segunda-feira, setembro 10, 2007

Recordações, para que vos quero...

Ou melhor ainda, resposta a um leitor (Panzerfaust).

Pacheco Pereira, ainda bem recentemente, falou na necessidade de surgirem mais memórias dos tempos passados. Falava, é claro, da esquerda e extrema esquerda. Enumerou, na altura, uma série de memórias já publicadas (algumas bem incompletas, como as do Narciso da ARA). Da direita e extrema direita não falou. Para ele estes não são gente.

É certo que há muito pouca vontade de falar (até porque muita gente está viva, outros que mudaram de camisa, etc.). Também a omni presença na historiografia académica portuguesa da esquerda caviar não permite (ou não aconselha) publicações sobre determinados assuntos.

No entanto um jovem Investigador de uma Universidade Italiana veio a Portugal fazer uma tese académica sobre "A Extrema Direita em Portugal - 1945/1974).

Muniu-se, para isso, para além das credenciais da sua Universidade (que lhe deram acesso a muitos arquivos - PIDE, Salazar, Legião, MP, etc) de uma série de contactos que lhe permitiram entrevistas pessoais com algumas (muitas) pessoas que viveram a experiência em estudo.

Foram quase dois anos de investigação. Já li o rascunho final de alguns capítulos referentes a uma época e entidades em que algumas coisas vivi. Parece-me um trabalho de muito fôlego, bem documentado, não faccioso. Tem algumas falhas, fala de alguns factos (que bem explicados teriam melhor entendimento), mas globalmente é livro que se recomenda vivamente (apesar de algumas pessoas que vestiram "jaqueta nueva" nos seus depoimentos não contarem tudo, ou melhor dizendo, contarem à sua moda).

O trabalho (tanto quanto eu sei) está em discussão académica. Será objecto de publicação em Itália e já há uma editora que conseguiu os direitos para ser lançada (posteriormente) a tradução portuguesa. E vão ver que vão gostar muito do livro.

Depois da sua publicação em Portugal terei então oportunidade de fazer alguns acrescentos naqueles factos que vivi e presenciei. Até lá aguardemos a versão final.

E é neste livro que Luís Fernandes já conta algumas coisas. Poucas, é certo.

Mas mais importante que o período pré-abrilino será o período pós-25. Eu sei que é cedo para falar de algumas coisas, mas ficar-se-á a conhecer muitas coisas que são completamente desconhecidas para o grande público e até para os historiadores (com documentos e tudo...). E aí o Luís (e não só - recordo já outro que há muito não aparece publicamente, mas que se mantém fiel aos seus ideais) tem um papel fundamental.

2 comentários:

Anónimo disse...

muito obrigado!

Anónimo disse...

Força! P'rá frente é que é caminho! (como se dizia antigamente quando se queria incutir coragem em alguém). Desmascarem todos esses criminosos e traidores que para aí ainda se pavoneiam, impantes de democratismo hipócrita e flatulento.
Muitos parabéns pelas preciosas memórias que transcreveu, que só hoje li. E que venham muitas mais, pois claro. Todas quantas vierem não serão demais, bem pelo contrário. Os traidores à Pátria que estão por detrás de tantos crimes ardilosamente camuflados até hoje, os ainda vivos, esperam, desejam e rogam ao Diabo, a todas as horas do dia e da noite (ao Diabo, já que em Deus não acreditam), que jamais sejam trazidos à luz do dia os seus podres - alguns destes já o vão sendo, felizmente - tremem como varas verdes só de pensar que tal coisa possa um dia vir a acontecer. É justamente esta última homenagem póstuma que lhes deve ser obrigatòriamente prestada, já que em vida outras, as devidas, não o foram. Os portugueses de bem e patriotas de sempre, devem-no imperiosamente a estes (de quase todos nós) Heróis desconhecidos.
Maria