sábado, março 28, 2009

De luto carregado

[À MEMÓRIA de Rodrigo Emílio, meu especial Amigo.]

Vazio de uma quase morte
à nascença de figuras
e à crença do outro lado
dos relatos vivos,
situações desíncronas
ralenti cinematográfico,
geração do caos adormecido
nas ondas emancipada, enrolada
moto-contínuo de lá para cá,
morse telegráfico constante,
única ligação do retrato
ao desencanto do cosmos, marte
aquietado no sonho dos heróis
que perderam a guerra;
soldados de olhos fechados
pegam armas abandonadas
nas portas da própria vida.
Volta o cata-vento a noroeste
e o retorno da tempestade,
olhar triste na razão hebraica
vira-se eloquente ao infinito
numa canção d'amigo, agreste:
-amen dico vobis qui unus
vestrum me traditurus est.

MANUEL VARELA (JANEIRO 2005)

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