Há poucos dias insurgi-me pelo facto de os jornais terem omitido quase por completo as notícias da morte de João Coito. Por essa mesma data morreu, também, a destacada comunista Julieta Gandra, que para a além da sua militância no PCP foi militante do MPLA, de quem aliás recebia uma pensão.
No mundo nacionalista, e apesar de um certo distanciamento em relação a João Coito, fruto da sua marcelice aguda, ninguém omitiu o seu passamento. Foi mesmo objecto de muitos e variados louvores pelo seu Patriotismo, pelo culto da Língua Portuguesa e outra suas qualidades.
Mas no mundo da nossa esquerda catita (e mais ligada ao PC) a morte de Julieta Gandra passou muito despercebida.
E porquê, perguntarão os meus estimados leitores. Por uma simples razão. Julieta Gandra, para além de uma militância feroz no PC, MPLA e PRP/BR (pelo menos) teve o desplante de assumir uma relação homossexual com outra camarada PC (Fernanda Paiva Tomás) que conheceu na cadeia de Caxias, e enquanto as duas estavam presas. É claro que foram as duas expulsas do PC.
Sim, porque o PCP sempre teve uma relação muito má com a homossexualidade e com “conversões de Fé”. Basta relembrar o ex- secretário geral Júlio Fogaça, afastado porque “gostava muito de marinheiros”, e mesmo o pai de José Miguel Júdice, expulso pela sua conversão ao Catolicismo.
Hoje, contudo, defendem os homossexuais, os comunistas católicos, etc.
Mas será um “aggiornamento” real ou será mesmo cosmética?
Este caso da Gandra leva-nos à conclusão que se calhar é mais para inglês ver. Não nos esqueçamos que Cunhal imprimiu ao PC uma matriz fortemente conservadora. E que a maioria dos seus militantes têm características também elas muito tradicionais.
Aliás este tradicionalismo do eleitorado comunista é um dos temas que hei-de tratar nas minhas “reflexões” (que juro mesmo) quero levar a efeito em próximos postais. Aliás, François Duprat (enquanto Secretário Geral da FN francesa) identificou-o e explorou-o a bem do seu partido.
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