quarta-feira, setembro 19, 2007

MOVIMENTO 57 – 50 ANOS




Faz este ano 50 anos que António Quadros lançou, juntamente com um grande grupo de intelectuais portugueses a revista “57” e o seu movimento 57 (de 1957).

Tratou-se de uma pedrada no charco da mediocridade que se desenhava em Portugal com o fim do consulado de Ferro à frente dos destinos culturais da nossa Pátria.

Juntando-se a grandes valores da nossa intelectualidade (nos campos da pintura, da filosofia, da literatura, da arte e da ciência) António Quadros lançou o seu movimento. Com ele estiveram, entre outros Orlando Vitorino, António Telmo, Ernesto Palma., Afonso Botelho, Azinhal Abelho, Rui Carvalho dos Santos, etc.

Claro que um movimento destes em que os seus autores afirmavam “esta é a ditosa Pátria nossa amada e ao seu serviço colocamos aqui o nosso corpo, a nossa alma e o nosso espírito” não passaria incólume aos instalados do regime e aos seus directos opositores.

Ficou célebre a crítica de Francisco de Sousa Tavares (o Tareco) no debate sobre o movimento realizado no Centro Nacional de Cultura. Nesse debate o Tareco assumiu as funções de Torquemada, fazendo-se acusador público do partido dos potentados conformistas Parecia que tinha sido cometido um crime lesa pátria contra os instalados. O jesuíta Pe Dias de Magalhães, que presidiu à sessão condenou veementemente o movimento como coisa de ignaros e perigosos agitadores. Os vossas excelências estavam eufóricos. Tinham condenado às galés esses perigosos agitadores da “extrema direita, com ares de intelectualidade – tareco dixit” João Gaspar Simões, o papa da crítica literária cedo se juntou aos acusadores com um artigo demolidor no Jornal de Notícias. E até o Diário da Manhã (órgão oficial da União Nacional) pela pena do Pe (também jesuíta) Gustavo de Almeida se lhe seguiu (é preciso não esquecer que para os marcelistas, que estavam na sua caminhada rumo à (sua) vitória (de Pirro), qualquer coisa que pudesse cheirar a Ferro era para destruir e rapidamente.

Passado pouco tempo o Movimento e a Revista foram extintos. O imobilismo conservador e a dificuldade de evolução intelectual de certos indivíduos da nossa cultura não lhes permitiu aguentar com mais um Almada em cima. Pessoa (muito) e Almada (ainda mais) já lhes tinham sido muito difíceis de digerir. E não chegaram a “levar” com o Rodrigo Emílio (senão o que seria...).

Essa é que foi a verdade. Na realidade a história repete-se!

Sem comentários: