Pretendi dar uma panorâmica da obra romanesca de Robert Brasillach através da análise feita a seus sete romances, romances que são a trajectória de uma espiral que começa na juventude e que acaba na maturidade dessa mesma juventude. O autor morreu antes dos 35 anos. Daí, os seus romances saberem sempre a um fruto jovem e fresco, quando às vezes não mesmo amargo. Desde a aprendizagem da vida de Lazare Mir, que vê presa ao Roussillon onde nascera a sua vida, por um acaso fortuito, acaso que lhe prova a sua dependência com a sua gente — no Voleur d‘Etincelles — até à vida aprendida em profundidade por Marie-Ange, sozinha num mundo hostil, como folha tenra levada na torrente, uma torrente que não se sabe de onde a trouxe, nem para onde a leva, toda a obra romanesca de Robert Brasillach respira um forte sopro de verdade, de clareza, de juventude. Tudo isto foi procurado na sua vida e por isso, ou daí, a sua autenticidade e o seu estranho e obsidiante poder de penetração no leitor. De resto, a vida do seu tempo está lá toda, pois Robert Brasillach não fugiu nunca aos apelos altissonantes dessa vida que tinha por denominador comum o heróico que ele tinha no sangue, o heróico que lhe fora entregue como dádiva ou testemunho por Virgílio, por Corneille, pelos poetas helénicos, por Chénier. Mas um heróico sempre juvenil, esse mesmo que levou René Lalou a afirmar na Histoire de la Littérature Française Contemporaine: “Le romanesque, on ne s‘étonne pas qu‘un jeune écrivain le cherche d‘abord dans les souvenirs de son enfance”.
Morreu jovem Brasillach... Essa floração juvenil fica diante de todos nós sob qualquer ângulo por que a desejemos observar. Aqui fica o ângulo romanesco num romancista que, lido uma vez, se pega a nós, adere a nós como a própria juventude que nenhum de nós quisera perder, que nenhum de nós desejaria ultrapassar ou deixar ultrapassar pelos anos amargos que fatalmente lhe sucedem.
Amândio César - 1960
Morreu jovem Brasillach... Essa floração juvenil fica diante de todos nós sob qualquer ângulo por que a desejemos observar. Aqui fica o ângulo romanesco num romancista que, lido uma vez, se pega a nós, adere a nós como a própria juventude que nenhum de nós quisera perder, que nenhum de nós desejaria ultrapassar ou deixar ultrapassar pelos anos amargos que fatalmente lhe sucedem.
Amândio César - 1960
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