... conhecem o mistério que torna a minha voz inesquecível”.
Assim falava Ruy Cinatti. Poeta, etnólogo, antropólogo, e acima de tudo o Homem que amava o Timor Português. A Cinemateca está repleta de testemunhos por ele filmados e fotografados ao longo de anos e anos de dedicação à sua terra de adopção.
Dia 13 deste mês completaram-se 21 anos do seu passamento. Cumpriu-se o seu vaticínio “hei-de morrer como um rato na sarjeta”. Esquecido dos amigos, antagonizado com os intelectuais que tanto o adularam - para o “obrigar” a ir para o campo “anti-salazarista” (nunca conseguiram) – e a quem nunca perdoou o seu alinhamento ideológico com a “exemplar” descolonização.
Cinatti arrastou os seus últimos anos – e o seu cancro - só (não tinha família) e abandonado por todos, visto as suas ideias politicas serem cada vez mais “politicamente incorrectas” e por o declararem “louco” (logo ele que assumia que “tenho uma doença chamada Timor”). Tive o privilégio de poder ter lido uma sua carta a Rodrigo Emílio. Era pungente. Era o reconhecimento de que tudo o que ele tinha sentido e passado ao longo de toda uma vida tinha sido despedaçado em nome dos interesses das grandes potências, a que os “abrilistas se tinham submetido”.
Quem não se recorda do seu périplo por toda a Lisboa tentando impedir o impossível (o abandono de Timor). È dessa data o seu livro de poemas “Timor – Amor” (em edição de autor, visto ninguém o ter querido publicar). O autor da maior colectânea da Poesia tradicional timorense “Um cancioneiro para Timor” nunca se rendeu e lutou até ao fim. Quando ninguém assumia a defesa de Timor (uns por vergonha, outros por motivos ideológicos, outros ainda porque não valia a pena) lá estava ele. As vezes que o vi no Jamor e, no comício de Múrias no Pavilhão dos Desportos e em que os espoliados do Jamor – Timor, se exibiram (para a todos lembrarem o sacrifício das suas gentes), estarão sempre presentes na minha memoria.
Ninguém falou dele nos últimos anos. Nem nos 20 anos da sua morte. E eu, que tanto o admirava também me ia esquecendo (das datas, nunca da sua vida e obra). Ainda vou a tempo, é o que me vale.
21 anos depois da sua morte, em “que se viu livre da sua tarecada” (o seu corpo e os seus bens) e regressado que foi à terra, quero apenas saudar e relembrar este grande português que nos enobreceu pelo amor imenso ao seu Portugal (de Minho a Timor).
Assim falava Ruy Cinatti. Poeta, etnólogo, antropólogo, e acima de tudo o Homem que amava o Timor Português. A Cinemateca está repleta de testemunhos por ele filmados e fotografados ao longo de anos e anos de dedicação à sua terra de adopção.
Dia 13 deste mês completaram-se 21 anos do seu passamento. Cumpriu-se o seu vaticínio “hei-de morrer como um rato na sarjeta”. Esquecido dos amigos, antagonizado com os intelectuais que tanto o adularam - para o “obrigar” a ir para o campo “anti-salazarista” (nunca conseguiram) – e a quem nunca perdoou o seu alinhamento ideológico com a “exemplar” descolonização.
Cinatti arrastou os seus últimos anos – e o seu cancro - só (não tinha família) e abandonado por todos, visto as suas ideias politicas serem cada vez mais “politicamente incorrectas” e por o declararem “louco” (logo ele que assumia que “tenho uma doença chamada Timor”). Tive o privilégio de poder ter lido uma sua carta a Rodrigo Emílio. Era pungente. Era o reconhecimento de que tudo o que ele tinha sentido e passado ao longo de toda uma vida tinha sido despedaçado em nome dos interesses das grandes potências, a que os “abrilistas se tinham submetido”.
Quem não se recorda do seu périplo por toda a Lisboa tentando impedir o impossível (o abandono de Timor). È dessa data o seu livro de poemas “Timor – Amor” (em edição de autor, visto ninguém o ter querido publicar). O autor da maior colectânea da Poesia tradicional timorense “Um cancioneiro para Timor” nunca se rendeu e lutou até ao fim. Quando ninguém assumia a defesa de Timor (uns por vergonha, outros por motivos ideológicos, outros ainda porque não valia a pena) lá estava ele. As vezes que o vi no Jamor e, no comício de Múrias no Pavilhão dos Desportos e em que os espoliados do Jamor – Timor, se exibiram (para a todos lembrarem o sacrifício das suas gentes), estarão sempre presentes na minha memoria.
Ninguém falou dele nos últimos anos. Nem nos 20 anos da sua morte. E eu, que tanto o admirava também me ia esquecendo (das datas, nunca da sua vida e obra). Ainda vou a tempo, é o que me vale.
21 anos depois da sua morte, em “que se viu livre da sua tarecada” (o seu corpo e os seus bens) e regressado que foi à terra, quero apenas saudar e relembrar este grande português que nos enobreceu pelo amor imenso ao seu Portugal (de Minho a Timor).
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