A nossa cabeça prega-nos partidas imensas. Quando acabei de escrever o postal anterior, e, ainda sem os meus documentos, veio-me à memória todo um poema de João Conde Veiga, Homem e Poeta que nos abandonou fisicamente no mesmo dia do Rodrigo Emílio. Talvez por isso – e acima de tudo por isso – o seu passamento na sua Vila do Conde natal, “passou ao lado” de todas as homenagens a que tinha total e inteiro direito pelo seu labor, pelo seu saber, pelo seu talento, pelo seu militantismo.
Trata-se de um poema de homenagem a Brasillach. Belo, belíssimo e muito sentido. Só peço desculpa se não sair tal e qual, mas é como o recordo:
Seara do Céu
Levanto-me como a espiga
Ao sol de antigamente
Com o dom de agricultura
De ser uma semente.
Levanto-me entre as ervas
Que crescem pelo prado
E trago a dor humana
De não sofrer calado.
Liberto-me, ergo a voz
Da minha condição
Num grito que mais vale
O som da multidão.
A quem lhes rouba o fogo
Os deuses são adversos:
Chénier ficou morto
Suspenso entre dois versos.
Os homens não perdoam
Os verbos no futuro:
Brasillach vive ainda
Caído junto ao muro.
Erguemo-nos, cantamos
A alegria inteira
Da morte vir e termos
No corpo uma bandeira.
Crescendo com as espigas
Ao sol de antigamente
Com o dom de trazermos
No corpo uma semente.
João Conde Veiga
3 comentários:
João Conde Veiga nasceu em Soure.
Quase toda a gente o julgava de Vila do Conde, pela sua forte ligação à terra adoptiva.
Mas era de Soure.
Sempre a aprender. Assim é que eu gosto. Obrigado pela informação. Peço desculpa pelo erro involuntário.
Obrigado
o primo que não sou mas ...quase.
Sou o marido de tua prima e afilhada Isabel e de onde estiveres continua a escrever para que as mentes dos portugueses (as) reconheçam que eras um poeta do POVO e para o POVO enviavas as tuas mensagens. O quase primo José Neto de Oliveira
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