Meu Deus! Só quando renunciar ao mundo
Abarcarei o mundo.
Sei isto e outras coisas mais
Que me dizem dos sítios onde vais.
Sei isto e os compêndios de escolar
Que dizem o caminho para Te achar.
Sei isto, e a intelegência mostra que é.
Só não sei o gosto ao amor. Só não sei a força à fé.
Meu Deus Senhor! Renunciar ao mundo…
Nada querer para Te querer a Ti.
Nesta empresa me gasto e me confundo,
Mas moras muito alto ou muito fundo
Que sinto o mundo e nunca Te senti.
Ó dono dos exércitos – vencido!,
Inerte, quando a terra me conquista!
Só me falas nas coisas escondido…
E eu nas coisas me perco, ó som perdido,
Ó eco enganador, ó falsa pista!
Meu Senhor que encontrei na inteligência
E explicando o insucesso dos meus passos,
Que conheci, de nome, nos regaços
De Mãe, Tias e Avó, com negligência!,
Senhor intemporal que não tens pressa,
Que envenenas os sítios onde beijo,
Que me afogas de dor no que desejo,
- Meu Deus Senhor, por onde se começa?
[Revista Tempo Presente, nº 26]
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