quinta-feira, outubro 18, 2007

Quem porfia, sempre alcança!

Há uns meses publiquei um poema de Joaquim Paço d’ Arcos sobre o 25 do 4.

Fiquei, contudo, bastante aborrecido por não ter, na altura, encontrado um poema de Vitorino Nemésio sobre a mesma temática, e que é inédito (em livro) e também um dos seus últimos.

Procurei, procurei e sempre debalde. Pois hoje já o descobri. Mal arquivado, é claro.

Mas valeu a pena a procura. Já cá canta e os meus estimados leitores vão tê-lo amanhã (é longo, bem longo...)

Para vos aguçar o apetite digo-vos que se intitula “Ao meu coronel (Elegia-Gazetilha). É datado de 16/17 de Fevereiro de 1976, e com este precioso acrescento à assinatura:

Vitorino Nemésio
“1º cabo de Infantaria R. Atirador de 1ª classe em Kropatchek, mod 1888. Especializado em esgrima de baioneta Mauser Vargueiro e granadas de mão nº 23 (Escola de Instrutores de Infantaria, Tancos, 1919, do comando do Capitão Bento Roma)”

e em NB, acrescentava irónico:

“em tempo se declara que entregou todo o seu armamento limpinho e, despoletadas as granadas, nas mãos dos respectivos quarteleiros. E no bolso da pistola só tem as chaves de casa”.

Com muito prosaísmo e funda amargura sarcástica, lembra certas composições da Sapateia Açoriana, vinda a lume também em 1976.

Este Coronel do Poema segundo Couto Viana deve ser Jaime Neves, que teve papel preponderante no 25 de Novembro e graças a quem (segundo Nemésio) “a pena não lhe saiu cara”.Para mim é a figura de 4/5 Coronéis que colocaram em sentido a capitanagem que por aquela época mandava em Portugal.
Apostilha: Para os menos familiarizados com as coisas militares uma Korpatchek era uma das espingardas usadas nas guerras de África do Século XIX, bem como na I GM. Era uma arma muito grande e pesada, com um calibre bem estúpido e bem difícil de manejar. A Mauser Vergueiro era também uma espingarda alemã, adaptada em Portugal nas oficinas de Braço de Prata. Com baioneta era uma arma bem proporcionada. Também foi usada na Iª GM.

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