terça-feira, setembro 11, 2007
Viriato do Niassa
POEMA DE LUTO PESADO – II
(Morreu a combater por um Portugal de Portugal – Além-Mar-em-África, em fins d’Agosto de 1976, por ter caído numa armadilha de fabrico soviético, quando acudia em salvação de um dos seus homens)
Ao Abel Tavares de Almeida, com aquele abraço!...
O teu habitat há-de sempre ser à prova de devassa.
Está nesse mato
Mulato
Em que assentaste praça,
E que já hoje, de raiz, te abraça
— Viriato
Do Niassa!
Ao peso de capa de capim, que te revista,
Ou sob o tórrido tampão de terra que assista
À tua ausência
— É de pé, e bem a prumo, que o teu corpo agora jaz!
E, ao terrorista
Sem rumo,
Ainda hoje impões tenência
E passo atrás!
Até ao fim, fizeste a guerra
Por amor de um país chocho,
E frouxo,
Hoje por hoje entregue À cobardia.
(Ouves-me aí, Daniel,
DANIEL ROXO?...
— Esta pobre terra não te merecia!)
Mas, lá do regaço — ingrato —
Desse mato tropical,
Em que tu, afinal, ficaste intacto
— Já nem a própria morte te rechassa,
Viriato
Do Niassa!
E daí que eu te cante
E que eu te conte,
Comandante,
No horizonte d'este instante
Sem horizontes defronte;
E que daqui em diante
Não me cale —
Em recado encomendado
Para o solo, sacral
E tão sagrado,
Ao colo do qual
Já tu estás soldado.
Irado,
Absorto e reclinado
Sobre a sombra do teu corpo
Ou aos pés da tua alma
Ajoelhado,
Eu sei que estou, afinal,
Perante o desconforto,
Sem igual,
De ver baixar, ao teu coval,
Portugal amortalhado!
Recolha, agora, à sombra lisa d’uma lousa.
E, na asa abrasadora d’uma brisa,
Em paz repousa
Do esforço quinto-imperial,
Que tens levado.
Dá longas tréguas de sono
A esse teu corpo moço
— De colono
E de colosso;
De soldado
Ao solo dado!...
Rodrigo Emílio
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1 comentário:
Meu Caro
Excelente como sempre
Saudações
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