sexta-feira, outubro 12, 2007

Os impolutos

Li hoje no jornal – sem qualquer espanto, esclareça-se - que uns bons de uns “funcionários públicos” se recusam a ir buscar malandrins à estranja em virtude se só receberam 1 dia de ajudas de custo (vinte contitos...) em vez dos dois a que estavam habituados.

Não me custa a acreditar que tal seja verdade. Aliás nunca percebi qual a vantagem – num determinado caso bem famoso na história da malandragem portuguesa – de terem ido prender um desgraçado ao Algarve (para logo de seguida o trazerem para Lisboa) em vez de o deterem à porta da sua casa da capital “deste país”.

Cheirou-me logo (se calhar estou a ser mauzinho) a que assim o pessoal lá teria direito a abichar mais umas massitas para arredondar o seu fim do mês.

É uma cultura perigosa. Em vez de pagarem o que deviam a pessoas – que para todos os efeitos correm perigos, e, alguns deles bem graves – refugiam-se em subterfúgios (mais ou menos legalistas) para os compensarem dos parcos vencimentos auferidos.

É evidente que só por espírito de abnegação se vai para determinadas “profissões” (melhor diria, missões): militar, eclesiástica, policial, educação, etc. Ninguém vai para uma “profissão” destas por mero espírito de arranjar um trabalhinho. São “profissões” complicadas, com riscos, com espírito de entrega total e muitas outras vertentes que deviam condicionar as admissões de qualquer pessoa nessas “carreiras”. Quem para lá se encaminha, sabe ao que vai!

Mas a tentação da sociedade de consumo é grande – é desmesurada. Ou se tem estofo para aguentar-se “remediadamente” na vida, ou então dá disparate.

A imagem que esta gente dá é bem negativa para a sociedade. Há “papel”, há trabalho. Não há dinheiro não há “palhaços”. E logo num sector vital para a sociedade (e uma das principais razões de existência das sociedades organizadas) que é o da segurança.

Sejamos claros: que autoridade moral tem esta gente de andar a correr atrás de uns indivíduos que não jogam na legalidade (ou andam num limbo muito perigoso), para de seguida darem a ideia que também eles não passam de uns “avidadollars”, como diria, anagramaticamente, Salvador Dali.

Ou como diriam os mais “cultos”: à mulher de César ...

Apostilha:
eles são capazes de pensar que “todos nós” somos malandrins em potência. Se calhar, qualquer dia, (e a continuarem assim) nós também passamos a pensar o mesmo “deles”.

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