, e só por acaso, muitas destas realizações podem trazer receitas a Lisboa. O turismo cultural e religioso tem quase o mesmo peso que o turismo de lazer que vai tirar umas fotos aos Jerónimas e à Torre de Belém!

NB: vou voltar a estes pequenos recados sobre outros assuntos. Se calhar não vale a pena, mas que ninguém nos acuse de não termos ideias para Lisboa.

Obrigado, Caro Senhor pelo seu precioso tempo. E boa sorte!

2 comentários:

Anónimo disse...

Se quiser que as recomendações cheguem à candidatura do PNR vá ao blog http://pnrlisboa.blogspot.com/, lá encontrará um endereço de correio electrónico para onde as poderá mandar. Isto se não as mandou já.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

vou votar no Zé do PNR!